Resumão do evento Seminário de Empresas: networking, diversidade & inovação

Resumão do evento Seminário de Empresas: networking, diversidade & inovação

Você sabia que 61% das pessoas LGBTI+ escondem sua orientação sexual dos chefes e colegas de empresa por medo de represálias? 

Esse é só um dos diversos dados apresentados no Seminário de Empresas: networking, diversidade & inovação. Continua aqui que eu vou fazer um resumão dos principais pontos levantados no evento!

Se você não faz ideia do que estou falando, eu explico! Esse evento aconteceu em Curitiba nos dias 17 e 18 de maio, foi organizado pelo Ebanx e pelo Grupo Dignidade com o objetivo de promover o debate sobre a diversidade dentro das empresas e discutir como elas podem ser mais inclusivas. Aqui você pode conferir a programação completa do evento e todos os palestrantes que participaram — só tem gente fera!

Veja a seguir os principais tópicos que eu anotei, tenho certeza de que vão surgir vários insights para você aplicar na sua empresa.

Alguns números

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• Em pleno 2019, homossexuais ainda não podem doar sangue no Brasil. São desperdiçados 18 milhões de litros de sangue ao ano por preconceito.

• A expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos de idade. O preconceito gera violência e fecha as portas do mercado de trabalho. Há no Brasil milhares de transsexuais com ensino superior que acabam se prostituindo ou aceitando empregos que não exigem qualificação técnica devido à falta de oportunidades.

Diversidade X Inclusão

• Diversidade é ter representatividade, atrair para o pipeline de contratação o máximo de pessoas com características diferentes. Inclusão é fazer todas elas se sentirem bem na sua empresa.

"Diversidade é convidar para o baile. Inclusão é convidar para dançar."

Por que investir em diversidade?

• Ser uma empresa com mais diversidade e inclusão, além de ser a coisa certa a fazer, é muito vantajoso, pois torna a empresa mais competitiva na hora de atrair e contratar candidatos, na retenção de talentos e até mesmo no crescimento do negócio, que passa a contar com opiniões e background das mais diversas pessoas.

• Um estudo citado por um dos palestrantes comprova que, das empresas pesquisadas, as com maior diversidade de funcionários tinham até 12,5% a mais de lucro que a média de mercado.

Por que as empresas precisam de um grupo LGBTI+?

• Muitas famílias não acolhem seus familiares LGBTI+. A empresa pode — e deve — exercer o papel de uma verdadeira família para essas pessoas, acolhendo-as e tratando-as com respeito. Quando o funcionário se sente bem, ele produz muito mais.

Quando começar a investir em diversidade e inclusão?

• Investir em diversidade e inclusão dentro de uma empresa é um processo em construção contínua. Provavelmente, muitos erros serão cometidos no caminho. Precisamos da humildade e do reconhecimento de que vamos errar e saber que tá tudo bem, pois vamos aprender com os erros. O importante é começar logo, sem ficar esperando a hora perfeita.

Como construir uma empresa mais diversa e inclusiva?

• Não adianta só dizer nas redes sociais que apoia a diversidade, só ficar no discurso. É preciso executar ações e colocar o discurso em prática.

• Quais as exigências para contratar? Precisa mesmo de ensino superior? Precisa ter inglês? Já parou para pensar que talvez você esteja filtrando demais o seu funil de candidatos? Quanto de tempo e dinheiro você gasta nessa filtragem? Será que não seria mais assertivo gastar menos com filtros e mais com a qualificação profissional das pessoas?

• Onde você divulga suas vagas e busca seus talentos? Se você só divulgar nos mesmos lugares, irá atrair o mesmo perfil de candidato que já tem. Por exemplo, se você costuma divulgar nas universidades mais renomadas da cidade, que tal conversar com as faculdades menos privilegiadas, seja na região metropolitana ou até mesmo nas que oferecem ensino à distância?

• Quando falamos em diversidade, é importante lembrar também da diversidade econômica, e isso tem tudo a ver com o exemplo acima. Que tal buscar seus talentos nas comunidades carentes e dar a essas pessoas a oportunidade de se profissionalizarem?

• Se você quer debater sobre um determinado assunto dentro da empresa, mas não tem ninguém do time que represente esse grupo, convide um representante legítimo. Exemplo: quer falar sobre transsexualidade? Convide uma pessoa trans para participar do debate.

• Quer fazer uma ação voltada a um público específico e você tem pessoas desse grupo na sua empresa? Chame para conversar. Compartilhe sua ideia, convide a pessoa para fazer junto com você e para se tornar um aliado, pergunte como a empresa pode impactar esse público.

• É fundamental que a alta liderança da empresa dissemine o apoio às ações de diversidade, a diretoria precisa ter essa consciência para compartilhar com os seus times. E não adianta fazer isso sem budget, as empresas precisam dedicar um orçamento exclusivo para ações que promovam a diversidade.

• Convidar a diretoria para participar de eventos sobre a diversidade, como esse Seminário de Empresas, também é uma ótima dica para conseguir despertar o interesse pelo tema.

• Ter alguém na equipe de gerência que seja LGBTI+, negro, com determinada crença religiosa ou de outros grupos diversos é muito vantajoso na hora de disseminar essa ideia para os times.

• As pessoas precisam se sentir responsáveis pelas mudanças na empresa. Com certeza o impacto é maior quando vem de cima para baixo, mas todos precisam vestir a camisa e apoiar a causa.

Bench: o que algumas empresas já estão fazendo!

• Sua empresa já pensou em participar e apoiar a Parada LGBTI+ da sua cidade? A ExxonMobil já fez isso em Curitiba, levando, inclusive, uma bandeira com o logotipo da empresa para o evento.

• E que tal fazer um blind recruitment (recrutamento às cegas)? Um dos palestrantes do evento compartilhou a experiência que aconteceu onde ele trabalhava. Um gestor do time recebeu apenas as qualificações técnicas do candidato, não sabia se era homem ou mulher. Na entrevista, descobriu que era uma mulher e percebeu o quanto seu pensamento era machista, pois, apenas olhando as qualificações, ele jurava que iria entrevistar um homem.

• As empresas Philip Morris Brasil e ExxonMobil contam com grupos de afinidade, chamados respectivamente de Bold e Pride, em apoio à causa LGBTI+.

• Empresas que já são referência em diversidade e inclusão: Google, Coca-Cola, Dow, P&G e HP.

• A Closeup criou a campanha Nosso manifesto #AmorLivre em apoio à causa LGBTI+ e ficou incrível!

Esses foram só alguns dos pontos que chamaram minha atenção durante os debates feitos no formato de mesa-redonda. Na parte final do evento, aconteceram quatro workshops e eu participei de dois deles. Compartilho abaixo um pouco do que aprendi.


Workshop Bold + Pride

O workshop ministrado por Fernando Freitas (Philip Morris Brasil), Mariana Alessi (ExxonMobil) e Matheus Reis (ExxonMobil) ensinou como criar grupos de afinidade nas empresas, os chamados ERGs (Employee Resource Groups).

Bold e Pride são os ERGs da comunidade LGBTI+ e seus aliados dentro das empresas Philip Morris Brasil e ExxonMobil, respectivamente.

Perfis de público

Existem 4 perfis de público que podem aparecer na hora de criar um ERG:

1) Os que resistem em primeira instância, acham que a ideia não vai vingar;

2) Os que acreditam na ideia, mas não chegam a participar efetivamente do grupo;

3) Os que apoiam e participam do grupo;

4) Os que lideram, colocando a mão na massa e organizando as ações.

Níveis de maturidade de um grupo de afinidade:

1) Foco em datas históricas e culturais; Crescimento orgânico; Reúne-se em eventos sociais; Liderado pelos fundadores do ERG; Informal; Reconhecimento da diretoria (sabem que o grupo existe, mas não se envolvem com ele);

2) Eventos profissionais e networking; Alavanca crescimento, comitê é formado; Estabelece processos; Oficialmente reconhecido pela diretoria; Há a figura de um "patrocinador";

3) Foco em desenvolvimento de talentos; Há o envolvimento com a comunidade; Participa do processo de recrutamento; É alavancado pela gerência; Desenvolve estratégias;

4) Comitê torna-se parceiro de negócios da alta gerência; Desenvolve plano estratégico e de sucessão; Influencia estratégias de negócio; Torna-se conselheiro da gerência; Mentora outros comitês.

Kit de Ferramentas para a Criação de um Grupo de Afinidade

Organização

  • Reúna um pequeno número de pessoas (3-6) para começar os trabalhos
  • Encontre um "patrocinador" e um contato no RH

Planejamento

  • Estruture um conjunto com regras básicas do comitê
  • Defina um orçamento com a diretoria
  • Crie uma marca e encomende brindes
  • Pense em eventos com diferentes focos (somente membros do grupo de afinidade, aberto para todos os funcionários, eventos externos)

Execução

  • Promova o grupo
  • Entre em contato com grupos semelhantes de outras localidades
  • Recrute membros
  • Seja visível na empresa
  • Promova eventos
  • Mantenha o "patrocinador" engajado

Pontos de atenção

  • Lista de membros
  • Demonstrações de resistência
  • Cuidado na seleção dos parceiros/eventos externos

Diferença entre ERGs e BRGs

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O workshop terminou com esta maravilhosa frase:

As pessoas esquecerão o que você disse, as pessoas esquecerão o que você fez, mas elas nunca esquecerão como você as fez sentir.


Workshop Pride Connection: Coming Out Stars e Moonshot Thinking

Todas as empresas do mundo deveriam aplicar este workshop para os funcionários. Ele foi divido em duas partes: Coming Out Stars e Moonshot, ministrados respectivamente por Ivan Guevara e Filipe Roloff.

Coming Out Stars

Na dinâmica, todo mundo que estava participando deveria se imaginar como uma pessoa LGBTI+ "saindo do armário", revelando para o mundo sua identidade de gênero e orientação sexual.

Para resumir, foram distribuídos papeis recortados em formato de estrela para os participantes com a seguinte orientação: pegar uma cor de estrela diferente da cor do seu colega. No total, eram 4 cores de estrelas.

O próximo passo era preencher o seu nome no meio do papel e as seguintes informações em cada uma das pontas da estrela:

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O facilitiador do evento começou, então, a contar uma história. Dependendo do rumo dessa história, as pontas da estrela continuavam intactas, eram dobradas ou cortadas.

No final, uma cor de estrela ficou inteira. Essa era a estrela privilegiada, a pessoa que teve apoio dos amigos e da família para "sair do armário", e com isso teve chance de realizar todos os seus sonhos.

Duas cores de estrelas acabaram rasuradas, uma ponta normal, outras dobradas, outras rasgadas. Não foi fácil para essa pessoa "sair do armário". Ela teve que superar muita coisa, mas conseguiu seguir em frente.

Uma cor de estrela ficou completamente sem pontas, despedaçada. Ou seja, essa pessoa não teve o apoio de ninguém, a vida dela foi muito difícil. Essa é a realidade de milhares de LGBTI+ em todo o mundo, realidade essa que muitas vezes leva ao suicídio.

O workshop foi emocionante. Terminei a experiência aos prantos. Saí de lá com muita empatia no coração, com vontade de abraçar todas as pessoas LGBTI+ e dizer a elas que podem contar com o meu apoio. Foi o momento mais incrível de todo o evento.

O Ivan, facilitador desse evento, compartilhou comigo os slides e o texto do workshop. Se você quiser, é só comentar aqui embaixo que eu te envio.

