Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna
Por e — São Paulo e Rio

O desempenho do coach Pablo Marçal (PRTB) nas primeiras pesquisas divulgadas após o lançamento de sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, no fim de maio, já embaralhou a campanha do incumbente Ricardo Nunes (MDB) e a disputa pelo voto bolsonarista. Mas, apesar da larga liderança nas buscas e no engajamento nas redes, o empresário está em desvantagem em pelo menos um quesito em relação aos rivais.

Mesmo figurando em terceiro lugar nos primeiros levantamentos que testaram seu nome junto aos eleitores, Marçal por enquanto não está habilitado a participar dos debates de TV. Isso porque o PRTB, seu partido, não elegeu nenhum parlamentar em 2022. A legislação em vigor obriga o convite apenas a quem elegeu cinco congressistas na última eleição geral.

Além disso, por enquanto não há sinal de que ele vá conseguir compor uma coligação com outra sigla com representação no Congresso Nacional, o que significa que as emissoras estão desobrigadas de convidá-lo para os debates.

Entre os partidos com representação no Congresso, todos já lançaram pré-candidatos ou acenaram com apoios – ainda que informalmente – aos políticos da corrida municipal. As candidaturas e alianças são definidas oficialmente pelas convenções partidárias, que devem ser realizadas até 5 de agosto.

Até lá, as siglas que já fecharam com outros pré-candidatos ainda podem mudar seus planos e eventualmente se coligar com o PRTB do coach ou com qualquer outra legenda, além de lançar candidaturas próprias.

É com essa janela de tempo que Marçal conta para ampliar sua candidatura e atrair outros partidos. Como mostrou o colunista Lauro Jardim, ele tenta fechar com o União Brasil, que tem o deputado federal Kim Kataguiri (SP) como pré-candidato, mas também acena a Ricardo Nunes.

Estratégia eleitoral

Para estrategistas que atuam na campanha pela prefeitura de São Paulo, os debates terão um papel relevante na disputa, em especial para ampliar a base de eleitores e atingir certo nível de capilaridade nas periferias.

Um exemplo é o do rival Guilherme Boulos (PSOL), que superou figuras de peso como o ex-governador Márcio França (PSB) e o deputado Celso Russomanno (Republicanos) e conseguiu avançar para o segundo turno contra Bruno Covas (PSDB).

O pré-candidato do PRTB afirma que está conversando com “com grandes partidos”, sem especificar quais, e garante que não estar com pressa para definir sua coligação.

“Estamos a oito semanas da convenção e muito tranquilos, em paz”, disse Marçal à equipe do blog. “Não estamos fechando nada de forma antecipada justamente porque o jogo está se movendo. É uma conjectura política dinâmica”.

O mesmo vale, segundo ele, para a escolha do vice. “Inclusive o próprio prefeito da capital [Nunes] não tem vice ainda. Foi uma antecipação ansiosa do presidente Lula em colocar a Marta Suplicy [na chapa do rival Guilherme Boulos, do PSOL] para dar as cartas do jeito dele”.

Apesar de filiado a um partido nanico, que mesmo ocupando a vice-presidência do Brasil no governo Jair Bolsonaro com Hamilton Mourão não teve desempenho expressivo nas eleições municipais de 2020, Marçal tem conseguido atrair interlocutores da classe política em São Paulo e em Brasília.

Na última semana, ele foi ciceroneado por deputados durante visitas à Câmara dos Deputados, e se reuniu com o ex-governador João Doria (sem partido) para pedir conselhos sobre como tocar sua campanha.

A boa colocação de Marçal nas pesquisas impressionou políticos experientes, incluindo bolsonaristas, e abalou a estratégia da campanha do prefeito Ricardo Nunes de escolher um vice de centro, como publicamos na última terça-feira.

Na pesquisa do instituto AtlasIntel divulgada no último dia 28, Marçal tem 10,4% das intenções de voto, atrás de Guilherme Boulos (PSOL), com 37,2%, e de Nunes, com 20,5%.

Em outro levantamento, realizado pelo Datafolha e divulgado no dia 29, o coach está empatado com Tabata Amaral (PSB) na terceira colocação com 9% das intenções de voto em um dos cenários testados.

Em 2022, após uma tentativa fracassada de concorrer à Presidência pelo Pros, Marçal concorreu à Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo e recebeu expressivos 243 mil votos, dos quais 52 mil vieram da capital.

Mas o coach teve a candidatura inicialmente rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por irregularidades na documentação e concorreu sub judice. Após a eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou seu registro em definitivo, e os votos não foram contabilizados.

A disputa, de toda forma, sinalizou que Marçal tem o potencial de transformar parte de sua popularidade digital em capital eleitoral – coisa de que a esta altura já ninguém duvida.

Outro consenso, porém, é o de que, se quiser chegar ao segundo turno e ter alguma chance de vencer a eleição, Marçal vai precisar estar nos debates televisivos.

Capa do audio - Malu Gaspar - Conversa de Bastidor
Mais recente Próxima Projeto antidelação une aliados de Lula e Bolsonaro em frente ampla a favor das máfias
  翻译: