Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Malu Gaspar

A Polícia Federal recebeu o primeiro aviso de que Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, iria se entregar, pelo menos quatro dias antes da Operação Batismo, que teve como alvo a deputada estadual Lucia Lucia Helena Pinto de Barros, ou Lucinha (PSD). Em seguida a PF ainda realizou a Operação Dinastia 2, que tinha como um dos objetivos prender justamente Zinho e outros integrantes da organização criminosa.

De acordo com fontes envolvidas na negociação, a emissária encarregada de fazer o contato, aadvogada Leonella Vieira da Costa, procurou primeiro o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, que é policial federal aposentado, para dizer que o miliciano queria se entregar, mas não para a Polícia Civil e nem para a Militar.

Tudo porque o bandido tinha medo de morrer sob a custódia de uma dessas polícias – e segundo os emissários deixaram implícito nas conversas foi essa a principal razão pela qual Zinho decidiu parar de fugir.

Depois do contato da advogada, as conversas continuaram com a PF, que se comprometeu a entregá-lo vivo ao sistema prisional fluminense.

Ainda assim, não foi marcada uma data para que o miliciano se apresentasse – e por isso desde o final de semana anterior a PF já trabalhava com a possibilidade de prendê-lo.

Mas Zinho só se entregou mesmo depois das operações sobre seu grupo, e de surpresa. A advogada só entrou em contato quando já estava com o cliente na porta da Superintendência da Polícia Federal.

No depoimento que deu na própria PF, ele não disse praticamente nada, não disse onde se escondia e nem esclareceu porque decidiu se entregar na véspera de Natal – embora os investigadores suponham que ele tenha feito essa escolha para facilitar o deslocamento rápido pela cidade, ou para despistar os inimigos.

Depois de examinado no Instituto Médico Legal (IML), o miliciano foi encarcerado na área reservada do presídio Bangu 1 com outros 11 milicianos, incluindo Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, acusado de chefiar a milícia de Rio das Pedras.

Zinho, que estava foragido desde 2018 e tem contra si 12 mandados de prisão, é o último integrante da cúpula familiar da milícia que domina boa parte da zona Oeste do Rio.

Seus irmãos Wellington da Silva Braga, o Ecko, e Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, além do sobrinho, Matheus da Silva Rezende, o Faustão, morreram depois de serem interceptados por policiais.

Além dos próprios policiais, Zinho temia que o grupo rival, comandado pelo ex-comparsa Tandera, pudesse ter pessoas infiltradas nas forças de segurança que armassem algum tipo de emboscada para ele.

Fontes ligadas à investigação trabalham ainda com a hipótese de que Zinho também estivesse preocupado com eventuais traições na própria milícia.

Ecko, que morreu em 2021, foi abatido inclusive dentro da van da Polícia Civil em que estava sendo levado para um hospital depois de ser preso e tomar um tiro.

Segundo a versão divulgada pela polícia à época, já na van ele teria tentado tirar a arma da mão de uma policial e um colega revidou imediatamente, atirando no peito do miliciano.

Em outubro passado, foi a vez do sobrinho de Zinho, Matheus da Silva Rezende, o Faustão, ser baleado durante uma operação policial. Em resposta, a milícia promoveu um tumulto em que 35 ônibus e um trem foram queimados.

Esse histórico pesou na decisão do miliciano ao ver o cerco contra seu grupo apertar.

Investigadores envolvidos nas duas operações realizadas nos últimos dias no Rio acreditam que elas tenham ajudado Zinho a apressar o movimento, mas sabiam desde antes que ele já tinha tomado a decisão de se entregar.

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