Moonshot Thinking

Em poucas palavras, o Moonshot Thinking é uma estratégia para buscar resultados 10x maiores que os alcançados atualmente. É um "tiro na lua" para solução de problemas.

Na dinâmica, tínhamos que desenvolver uma solução em prol da causa LGBTI+. Os grupos foram dividos aleatoriamente e eu adorei a proposta da minha equipe, formada por mim, pela Claudia Laube, pelo Gustavo Pitanga e por mais três pessoas que acabei não conseguindo o contato.

Nossa ideia foi desenvolver um "flash" que elimina todo o preconceito da humanidade, todo o viés inconsciente das pessoas. Algo no mesmo estilo do flash usado no filme MIB: Homens de Preto. Os grupos tinham que defender qual seria o impacto social do projeto, quais as teconologias necessárias, como viabilizar a ideia etc.

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Foi um ótimo exercício de criatividade. Dífícil mesmo foi voltar para a realidade, para esse mundo que ainda tem muito preconceito enraizado e muitos esterótipos a serem quebrados.

Se cada apoiador da diversidade fizer sua parte, juntos ainda vamos conseguir mudar o mundo. Eu acredito e espero que você também.


Agradecimentos

Quero parabenizar o Ebanx e o Grupo Dignidade pela iniciativa do evento. Foi muito bacana ver tantas empresas reunidas em apoio à diversidade aqui em Curitiba.

Também deixo meu muito obrigada ao Olist, que me oportunizou participar desse encontro. Já estou cheia de ideias para aplicar junto com o time na empresa, e espero que você que está lendo também tenha se inspirado com o conteúdo que eu compartilhei aqui :)

Se você apoia a diversidade, também deixo um convite: veja as vagas abertas no Olist e nos ajude a construir uma empresa mais diversa e inclusiva. Ainda estamos dando os primeiros passos nesse assunto e você pode nos ajudar a chegar longe!


Bônus

Alguma empresas de recrutamento e seleção citadas durante o evento e que podem ajudar a aumentar a diversidade na empresa em que você trabalha:

Ander Cantuária

People Manager na Easy Carros | Startup | Tech | SaaS | Seminovos

5y

Excelente resumo do evento, Rhayana. Vamo fazer a onda da diversidade e inclusão ganhar cada vez mais força, desconstruir o preconceito e construir os ambientes em que a gente vai realmente sentir orgulho de trabalhar. Desejo muito sucesso nessa iniciativa que está ganhando vida no Olist!

Mariana Paris

Advogada | Analista de Litígio e Projetos na Anis - Instituto de Bioética | Advogada no Cravinas - Clínica Jurídica de Direitos Sexuais e Reprodutivos (UnB) | Doutoranda em Direito (UnB)

5y

Oi, Rayana! Eu estava no Seminário também e o seu resumo ficou sensacional! Excelente mesmo. Durante a oficina "Coming Out Stars" eu estava na oficina do SSEX Box e não pude acompanhar! Fiquei muito curiosa com seu relato. Você poderia me encaminhar os slides e o texto do workshop, por gentileza? Mais uma vez, obrigada e parabéns pelo relato! 

Fernando Henderson 🏳️🌈

Chief Revenue Officer (CRO) @ Dattos | Enterprise Software Sales

5y

Que resumo incrível ! Fico super feliz que tenha gostado do nosso evento! Pode compartilhar este arquivo conosco? Adoraría compartilhar com os participantes do evento! Nos vemos em Novembro, vamos juntxs!

Fernanda Rocha

Marketing Manager na Faster | LinkedIn Top Startup | Growth | Product Marketing | Inbound | Marketing B2B

5y

Excelente! Esse assunto precisa ser debatido, obrigada por compartilhar!

Camilla de Oliveira Lima

Analista de Marketing Sênior | Marketing de Conteúdo | Inbound Marketing | Growth Marketing | Branded Content | Creative Strategy

5y

Adorei o resumo que você fez do evento! Obrigada por compartilhar seus aprendizados.

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