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Por Pedro Maia — Rio de Janeiro


A seleção brasileira masculina de basquete começa nesta terça-feira (2) sua difícil jornada por uma vaga nas Olimpíadas de Paris 2024. Em Riga, na Letônia, o Brasil medirá forças com Montenegro e Camarões numa primeira fase, possivelmente Geórgia ou Filipinas numa semifinal, e provavelmente Letônia numa eventual final. Somente o campeão da competição vai ter a honra de ir aos Jogos na Cidade Luz.

Quais são as chances do Brasil no Pré-Olímpico de Basquete? Saiba tudo sobre a competição

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Entenda o grau de dificuldade de cada duelo, assim como os principais pontos de atenção no caminho dos comandados do técnico Aleksandar Petrovic, que volta ao cargo após a saída de Gustavo De Conti. A condição de jogo de Yago, que se recupera de uma lesão na panturrilha, é vital para as chances do Brasil e se sobrepõe a quaisquer outros desafios.

Aleksandar Petrovic é o técnico do Brasil — Foto: Divulgação/FIBA

Montenegro: nervosismo de estreia e um problema chamado Nikola Vucevic

Não é uma seleção da primeira prateleira do basquete mundial, mas definitivamente oferece perigo ao Brasil. Número 17 do ranking da Fiba, está numa crescente. Depois do 25º lugar no Mundial da China em 2019, foi 13ª no último Eurobasket e 11ª na Copa do Mundo de 2023. Montenegro tende a criar volume brigando forte nos rebotes ofensivos, tem muita qualidade no jogo de garrafão com as torres Nikola Vucevic (Chicago Bulls) e Marko Simonovic.

Nikola Vucevic em ação pelo Chicago Bulls — Foto: Stacy Revere/Getty Images

Por sua versatilidade, Vucevic é a grande arma ofensiva a ser anulada. Poste baixo com trabalho de pés, pick/roll, short roll, bloqueio abrindo pra chute de fora ou passes da área pintada para o perímetro são algumas de suas ferramentas. O pivô do Bulls é candidato a homem do jogo sempre que entra em quadra. O armador Kendrick Perry (MVP do Final Four da Basketball Champions League) também merece atenção. É rápido, dinâmico, cria para si e para os companheiros, ataca bem a cesta e ajuda na defesa. O ala Dino Radoncic também costuma ter impacto.

O desafio do Brasil é muito claro: desacelerar Vucevic no garrafão e pôr pressão na bola para dificultar a criação a partir de Perry. Bruno Caboclo e Georginho vão ser fundamentais nesse trabalho. Será essencial que Caboclo controle o volume de faltas, uma vez que Felício e Mãozinha podem não sustentar o nível defensivo contra os internos montenegrinos. Montenegro tem enfrentado problemas no perímetro. Somando os últimos Eurobasket e Copa do Mundo, teve aproveitamento de apenas 30.5% nas bolas de três. Se a tendência for mantida, pode dar ao Brasil um pouco mais de conforto para congestionar o garrafão e usar marcação por zona na variação defensiva.

Camarões: sem Pascal Siakam, vitória do Brasil é uma tendência

Por causa de trâmites relativos à free agency da NBA, a estrela do Indiana Pacers Pascal Siakam está fora do Pré-Olímpico de Riga. Após o período de moratória (6 de julho), Siakam assina contrato máximo com os Pacers no valor de US$ 189 milhões por quatro temporadas. Sem o astro, Camarões perde qualquer perspectiva. É um time físico, atlético, mas com limitações no ataque. Não disputou o último Mundial muito por uma inoperância ofensiva evidenciada nas eliminatórias africanas: média de apenas 64 pontos em 12 jogos disputados.

Pascal Siakam desfalcará Camarões no Pré-Olímpico — Foto: Nathaniel S. Butler/NBAE via Getty Images

Esse rendimento ofensivo ajuda a explicar o fato de Camarões ser a 9ª força do continente africano no ranking da Fiba. O armador Jeremiah Hill (passagem pela G-League, líder em eficiência e cestinha do time nas eliminatórias da Copa de 2023, com 12 pontos por jogo) é a grande referência ofensiva. No perímetro, Fabien Ateba pode incomodar se estiver quente. É chutador nato. Paul Eboua e Jordan Bayehe são os pilares no garrafão. Um dia sem muita inspiração ou brilho ofensivo, mas com foco defensivo pode ser suficiente para garantir um resultado positivo para o Brasil.

Geórgia: Tornike Shengelia é a peça a ser anulada

Entre os 10 maiores cestinhas da última Euroliga pelo Virtus Bologna/ITA, com 14.5 pontos por jogo, Tornike Shengelia é a grande esperança georgiana no Pré-Olímpico de Riga, ao lado do gigante Goga Bitadze (Orlando Magic). Na última Copa, a dupla somou 26 pontos por partida e aparece como principal motivo de preocupação da defesa brasileira. Shengelia é um ala-pivô versátil, com repertório, põe a bola no chão, pontua atacando a cesta, na média distância ou na transição. Será fundamental minar o seu volume de jogo. A Geórgia conta ainda com Sandro Mamukelashvili (ala-pivô do San Antonio Spurs), que se impõe no poste baixo, mas ameaça também no perímetro.

Tornike Shengelia é destaque da Geórgia — Foto: Image Photo Agency/Getty Images

Apesar desses três valores individuais, a Geórgia não tem profundidade de elenco, nem experiência Fiba em contexto internacional que se equiparem à seleção brasileira. Os principais jogadores tendem a ter minutagem alta, o que pode comprometer o lado mental nos momentos decisivos dos jogos. Em parte por isso, foi a seleção que mais cometeu erros por partida na última Copa do Mundo (média de 16,2). É uma equipe que, na última Copa e no último Eurobasket, mostrou dificuldades em converter bolas de três (29% e 27% de aproveitamento, respectivamente), e o Brasil pode escolher uma abordagem semelhante à que terá contra Montenegro no garrafão.

A Geórgia é uma seleção bem alta. São muitos jogadores na casa dos dois metros, o que gera preocupação quanto aos desequilíbrios defensivos: os grandes deles contra nossos pequenos perto da cesta. Por outro lado, o Brasil precisará saber usar os nossos pequenos contra os grandes deles no perímetro e na média distância, tendo como exemplo o que foi feito na histórica vitória sobre o Canadá, na Copa do Mundo. É jogo para Yago.

Filipinas: sem Clarkson, asiáticos farão figuração em Riga

Jordan Clarkson, armador do Utah Jazz e vice-cestinha do último Mundial, está fora da lista das Filipinas para o Pré-Olímpico. Segundo a imprensa filipina, a federação optou por um projeto com continuidade, e o elenco vai ser o mesmo (sem Clarkson) que começou a disputa das eliminatórias da Copa da Ásia 2025. Número 38 do ranking da Fiba, as Filipinas terminaram a última Copa na 24ª posição, vencendo apenas a China. A falta de um jogo coletivo que busque envolver as defesas, apoiado no individualismo de Clarkson, foi algo notado no Mundial.

Jordan Clarkson desfalcará Filipinas no Pré-Olímpico — Foto: Michael Reaves/Getty Images

Não por acaso foi a seleção que menos distribuiu assistências por jogo na competição (média de 16). Se essa tendência de baixo dinamismo for mantida, pode facilitar bastante o trabalho defensivo dos adversários e, claro, do Brasil. Outro aspecto negativo na seleção filipina é a falta de profundidade de elenco. O armador Dwight Ramos e o jovem pivô Kai Sotto são os destaques num grupo que parece inspirar pouca confiança do técnico Tim Cone. Recentemente, o treinador mostrou conforto em trabalhar com apenas oito ou nove jogadores na sua rotação.

Letônia: fazer um grande jogo ou dar adeus a Paris

Uma final entre Brasil e Letônia é a grande expectativa para o Pré-Olímpico de Riga. Os letões brilharam na Copa com dinamismo ofensivo e organização defensiva. É um coletivo forte, com muitas peças que impactam o jogo. É verdade que a Letônia dominou o Brasil na Copa (104 a 84), mas houve um contexto atípico: Caboclo, nosso melhor defensor, ficou pendurado por faltas no início do terceiro quarto. Nos oito minutos restantes daquele período sem Caboclo, a Letônia fez 26 pontos. Lembremos que o primeiro tempo foi equilibrado.

Bruno Caboclo em Brasil x Letônia, na Copa do Mundo de 2023 — Foto: Willy Kurniawan / Reuters

Numa eventual final contra os letões, o Brasil vai precisar de ótima rotação defensiva. Se trocar nos bloqueios, vai haver desequilíbrios a serem explorados pela Letônia. Ajudas e dobras dos brasileiros serão necessárias, e aí entra o foco no trabalho de rotação defensiva para recuperar o quatro contra três. A Letônia é fria nas bolas de três – teve aproveitamento de 42,1% na Copa –, e vai ser fundamental tirar espaço no perímetro. Além de Caboclo e Yago bem, o banco terá que contribuir, porque do outro lado certamente haverá essa ajuda dos reservas.

Por fim, controle de erros, boas decisões ofensivas para conter o ritmo e a relação com o perímetro vão pesar. Na Copa, nas derrotas para Espanha e Letônia, o Brasil cedeu em média 20 pontos por jogo a partir de erros e 44% de aproveitamento aos adversários na bola de três, convertendo apenas 27%. A Copa e os últimos amistosos (vitória sobre a Polônia, derrotas para Croácia e Eslovênia) mostraram como más decisões no ataque alimentam contra-ataques letais e geram problemas para o Brasil. Em um jogo de vida ou morte de Pré-Olímpico na casa do anfitrião, essa conta não vai fechar.

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