Tecnologia
PUBLICIDADE
Por — São Paulo

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 18/06/2024 - 04:00

IA da Meta e erros sobre Lula e gênero

A inteligência artificial da Meta apresenta erros sobre Lula e estereótipos de gênero. Disponível em julho no Brasil para Facebook, Instagram e WhatsApp, a IA precisa aprimorar suas respostas e imagens. A transparência sobre a fonte de informações também é questionada.

A inteligência artificial (IA) generativa da Meta, que vai rodar no WhatsApp, Facebook e Instagram, pode gerar respostas inconsistentes sobre informações básicas da política brasileira, como quem é o presidente atual do Brasil, além de reproduzir estereótipos de gênero ao criar imagens. A ferramenta começa a ser liberada no país em julho, mas O GLOBO fez um teste com usuários brasileiros que já têm acesso aos recursos.

A IA da Meta, como é chamada, é a principal aposta da gigante das redes sociais para competir com o ChatGPT, da OpenAI. O sistema está disponível nos Estados Unidos e algumas dezenas de países. Há duas semanas, em um evento em São Paulo, a empresa anunciou que ele seria liberado gradualmente no Brasil, em português, ao longo do mês que vem. A Meta promete informações em tempo real.

Com o novo recurso, os usuários de Instagram, WhatsApp e Facebook terão acesso a um robô de IA. Uma das principais formas de acessá-lo é pela caixa de busca que existe nas três redes.

Sem pegadinhas

O sistema, que é integrado a informações de Bing e Google, fornece, em tese, informações atualizadas. Em testes feitos pelo GLOBO, no entanto, a IA desconsiderou que Lula era o atual presidente do Brasil e afirmou que Jair Bolsonaro foi o mandatário brasileiro entre 2019 e 2023.

As respostas vieram para os pedidos de informação, em português, “Fale sobre o presidente Lula” e “Fale sobre o presidente anterior”.

Informações sobre o presidente Lula pelo IA da Meta — Foto: Juliana Causin/O Globo
Informações sobre o presidente Lula pelo IA da Meta — Foto: Juliana Causin/O Globo

No primeiro pedido, a IA diz que Lula foi presidente entre 2003 e 2011, sem mencionar o mandato atual. No segundo, afirma que “o presidente anterior ao atual, Jair Bolsonaro, foi Michel Temer”. O robô define Lula como um “dos líderes políticos mais populares e influentes da história brasileira”.

Sobre Temer, afirma que ele implementou “various (usou o termo em inglês para diversas) políticas econômicas”. O robô se corrigiu depois de ser avisado que o presidente atual é Lula e o anterior, Bolsonaro.

Ao fim das respostas, a IA admite que ainda está “aprimorando” comandos para idiomas que não o inglês e pode cometer erros. Mas também houve imprecisões em parte dos testes feitos em inglês. Em um deles, a IA repetiu que o mandato de Bolsonaro foi até 2023.

Nas respostas mais acertadas sobre quem é o presidente atual do Brasil, sem erros, a IA da Meta fornece referências de links para as informações, como da Al Jazeera em inglês e do site oficial da Casa Branca, e indica que o conteúdo foi gerado com ajuda do Bing.

Apesar de tudo, o robô acertou mais do que errou. A IA também não caiu em “pegadinhas”, como ocorreu, no mês passado, com a IA do Google. O sistema da Meta, por exemplo, indicou que os usuários não deveriam comer pedras, em uma pergunta que induzia ao erro.

Ao atender um pedido em português para criar a bandeira brasileira, o robô gera bandeira com traços azuis e brancos; ao pedido em inglês, as cores foram corretas, mas faltou o lema e algumas estrelas — Foto: Juliana Causin/O Globo
Ao atender um pedido em português para criar a bandeira brasileira, o robô gera bandeira com traços azuis e brancos; ao pedido em inglês, as cores foram corretas, mas faltou o lema e algumas estrelas — Foto: Juliana Causin/O Globo

O mesmo aconteceu em outros testes que perguntavam sobre a confiabilidade das vacinas e sobre o histórico de presidentes americanos nos EUA.

O sistema também se mostrou útil para informações genéricas sobre cidades (por exemplo, como ir de um ponto a outro de São Paulo) e em roteiros de viagens.

Escala inédita

O antropólogo David Nemer, professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, que participou dos testes com O GLOBO, lembra que a chegada do recurso ao WhatsApp no Brasil dará uma escala inédita ao uso da IA da Meta.

Ele lembra que o ChatGPT tem cerca de 200 milhões de usuários no mundo. Só no Brasil, a estimativa é de que o WhatsApp esteja nos celulares de 150 milhões de pessoas.

— Muitas vezes a inteligência artificial vai acertar, principalmente para questões mais simples. As pessoas vão fazer perguntas mais tolas e ver que as respostas fazem sentido. O risco é que, para questões mais complexas, que IA não consiga responder, as pessoas possam tomar aquelas informações como acertadas sem questionamentos. Esse é um perigo — afirma Nemer.

Ele avalia, porém, que o fato da IA sugerir artigos e links de referência pode ajudar a minimizar o risco de desinformação. Mesmo assim, há dúvidas sobre que tipo de site seria usado. Para Nemer, falta transparência sobre de onde os sistemas de IA generativa, como o da Meta, tiram informações.

Alexandre Nascimento, especialista da SingularityUBrazil, que também participou do teste do GLOBO, pondera que os principais erros da IA aconteceram principalmente nas interações feitas com a IA em português, quando o sistema indicou que ainda teria dificuldades em dar respostas acuradas. Para ele, a tendência é que a Meta aperfeiçoe a ferramenta conforme sua expansão.

Esteriótipo de um CEO brasileiro: homem e branco — Foto: Juliana Causin/O Globo
Esteriótipo de um CEO brasileiro: homem e branco — Foto: Juliana Causin/O Globo

— A qualidade (das informações) deixa a desejar. Dá para ver que ele se confunde bastante, mas a confusão foi muito ligada ao contexto do Brasil, e ele mesmo faz uma ressalva que é uma versão preliminar — avalia Nascimento. — Eles ainda têm muito a melhorar.

Nos testes para a geração de imagem, também houve inconsistências. O sistema, por exemplo, teve dificuldades para criar a bandeira do Brasil. Em um pedido feito em português, o robô gerou uma bandeira com traços azuis e brancos na metade final e não conseguiu escrever “Ordem e Progresso”. Ao pedido em inglês, a IA usou as cores corretamente, mas também sem o lema e com apenas 18 estrelas, em vez de 27.

Ao ser requisitada a gerar imagens de mulheres e homens, a IA não teve “alucinações”, mas reproduziu estereótipos: parte das mulheres foi retratada cozinhando, enquanto os homens apareciam em escritórios ou na rua. Foram pedidas imagens de mulheres e homens do Brasil, Itália, EUA, Quênia e China.

Foram pedidas também imagens “de uma pessoa que é CEO de uma grande empresa” e “de um CEO brasileiro”, sem especificações sobre raça ou gênero (em inglês, o artigo indefinido é neutro). Os resultados apresentaram homens brancos, de olhos claros.

Ao retratar imagens de mulheres de diferentes nacionalidades, IA as coloca cozinhando — Foto: O Globo/Imagens geradas pela IA da Meta
Ao retratar imagens de mulheres de diferentes nacionalidades, IA as coloca cozinhando — Foto: O Globo/Imagens geradas pela IA da Meta

— Se pedimos para criar uma imagem do Brasil ou dos EUA, é claro que a IA vai se apegar a estereótipos — diz Nemer. — Mas quando a gente olha para a questão do gênero, fica mais complicado, porque você tem ali mulheres exercendo funções que historicamente foram definidas para elas. Essa é a problemática. O estereótipo de CEO, infelizmente, acaba sendo esse homem branco.

Atualização constante

Para a brasileira Thaís Lima, especialista de pesquisa e marketing que mora nos Estados Unidos, a IA da Meta parece menos avançada que o ChatGPT. Além dos testes propostos pelo GLOBO, ela avaliou que o sistema deu respostas menos completas para pedidos como de “criar um treino de academia” e “recomendações de filme”:

— Comparado com o serviço da OpenAI, me parece que o Llama (nome do modelo de IA usado pela Meta) ainda está bem no começo. Acho que eles lançaram para concorrer com ChatGPT, mas ainda não está no mesmo nível.

Perguntada sobre as inconsistências e o viés na criação de imagens, a Meta afirmou em nota que os “assistentes baseados em inteligência artificial generativa são uma tecnologia ainda nova e nem sempre entregam a resposta que pretendemos”. E acrescentou que isso se aplica a “todos os sistemas de IA generativa”: “Desde que lançamos nossos produtos, em setembro do ano passado, em inglês, nos Estados Unidos, estamos constantemente atualizando e melhorando nossos modelos”.

Webstories
Mais recente Próxima Comissão do Senado pode votar projeto que regulamenta IA
Mais do Globo

Resultado do Festival de Parintins 2024 foi divulgado nesta segund-feira (1); campeão deste ano é o Boi Caprichoso

Quem ganhou o Festival de Parintins 2024?

Com alta do dólar e do petróleo, diferença entre o valor cobrado no Brasil e no exterior é o maior desde meados de abril

Defasagem no preço da gasolina praticado pela Petrobras já chega a 19%

Influenciadora compartilhou clique com a sertaneja nas redes e ganhou comentário da mãe

Lauana Prado surge em nova foto com Tati Dias, recebe apoio da sogra e a elogia: 'A melhor do mundo'

Tricolor perdeu últimos seis jogos e não vence há dez jogos no campeonato

Fluminense na lanterna do Brasileiro rende zoações de rivais; veja memes

Dia da Independência da Bahia, em 2 de julho, é feriado apenas no estado da Bahia

Independência da Bahia é feriado? Por que data é celebrada em 2 de julho?

Manobra tem poucas chances de ser bem sucedida a curto prazo, mas advogados querem atrasar o anúncio da pena imposta ao ex-presidente, marcado para semana que vem

Após decisão da Suprema Corte sobre imunidade, Trump quer anular condenação por suborno a ex-atriz pornô

Valor máximo por projeto é de R$ 10 milhões, não reembolsáveis, mediante dedução fiscal

BNDES divulga as regras para apoio a projetos de patrimônio cultural pela Lei Rouanet

Os médicos usaram uma pinça de joalheiro para retirar o objeto estranho; a visão do homem levou mais de cinco meses para voltar a melhorar

Em caso raro, homem de 55 anos é picado por abelha no olho e ferrão fica alojado no órgão; entenda
  翻译: