O momento era perfeito para virar a chave e dar o pontapé inicial para uma mudança de ares no Campeonato Brasileiro: um adversário direto na briga contra o rebaixamento e um Maracanã com a torcida dando um voto de confiança após a demissão de Fernando Diniz. Mas a noite que tinha tudo para ser um novo capítulo para o Fluminense, se tornou um filme repetido.
Os pouco mais de 24 mil tricolores que foram até o Maracanã para apoiar o Fluminense neste momento bem delicado que a equipe vive na temporada viveram um 'déja vu' das últimas rodadas, ainda sobre o comando de Fernando Diniz. Apático no ataque e vulnerável na defesa, o Tricolor sofreu quinta derrota consecutiva, segue na lanterna do Brasileirão com apenas seis pontos em 12 rodadas e acumula nove jogos sem uma vitória.
Vitória que, por sua vez, fez um jogo correto e bastante digno no Maracanã. O time baiano não apenas soube aproveitar os problemas defensivos do Fluminense, como também usou da impaciência e da tensão que tomou conta da torcida para deixar a equipe tricolor cada vez menos confiante dentro da partida, e foi premiado com um gol no fim para conquistar os três pontos.
E se o Vitória mostrou ser um time organizado e consciente de suas ações, o Fluminense foi o antônimo perfeito. É bem verdade que Marcão teve apenas três dias para preparar a equipe para a partida após a demissão de Fernando Diniz, mas o que se viu foi um time que não sabia se mantinha o estilo de jogo que praticou nos últimos dois anos ou se tentava algo diferente pedido pelo novo técnico. Com isso, a equipe não fez uma coisa nem outra.
O Fluminense fez um primeiro tempo digno de vaias. Lento na saída de bola, sem ritmo para progredir e inofensivo para levar perigo ao gol do Vitória. Em um lampejo, Terans e Ganso criaram a melhor chance tricolor, já perto do intervalo, quando Cano obrigou o goleiro Lucas Arcanjo a fazer uma bela defesa.
Marcão soube ler o jogo no intervalo ao sacar Gabriel Pires para a entrada de Alexsander. O volante entrou bem e deu outra dinâmica para o Fluminense. Os primeiros 15 minutos da etapa final foram os melhores da equipe nos últimos jogos. Mais leve, o Tricolor trocou passes, fez triangulações, pressionou o Vitória e quase marcou com Marcelo, mas Lucas Arcanjo novamente apareceu para evitar o gol.
O lance, que incendiou o Maracanã e trouxe a torcida novamente para o jogo, foi o último suspiro do Fluminense no jogo. O Vitória soube se recolocar na partida, neutralizou os ataques tricolores, esfriou o jogo e transformou o ambiente - que era de apoio - em uma tensão quase tangível no estádio. Nem mesmo as mexidas ofensivas de Marcão fizeram o Flu voltar ao bom ritmo. Muito pelo contrário, o time piorou e ficou cada vez mais exposto, dando voz ao problema aparentemente crônico de transição defensiva. E foi justamente ao explorar essa vulnerabilidade que o Vitória deu o golpe fatal e venceu a partida.
- O gol que tomamos, eles discutiram no vestiário. Na situação, eram quatro jogadores nossos e um deles. Naquele momento se tivesse que fazer uma falta tática, estaria todo mundo atrás da linha da bola e não teríamos esse risco e não tomaríamos esse gol. Foi uma jogada que vamos sentar, analisar, ver algumas vezes, mas estamos na zona de rebaixamento e a brecha que você dá, você acaba tomando o gol. É o momento que la atrás não pode errar, não pode falhar - disse Marcão, após a partida.
A torcida - que apoiou e fez a sua parte durante os 90 minutos - não resistiu a mais uma derrota dentro de casa e respondeu ao desempenho da equipe ao gritar 'time sem vergonha' no apito final, após mais uma partida longe do que se espera de um elenco tão qualificado e que conquistou o titulo mais importante da história do clube há pouco mais de sete meses.
O Tricolor segue na última colocação, com apenas uma vitória em 12 rodadas e seis pontos na tabela. Na próxima rodada, a equipe terá outro confronto direto na briga contra o rebaixamento, contra o Grêmio, fora de casa, em Caxias do Sul, no domingo, às 16h (horário de Brasília), no Estádio Centenário.