Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Malu Gaspar

O Coronel Luís Henrique Marinho Pires, comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, afirmou em entrevista ao blog que nunca foi acionado por nenhum político para tentar trocar os chefes do batalhão de Santa Cruz e nem da unidade da corporação que investiga milícias.

Segundo o coronel, citado nas mensagens de milicianos interceptadas pela Polícia Federal, não houve qualquer pedido nem da deputada estadual Lucinha (PSD), afastada do mandato pela Justiça sob a acusação de envolvimento com a milícia, e nem o ex-deputado André Ceciliano (PT), também citado pelos criminosos nas mensagens.

Conversa interceptada pela PF revela interferência da deputada Lucinha (PSD), a 'Madrinha', em nomeações da Polícia Militar — Foto: Reprodução/MPRJ
Conversa interceptada pela PF revela interferência da deputada Lucinha (PSD), a 'Madrinha', em nomeações da Polícia Militar — Foto: Reprodução/MPRJ

Chamada de "madrinha" pelos milicianos, Lucinha é acusada pela PF de atuar para soltar presos em flagrante durante uma operação policial, além de trabalhar pela troca do comando do batalhão da PM na região dominada pelo chamado "Bonde do Zinho" e da unidade da PM que investiga as narcomilícias. O grupo é chefiado por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho.

Nessas duas ocasiões, a deputada usou o nome de André Ceciliano para explicar como intercederia em favor dos interesses da quadrilha. Para não citar diretamente o nome dele, Lucinha e os milicianos costumavam usar o termo “presidente” nos diálogos.

O comandante-geral da PM, que já era o coronel Henrique, também é citado num diálogo em que os criminosos discutiam mudanças em um batalhão da PM do Rio.

Em diálogo com miliciano Domício Barbosa de Souza, o Dom, Lucinha admite interferência para soltar presos em flagrante e compartilha selfies com o então presidente da Alerj, André Ceciliano — Foto: Reprodução/MPRJ
Em diálogo com miliciano Domício Barbosa de Souza, o Dom, Lucinha admite interferência para soltar presos em flagrante e compartilha selfies com o então presidente da Alerj, André Ceciliano — Foto: Reprodução/MPRJ

Em novembro de 2021, quando a organização trabalhava para tirar do cargo os chefes do batalhão da PM que cobre a área de Santa Cruz e da unidade que investiga as narcomilícias, o caixa do grupo criminoso manda um recado para Zinho por meio de um comparsa.

"Pedi para ela intervir na posse do major aqui em Santa Cruz. Ela vai falar com o comandante-geral da PM na terça. E com o presidente para ele também fazer o pedido".

O chefe do 27º Batalhão da PM, em Santa Cruz, área dominada pela milícia, era na época o tenente-coronel Claudio Eduardo Lopes de Oliveira. Além dele, a milícia queria tirar do posto o então Major Elton de Lima Marques, que chefiava a 8a delegacia de Polícia Judiciária, responsável por apurar a participação de policiais e ex-policiais em narcomilícias.

O comandante do 27° Batalhão só deixou o cargo em agosto de 2022 e o da unidade que investiga as milícias saiu no mês passado. Ambos foram transferidos para outros postos de comando.

"Eles saíram por razões puramente administrativas. Ninguém nunca me pediu nada dessa natureza, até porque não dou espaço", disse o coronel, que foi nesta segunda-feira à sede da Polícia Federal para falar sobre o caso.

O comandante-geral disse ainda que vai apurar o que aconteceu na operação em que quatro integrantes da milícia teriam sido liberados sem flagrante por interferência de Lucinha.

No caso de Ceciliano, há outras menções a ele por parte da deputada e dos milicianos. Mas ele não é alvo da investigação da PF. O relatório da Operação Batismo entregue à Justiça, ao qual tivemos acesso, enfatiza que as menções parecem apenas em "diálogos de terceiros que, por si só, não deixam claro se André Ceciliano tinha consciência e vontade de patrocinar os interesses da milícia ou se estava, a todo momento, sendo usado pela sra. Lucia Helena [deputada Lucinha], sem ter plena consciência de que os pedidos da parlamentar eram ilícitos e visavam favorecer a milícia da Zona Oeste."

Questionado pela equipe do blog, o petista afirmou que nunca foi acionado para trocar comandante de batalhão e, embora tenha relação política com a deputada, nunca fez nem reuniões de campanha com ela nas últimas eleições.

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