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Por Bruno Ribeiro — Juiz de Fora, MG


Esquerdinha, massagista, Tupi, Aparecidense, 2013 — Foto: Reprodução/TV Integração

Uma partida eliminatória válida por uma competição nacional está empatada em 2 a 2. O resultado classifica o time visitante, que tenta resistir à pressão dos donos da casa, na busca pelo gol decisivo. Em um dos ataques, aos 44 minutos do segundo tempo, o artilheiro do campeonato chuta com o gol vazio. Um massagista invade o campo e evita o tento da classificação da equipe mandante.

Quem tem memória curta ou não costuma acompanhar futebol pode pensar: ‘Nossa, que história louca! Nunca vai acontecer”. No entanto, o futebol brasileiro proporciona esses lances para o torcedor.

O “Caso Esquerdinha”, que aconteceu no jogo entre Tupi e Aparecidense, movimentou o noticiário nacional e internacional por pelo menos 20 dias. O episódio completa 10 anos nesta quinta-feira, dia 7 de setembro.

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Jogo de Tupi-MG e Aparecidense termina com polêmica no campo

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O ge montou uma Linha do Tempo para relembrar tudo, desde o chute de Ademilson “defendido” pelo massagista (assista ao vídeo acima), até a conclusão do imbróglio jurídico, que contou com a participação do ex-procurador do STJD Paulo Schmitt e do atual presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, que foi o advogado do Tupi no processo que eliminou a Aparecidense da Série D do Brasileirão.

7 de setembro de 2013 – Tupi 2 x 2 Aparecidense

  • Tupi e Aparecidense entraram em campo para definir quem avançava nas oitavas de final da Série D do Brasileirão. As equipes ficaram no 1 a 1 no jogo de ida, em Aparecida de Goiânia. Quem vencesse no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, avançava.
  • Empate em 1 a 1 levaria a decisão para os pênaltis. Igualdade sem gols levava o Tupi às quartas de final, enquanto empate por dois ou mais gols classificaria os visitantes.
  • A Aparecidense saiu em vantagem com Geovane aos 34 minutos do primeiro tempo. O início da etapa final foi eletrizante: o artilheiro Ademilson deixou tudo igual pelo Tupi. Aos quatro, Guto recolocou a Aparecidense em vantagem, mas Rafael Estevam, de falta, aos sete, empatou novamente a partida.
  • O 2 a 2 classificava a Aparecidense por causa do gol qualificado. Foi aí que Romildo Fonseca da Silva, o Esquerdinha, apareceu.

Personagens contam bastidores do gol evitado por massagista em Juiz de Fora

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  • Nos minutos finais do jogo, o massagista foi chamado para fazer o atendimento do zagueiro Hélder, da Aparecidense, que precisou deixar o campo. O defensor voltou para o jogo para tentar segurar a pressão dos donos da casa. No entanto, quem defendeu mesmo foi o massagista.
  • Aos 44 minutos da etapa final, Ademilson recebeu na área e finalizou. A bola passou pelo goleiro Pedro Henrique, mas não passou por Esquerdinha, que evitou o gol de Adê em cima da linha.
  • Na sequência, o lateral-direito Henrique também chutou, mas parou novamente no massagista da Aparecidense.

Após gol tirado por Esquerdinha, jogo ficou paralisado e confusão se estabeleceu — Foto: Rafaela Borges

  • O jogo foi interrompido às 20h14, com uma confusão generalizada. Os jogadores do Tupi perseguiram Esquerdinha, que correu, não foi alcançado e chegou ao vestiário.
  • A partida ficou paralisada por cerca de 15 minutos. A bola voltou a rolar às 20h30, os times jogaram por mais seis minutos e o placar de campo foi mantido em 2 a 2, com a Aparecidense classificada.

8 de setembro de 2013 – Tupi intensifica contatos e se prepara para acionar o STJD

  • Desde a noite de sábado, 7 de setembro, quando a invasão do massagista aconteceu, o Tupi passou a se preparar para uma batalha jurídica com o objetivo de buscar a eliminação da Aparecidense.
  • As conversas iniciais foram com o advogado Lucas Otoni, que representava Atlético-MG, mas prestava serviços de forma frequente ao Carijó.
  • Ele orientou o Tupi, ainda no dia 7 de setembro, a não abandonar a partida, como os jogadores queriam, pois isso poderia caracterizar abandono de campo e prejudicar o clube juridicamente. Lucas Otoni estava em lua-de-mel na Argentina e seria o responsável pelo caso do lado do Tupi.

9 de setembro – Curso muda e Tupi oficializa Mário Bittencourt, advogado do Fluminense, para o caso

  • Na segunda-feira, o clube, que vinha recebendo orientações jurídicas de Lucas Otoni, acertou com Mário Bittencourt, atual presidente do Fluminense e que na época advogava pelo Tricolor.

Mário Bittencourt foi o advogado do Tupi no "Caso Esquerdinha" — Foto: Marcelo Gonçalves / Fluminense FC

  • Paralelamente, o então procurador do STJD Paulo Schmitt, já havia pedido as imagens da partida para análise e para apresentação de eventual denúncia.

10 de setembro de 2013 – STJD coloca resultado sub judice e marca julgamento

Série D: STJD deixa resultado de Tupi-MG x Aparecidense sub judice

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16 de setembro de 2013 – Aparecidense é eliminada em primeira instância

Aparecidense é punido no STJD após gol anulado contra o Tupi

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  • Romildo Fonseca da Silva, o Esquerdinha, foi punido com suspensão de 24 partidas e multa de R$ 500, e o árbitro da partida ocorrida em Juiz de Fora, Arílson Bispo da Anunciação, foi absolvido.

17 de setembro de 2013 – Procuradoria do STJD recorre da decisão

Paulo Schmitt recorreu da decisão e questionou enquadramento do caso — Foto: Edgard Maciel de Sá

  • O enquadramento inicial, que embasou a decisão em primeira instância, foi o 205 – “Impedir o prosseguimento de partida, prova ou equivalente que estiver disputando, por insuficiência numérica intencional de seus atletas ou por qualquer outra forma”.
  • Desta forma, o caso seria julgado pelo Tribunal Pleno do STJD, no dia 26 de setembro.

26 de setembro de 2013 – STJD exclui Aparecidense da Série D

Aparecidense foi excluída da competição; Tupi avançou e conseguiu acesso na sequência da Série D — Foto: Thiago Benevenutte

  • A Aparecidense poderia recorrer à Justiça Comum, mas respeitou a decisão na esfera esportiva.
  • Com isso, o Tupi avançou para encarar o Mixto-MT nas quartas de final. O Alvinegro eliminou o adversário com um empate por 1 a 1 no Mato Grosso e uma vitória por 3 a 2 em Juiz de Fora, e subiu de divisão. O Galo foi eliminado pelo Juventude na semifinal.

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