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Por Danilo Sardinha — São José dos Campos, SP


A temporada 2024/25 já começou para o Vôlei São José. Embora ainda não há jogos, os bastidores do time joseense estão movimentados nos últimos dias. No início deste mês, a Farma Conde, patrocinadora master nos últimos três anos, anunciou o fim do patrocínio. Fato que fez a movimentação interna ficar intensa para encontrar um novo parceiro deste porte.

Vôlei São José na última Superliga Masculina — Foto: Aiquara Produções

Em entrevista ao ge nesta sexta-feira, 17, o presidente do São José, Rodrigo Canhoto, afirmou que a saída do patrocínio da rede de farmácias surpreendeu a diretoria de certa forma, já que não teria sido comunicada internamente com antecedência maior. À imprensa, a Farma Conde justificou a saída à mudança de estratégia da empresa

Rodrigo Canhoto destaca que conversa com empresas para assumirem o posto de patrocinador master do projeto, mas ainda não selou um acordo. Ao definir os patrocinadores, o time consegue definir o orçamento para a próxima temporada.

– Estamos trabalhando muito forte para isso, para ter mais um patrocinador master. Quero deixar claro que todos os outros patrocinadores que nós temos, continuam conosco. A prefeitura que é uma grande apoiadora também continua conosco. Mas a gente precisa, sim, ter um patrocinador master para que a equipe continue competitiva, brigando por títulos. O que posso dizer é que vamos trabalhar dentro de um orçamento que a gente tem. Talvez, a gente dê um passo atrás para ficar mais tranquilo dentro das nossas possibilidades – afirmou Canhoto.

Rodrigo Canhoto, presidente do Vôlei São José, em entrevista ao ge — Foto: Reprodução

– A gente aqui está pensando em um trabalho de médio a longo prazo. O que queremos é que a gente tenha uma equipe competitiva. Os fãs da equipe de vôlei de São José, de todo o Vale, eles me cobram muito. São muito exigentes. O que a gente quer é continuar com um time competitivo, mas isso não depende só da gente. A gente está trabalhando muito para ter novos patrocinadores para poder realmente manter um time competitivo. Vamos trabalhar com o orçamento que a gente tem e, talvez, dar um passo para trás, mas sem deixar de ser competitivo – completou.

Durante a conversa com o ge, Rodrigo Canhoto também destacou o intuito de utilizar mais atletas formados na cidade e comentou as saídas de atletas como Douglas Souza, Felipe Roque e Matheus Brasília, assim como do técnico Carlos Schwanke.

Oposto Felipe Roque deixou o Vôlei São José — Foto: Aiquara produções

O diretor da equipe, Ricardo Navajas, já havia anunciado alguns reforços, como o levantador Uriate (do Cruzeiro), assim como as renovações com alguns atletas. As renovações foram confirmadas por Rodrigo Canhoto. Mas as chegadas de Uriarte e dos outros atletas divulgados pelo dirigente, de acordo com Canhoto, ainda não estão confirmadas e defendem da definição do orçamento.

Confira abaixo a entrevista na íntegra do ge com Rodrigo Canhoto:

ge – Como avalia a última temporada do Vôlei São José?

Rodrigo Canhoto: Saímos com um final das contas de forma positiva pela temporada toda. Pela primeira vez, em pouco tempo de projeto, conseguimos o nosso primeiro título nacional, que foi a Supercopa, em cima do Cruzeiro. Para nós, foi muito importante. Fizemos uma Superliga em que começamos de forma surpreendente. Obtivemos 12 ou 13 partidas consecutivas invictas. Para nós, foi muito bacana. No final, claro, a gente queria mais. A gente gostaria de passar das quartas e ficar entre os quatro primeiros. Tínhamos muita chance, mas, infelizmente, não conseguimos o resultado esperado. Em compensação, para gente é muito orgulho ter o clube com a maior torcida de toda a Superliga. Todo jogo, casa cheia, uma super festa. Transformamos um jogo de vôlei em um entretenimento para toda família de São José e do Vale. Terminamos a temporada muito orgulhosos, claro que com o gostinho de querer alcançar mais.

Vôlei São José x Joinville - quartas de final da Superliga — Foto: Aiquara produções

ge – O que aconteceu com o time nesta reta final da Superliga? Com a saída do Cruzeiro nas quartas, muitos enxergavam o São José como favorito.

