Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

O Partido dos Trabalhadores pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a inclusão de mensagens trocadas por Jair Bolsonaro e o empresário Meyer Nigri, fundador da construtora Tecnisa, repletas de ataques ao Judiciário e desinformação sobre urnas eletrônicas, em uma ação que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

O general Walter Braga Netto, companheiro de chapa na fracassada tentativa à reeleição, também é investigado nessa ação pelos mesmos crimes.

Uma das mensagens enviadas por Bolsonaro a Nigri, e posteriormente compartilhada com outros empresários, fala em “sangue” e “guerra civil” no caso de derrota nas eleições do ano passado. O teor das mensagens foi revelado pelo colunista Aguirre Talento, do UOL.

Outras mensagens publicadas pelo GLOBO na terça-feira, mostram que Jair Bolsonaro também solicitou a Nigri “repassar ao máximo” um texto que insinuava, sem provas, uma fraude do TSE nas eleições do ano passado.

“O primeiro investigado (Bolsonaro) atuava diretamente no compartilhamento de mensagem que maldizia a atuação desta Corte Eleitoral, sobretudo do trabalho realizado pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal que a compõe, reforçando a ideia do voto impresso e que as empresas de pesquisas estariam em conluio com as Cortes Superiores para inflar os números do candidato adversário”, acusa o PT, em petição protocolada pelo advogado Ângelo Ferraro na última quarta-feira (23).

O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também acionou o TSE para incluir na ação o depoimento concedido pelo hacker Walter Delgatti Netto à CPI de 8 de Janeiro.

Na quinta-feira passada (17), Delgatti Netto afirmou aos parlamentares que foi aconselhado a criar um "código-fonte" falso para sugerir que a urna eletrônica era vulnerável e suscetível a fraude – e que Bolsonaro prometeu conceder um indulto caso ele fosse flagrado na ofensiva contra o sistema eleitoral.

O instrumento foi usado pelo então presidente com o ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira.

Para o PT, o depoimento do hacker deixa claro o “o estratagema de Bolsonaro para pôr em descrédito a legitimidade das Eleições de 2022”.

“Os fatos novos trazidos nessa oportunidade robustecem os fundamentos da presente ação, e consolidam os deliberados e multifacetados ataques de Jair Messias Bolsonaro (e demais investigados) contra o sistema eleitoral e a credibilidade da Justiça Eleitoral”, sustenta a legenda.

A ação que o PT quer “turbinar” mira os sucessivos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e ao Poder Judiciário, além da ofensiva da Polícia Rodoviária Federal (PRF) contra eleitores do presidente Lula no segundo turno.

Por esse motivo, o PT ainda pediu ao TSE o compartilhamento das investigações conduzidas contra o ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e a ex-diretora de inteligência da pasta, Marília Alencar, envolvendo os bloqueios nas estradas para prejudicar a votação de eleitores de Lula no segundo turno.

Conforme revelou a equipe da coluna, a Polícia Federal está avançando nas negociações de acordos de delação premiada com servidores do Ministério da Justiça e da Polícia Rodoviária Federal envolvidos nas operações que a corporação realizou no dia do segundo turno das eleições de 2022.

Os pedidos do PT serão analisados pelo ministro Benedito Gonçalves, que votou pela condenação de Bolsonaro no julgamento que resultou na sua inelegibilidade em junho.

A partir de novembro, o ministro Raul Araújo assume o posto de corregedor-geral da Justiça Eleitoral e, por tabela, herdará a relatoria de todas as ações que investigam a chapa Bolsonaro-Braga Netto. Araújo votou pela absolvição de Bolsonaro.

Naquele julgamento, Raul Araújo recuou da própria posição tomada em fevereiro passado e rejeitou a inclusão da minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres ao julgar o mérito da ação movida pelo PDT no caso da reunião de Bolsonaro com embaixadores no Palácio da Alvorada, marcada por ataques infundados ao sistema eleitoral.

Fontes que acompanham de perto as investigações que tramitam no TSE avaliam que essas posturas diametralmente opostas do atual corregedor (Benedito) e do futuro (Araújo) no caso da reunião dos embaixadores apontam que o sucessor deve adotar uma postura bem menos pró-ativa na coleta de provas nas ações que ainda aguardam julgamento.

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