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Por Marco Condez

Buda Mendes/getty

O empate sem gols contra a Seleção da Costa Rica acabou complicando a situação da Seleção Brasileira no Grupo D da Copa América 2024. Para passar de fase sem depender de resultados de outros jogos, a Seleção Canarinho terá que vencer os dois próximos confrontos, que serão contra Paraguai e Colômbia. O desempenho do time brasileiro mostrou que o patamar de evolução não está tão avançado como se imaginava.

Em termos de desempenho, a atuação da Seleção Brasileira deixou a desejar, uma vez que a Seleção da Costa Rica apresentou esquema excessivamente conservador, que busca jogar no erro do adversário. Essa postura da Seleção da América Central já deveria ser esperada, pois é técnica e taticamente inferior. Sendo assim, acredito que o técnico Dorival Júnior poderia ter procurado soluções antecipadas e mais eficientes para que nossa Seleção tivesse o protagonismo técnico neste jogo.

A Seleção Brasileira teve altos índices de posse de bola e bom volume de jogo, mas, em diversos momentos da partida, esse domínio acabou se tornando estéril, sem possibilidades reais de se concretizar em vantagem no placar.

Um dos antídotos que normalmente é utilizado em casos desse tipo é ter objetividade nos passes, para que o adversário não tenha tempo hábil para se reestruturar com linhas aproximadas na defesa. Mas, ao contrário disso, a Seleção da Costa Rica tinha tempo de sobra para essa reestruturação, decorrente de lentidão de nosso setor de meio-campo, que privilegiava a posse de bola e não buscava investidas rápidas para o setor de ataque.

A dificuldade do grupo brasileiro para se livrar de situações desconfortáveis ficou evidente, mas houve certa demora para se tentar a correção desses erros táticos gritantes. O técnico Dorival Júnior só iniciou as substituições no segundo tempo da partida, mantendo uma certa tradição que é utilizadas pelos treinadores, de esperar o primeiro terço da segunda etapa para proceder alterações.

Era evidente que desde o início do jogo, Vini Jr. estava muito bem marcado pelos adversários, o que prejudicou seu desempenho individual e não permitiu que fosse dada a verticalidade necessária ao setor de ataque. Acredito que a substituição de Vini Jr. foi outro erro de leitura de Dorival, pois o atacante é um craque que tem apresentado grande evolução, sendo primordial sua utilização. A meu ver, deveria ter sido modificado o posicionamento da equipe, a fim de encontrar alternativas que liberassem o atacante da marcação cerrada, que o impedia de desempenhar sua função.

Esses fatos anteriormente citados são pertinentes à circunstancias especificas que evoluíram no jogo contra a Costa Rica. Porém, questiono também a escalação inicial feita, uma vez que diante do potencial ofensivo da Seleção da Costa Rica ser baixo, não havia a necessidade de levar a campo dois volantes.

Mesmo com o cenário adverso instalado, Dorival manteve a mesma estrutura da equipe após as substituições. Foram trocados apenas os jogadores, e os problemas continuaram os mesmos. É bem verdade que as entradas de Savinho e Endrick deram melhor dinâmica ofensiva à Seleção, mas essa melhora não foi capaz de se traduzir em domínio real.

Não poderia ter sido desprezada a condição de que era necessária uma vitória para dar maior tranquilidade à sequência da competição, e um bom desempenho iria ratificar o momento linear que a equipe teve nos últimos jogos amistosos. A atuação da Seleção Brasileira contra a Costa Rica deixou mais dúvidas do que certezas sobre o real patamar tático da equipe.

Uma vez que o time precisa de novas possibilidades ofensivas, pode ser considerada até heresia "ignorar" o potencial de Andreas Pereira e Endrick. Com Andreas Pereira, que joga na Inglaterra e é articulador mais objetivo, talvez fossem criadas maiores chances de quebrar as linhas do adversário.

Por outro lado, Endrick, que está em transição para o Real Madrid e aparenta ser um camisa nove clássico, mas possui maior força física, alto refino técnico e bom senso de posicionamento, poderia trazer nova dinâmica ofensiva à equipe e reduzir a previsibilidade que o esquema atual de Dorival possui.

O plano defensivo da Seleção Brasileira não está mostrando dificuldades, mas se fazem necessárias novas alternativas para “tirar o gesso da Seleção Brasileira” e torna-la mais ofensiva.

A sequência dessa Copa América traz adversários com maior nível técnico, e é urgente a obtenção de uma maior organização. A Seleção do Paraguai, próximo adversário da Seleção Brasileira, apesar de partir do mesmo prisma conservador, tem mais possibilidades de causar danos, pois possui bons jogadores que não ficam, somente, entrincheirados na defesa e aproveitam a velocidade do atacante Romero para tornar o time mais vertical.

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