Rodrigo Canhoto: O sentimento foi esse. Cruzeiro fora, então meio que abriu uma porta para as equipes lutarem pelo título. Eu acho que ninguém iria apostar em uma final de Superliga entre Sesi e Campinas. Foi uma final surpreendente. Duas equipes que, no final, cresceram muito. Acho que o que faltou para gente foi aquele pouquinho mais de gás. Joinville é uma equipe bem competitiva. A gente tinha plenas condições de vencer. É o esporte. Não tem como a gente saber o que vai acontecer. São duas equipes de alto nível. Nosso time entregou o que poderia entregar naquele momento, mas fica aquele gostinho de que poderíamos, sim, ter ganhado e ter passado de fase.

ge – Depois que acabou o campeonato, tivemos as saídas de alguns atletas, do próprio técnico Carlos Schwanke. Essa reformulação já era planejada ou teve relação com esse final de Superliga?

Rodrigo Canhoto: O nosso time é um time muito novo, com três anos na cidade. É um time que trabalha dentro do nosso orçamento. Esses jogadores tiveram uma identificação com o projeto muito grande e o vôlei, de certa forma, é um mercado global. Quando esses jogadores têm propostas e são muito atrativas, é muito difícil a gente conseguir segurar um jogador. Por exemplo: o Schwanke recebeu uma proposta da seleção do México para poder trabalhar no próximo ciclo olímpico. A ideia nossa era sempre ter um técnico exclusivo, que ficasse somente com o clube. Então, seria difícil. O Felipe Roque teve uma proposta do Japão, uma super proposta. O Douglas Souza, o Brasília... São jogadores que fizeram por si e se valorizaram no mercado. Como a gente não é um clube como Sada Cruzeiro, que já tem uma estrutura, um orçamento muito grande por um período longo, é muito difícil a gente conseguir manter jogadores quando eles têm propostas muito atrativas. A gente fica feliz que os caras aqui em São José conseguem evoluir, mostrar o trabalho. Claro, a gente gostaria de poder mantê-los. Mas faz parte do esporte. Eles conseguem bons resultados, conseguem uma evolução dentro do mercado e, quando recebem uma proposta muito atrativa, para nós é difícil segurar.

Técnico Carlos Schwanke — Foto: Danilo Sardinha/ge

ge – Ao mesmo tempo que houve essas saídas, o diretor Ricardo Navajas anunciou as chegadas de alguns nomes, como o Uriarte, e as renovações de alguns atletas, como o Rogerinho. Eles estão certos mesmo?

Rodrigo Canhoto: Eu não posso confirmar esses nomes. Hoje, a gente está trabalhando muito na parte de conversar com algumas empresas para poder ter um patrocinador master e trabalharmos naquilo que a gente pode. A gente vai trabalhar com o nosso orçamento. Eu gostaria de ter todos esses jogadores. Estamos trabalhando muito forte para isso, para ter mais um patrocinador master... Quero deixar claro que todos os outros patrocinadores que nós temos, continuam conosco. A prefeitura que é uma grande apoiadora também continua conosco. Mas a gente precisa, sim, ter um patrocinador master para que a equipe continue competitiva, brigando por títulos. O que posso dizer é que vamos trabalhar dentro de um orçamento que a gente tem. Talvez, a gente dê um passo para trás para ficar mais tranquilo dentro das nossas possibilidades.

A gente aqui está pensando em um trabalho de médio a longo prazo. O que queremos é que a gente tenha uma equipe competitiva. Os fãs da equipe de vôlei de São José, de todo o Vale, eles me cobram muito. São muito exigentes. O que a gente faz é continuar com um time competitivo, mas isso não depende só da gente. A gente está trabalhando muito para ter novos patrocinadores para poder realmente manter um time competitivo. Mas vamos trabalhar com o orçamento que a gente tem e, talvez, dar um passo para trás, mas sem deixar de ser competitivo. Quem imaginava que o Sesi poderia ser campeão da Superliga? Se você for ver, o Sesi tem dois jogadores de 19 anos, o Darlan que é um fenômeno. Campinas que, durante a primeira fase, quase ficou fora dos playoffs. Na última rodada, Campinas conseguiu se classificar. Está muito embolado o nível. Esperamos manter um time competitivo, mas trabalhar com os pés no chão.

Rodrigo Canhoto, presidente do Vôlei São José — Foto: Reprodução

ge – Desses nomes anunciados, ainda não estão confirmadas as contratações ou as renovações também não estão confirmadas, como do Rogerinho?

