Quando assumi a liderança do marketing e comunicação do SoftBank Investment Advisers na América Latina, em 2001, um dos primeiros pedidos da matriz foi descobrir como ajudar as empresas do nosso portfolio a aprimorar seus investimentos e resultados em marketing. Iniciamos então um trabalho de investigação e consultoria, com a ajuda da Suno United Creators, em dezenas de companhias. Invariavelmente nos deparávamos com uma divisão interna: times de marketing institucional (branding, construção de marca, eventos etc.) separados da equipe de growth (performance, plataformas, resultados).
Aquilo sempre soou estranho para mim. Não só pelo fato de eu ter vivido os 15 anos anteriores como CEO de agências na WPP (e ter testemunhado que os maiores casos globais de sucesso em marketing eram os de empresas que possuíam as estruturas integradas, ou em contato estreito), mas principalmente por ver startups (e não incumbentes) separando coisas que, na minha concepção, são inseparáveis.
Neste ano, decidimos investigar o assunto a fundo. O resultado foi uma pesquisa extensa que examinou quase 400 peças publicitárias de 30 das marcas mais relevantes do Brasil, comparando campanhas de awareness com de performance, e fez mais de 600 entrevistas com consumidores – um belo trabalho da Suno em parceria com a Provokers Brasil.
As principais conclusões:
- Conceitos como funil de marketing, ampulheta, círculo ou flywheel estão ultrapassados. Frequentemente, o primeiro contato de um consumidor com uma empresa é feito via anúncio de performance específico de um produto – que, muitas vezes, está desconectado da campanha institucional e nem possui a identidade da marca.
- Como consequëncia disso, campanhas de growth constroem marca – e não são somente direcionadas a vendas. Performance, sim, constrói lembrança.
- Awareness e performance são definições da indústria que não fazem sentido para as pessoas comuns, somente para os marqueteiros. Os consumidores dividem as mídias em duas categorias muito mais simples: Informativas (TV, jornais etc.) e Interativas (redes sociais, search etc.).
- Portanto, toda comunicação dita de "awareness" deveria ser um convite para a pessoa conhecer a marca. E toda comunicação de "performance" deveria estar preparada para ser um primeiro contato com a marca.
- As duas variáveis que mais impactam os consumidores são o momento de sua jornada (não linear e inconstante) e o contexto em que recebem as mensagens de uma marca (81% estão mais abertos a consumir quando as mensagens acontecem dentro de um contexto que faça sentido ou atinja seus passion points).
- Não dá mais para viver em silos. Na hora de avaliar resultados de comunicação de performance, é preciso incluir métricas de branding. E na hora de acompanhar a evolução do brand equity, é preciso trazer métricas de performance para a mesa.
#BigIdeas2025
(continua ⬇️)