Rodrigo Canhoto: O Rogerinho já tinha mais um ano de contrato. O Quesada, que é o cubano, alguns jogadores que já vieram da base, eles continuam conosco. Agora, os outros nomes, a gente está ainda tentando avaliar para poder oficializar isso em uma hora propícia. Hoje, o que estamos trabalhando internamente é na formatação para ver o nosso orçamento, ver o que podemos fazer para trabalhar com os pés no chão e fazer com que a próxima temporada seja tão boa quando as outras que tivemos aqui.

ge – Como foi para vocês a saída da Farma Conde?

Rodrigo Canhoto: A gente, de certa forma, continua como parceiros. Vamos continuar jogando na Arena Farma Conde. A saída deles como patrocinador master, claro que, para nós, é muito ruim porque a gente estava com a nossa estratégia de continuação. A gente sabia do orçamento e, claro, teríamos muito mais tranquilidade para fazer a construção do time. Nesse momento, a saída da Farma Conde atrapalha na composição, mas, agora, o nosso dever de casa é poder preencher essa lacuna que eles deixaram com alguma outra empresa. Estamos conversando com muitas empresas aqui. Esperamos que, o mais rápido possível, a gente consiga anunciar um patrocinador master, uma empresa que esteja conosco.

Vôlei São José x Joinville - Superliga Masculina — Foto: Mariana Luz / Aiquara produções

ge – Pegou de surpresa o anúncio da Farma Conde ou vocês já estavam esperando, já vinha sendo discutida essa saída?

Rodrigo Canhoto: Uma saída assim foi um pouco surpresa para nós. Porque, normalmente, se a gente tem uma conversa com tempo para poder realmente fazer uma transição, para nós é muito mais tranquilo. Para nós, foi realmente. A gente estava conversando. Sabíamos que a Farma Conde estava pensando em outras estratégias. Claro que, para gente, a saída deles neste momento cria uma lacuna que vamos ter que correr atrás. Não temos esse tempo hábil como se fosse, por exemplo, feito meses atrás, comunicado internamente meses atrás. Então, para gente agora é correr atrás e manter o time no mesmo nível.

ge – Vocês também tinham o patrocínio da Cimed na última temporada, que é uma marca conhecida no vôlei. Esse patrocínio continua? Estão negociando?

Rodrigo Canhoto: Na minha visão, a Cimed e a Farma Conde elas são, praticamente, uma só. A Cimed ela entrou com um acordo comercial com o Grupo Conde. Com a saída da Farma Conde, a Cimed também deve sair. Então, são esses dois patrocinadores. Na verdade, a gente aqui colocava como se fosse um. São duas marcas, mas era casado com o outro nesse aspecto comercial.

Cimed chegou ao Vôlei São José no início da última temporada — Foto: Arthur Costa

ge – Vocês definiram um prazo para bater o martelo para fechar o orçamento, até para não atrapalhar a montagem do elenco, já que o mercado agora está se movimentando?

Rodrigo Canhoto: É verdade. A gente está correndo atrás. Data definitiva é muito difícil falar, até porque a gente, durante toda a temporada, estamos abertos a novos patrocinadores. Sempre aconteceu de, durante a temporada, termos novos parceiros, novos patrocinadores. Para nós, não temos um prazo definitivo para poder anunciar um patrocinador master. Mas outros patrocinadores estamos sempre anunciado. Devemos anunciar alguns que a gente fechou. Mas ainda estamos em busca do grande patrocinador master. Sem data definida, mas espero que neste mês de maio e até o mês de junho, a gente consiga poder fechar com uma empresa.

ge – Como vocês estão pensando na equipe da próxima temporada, pelo o que tem sentido das conversas com possíveis patrocinadores?

Rodrigo Canhoto: A gente tem o Atleta Cidadão, com a Prefeitura de São José. Temos toda a base masculina e feminina. Quando nós assumimos a base junto com o time profissional, a gente vê que, a cada ano, nossa base está se se fortalecendo muito. Acredito que, nos próximos anos, vamos ter muita gente da base de nível de seleção brasileira. Para gente, isso vai nos fortalecer. É como o caso do Minas e o caso do Sesi. O Sesi, do time que foi campeão da Superliga, ele tem três jogadores da base. Quando você tem um time de base com uma equipe adulta, você consegue atrair os melhores jovens. Isso nos ajuda muito na equipe profissional. O que a gente vê é que, daqui para frente, isso já está acontecendo.

Vôlei São José x Blumenau - Superliga Masculina — Foto: Divulgação/@aiquara.producoes

Acho que a primeira vez que a base teve um atleta da seleção de Cuba, que é o caso do Quesada, tem alguns atletas que vieram do Sada. A gente tem uma base muito boa. O Gustavo continua conosco e veio da base. É o levantador titular da seleção sub-21. Agora, o Bernardinho até convocou ele para treinar lá. Esperamos que, com a base se fortalecendo, isso vai ajudar muito nessa parte de poder ter um orçamento um pouco menor, mas sem deixar o nível cair, porque nossa base vem fortalecida e o que a gente precisa é de algumas peças no adulto para completar. Você não precisa despender todo o orçamento na equipe profissional. Isso nos ajuda muito.

ge – Essa utilização maior da base já é para a próxima temporada? Ter mais atletas da base e trazer uma peça ou outra para mesclar?

Rodrigo Canhoto: Sim, a gente vai mesclar. É como o Sesi e do Minas. Você pega o time titular, sete jogadores, os caras mais experientes. E os outros dez, da base, com esse nível elevado.

ge – Para o comando do time, vai ser o Reinaldo Bacilieri mesmo?

Rodrigo Canhoto: A gente tem que anunciar ele de forma oficial, mas ele é um cara super competente. Tem uma história aqui em São José no passado. Um cara que passou por grandes clubes, foi técnico do Pinheiros feminino por três temporadas e fez um super trabalho. No Pinheiros, foi a mesma coisa. O Bacilieri conseguiu bons resultados e, praticamente, o time do Pinheiros quase todo vinha da base. Ele já tem essa expertise de trabalhar com esses meninos que vão subir da base para o profissional e fazer essa adaptação junto com os jogadores mais experientes. Ele fez isso muito bem no Pinheiros e aqui temos certeza que vai ser a mesma coisa.

Reinaldo Bacilieri já teve passagem como técnico do Vôlei São José — Foto: Tião Martins/ PMSJC

ge – Brigar pelo título é o desejo de todo time. Mas como você vê as chances do São José no Campeonato Paulista e na Superliga da próxima temporada?

Rodrigo Canhoto: É muito imprevisível. A gente quer lutar por títulos, sim. Temos nível para poder lutar por título. Acho que esta temporada serviu de aprendizado para todo mundo. Clubes que mesclaram muitos jovens com jogadores experientes. É uma temporada muito longa. Essa molecada vem com uma saúde lá em cima. A gente espera, sim, lutando no Paulista por um título que ainda não temos e, na Superliga, fazer um bom trabalho. Claro que queremos conquistar títulos, ficar na parte de cima da tabela. Por exemplo, na temporada retrasada, conseguimos o terceiro lugar na Superliga, fomos finalistas da Copa Brasil, jogamos o Sul-Americano neste ano. A gente tem essas competições e tudo vai depender do trabalho que fizermos, o time que podermos implementar. A ideia é lutar por todos esses campeonatos.

ge – Sobre cronograma de trabalho, início dos treinos, vocês já têm definido?

Rodrigo Canhoto: Normalmente, a equipe se apresenta na segunda semana de julho. A gente deve manter a mesma programação. Começa na segunda semana de julho e daí vai até o fim da Superliga.

ge – Tem algo mais que vai ter de diferente na próxima temporada que não falamos aqui?

Rodrigo Canhoto: Fora o trabalho que vamos fazer com todos os times, acho que vamos lançar algumas ações novas. Para nós, é muito importante criarmos o sócio-torcedor. Pretendemos criar o nosso sócio-torcedor para deixar os torcedores próximos da gente, criar algumas ações junto com os patrocinadores. Temos muita gente que nos pede isso. A gente vai lançar nossa lojinha online. Vamos fazer com que o torcedor faça parte mais de perto do nossos projeto. Fazer com que os torcedores, com o sócio-torcedor, participe da gente, que façamos clínicas com o time profissional com o sócio-torcedor, aquelas visitas. Queremos estar mais integrados com os nossos torcedores, com a comunidade em São José. Queremos, através do esporte, conseguir atingir todas as pessoas que são apaixonadas pelo time.

ge – Tem mais algum recado que gostaria de deixar?

Rodrigo Canhoto: Agradeço sempre o apoio que vocês tiveram conosco aqui. Dizer que a equipe não vai acabar, a equipe vai continuar firme e forte. A gente trabalha muito, são pessoas apaixonadas aqui pelo o que faz. Somos muito agradecidos a toda torcida de São José e do Vale. Temos a maior média de torcida do vôlei brasileiro. Não é somente do masculino, é do vôlei brasileiro. Para gente, isso é muito orgulho e uma responsabilidade grande que temos na mão. Vamos continuar trabalhando forte para trazer muitas alegrias para o nossos torcedor.

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