Patrícia Kogut
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RESUMO

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GERADO EM: 17/06/2024 - 22:30

Fargo: quinta temporada no Prime Video

A quinta temporada de 'Fargo' no Prime Video é uma produção arrebatadora ambientada em Minnesota durante o processo de impeachment de Trump. Com temas atuais e personagens femininas fortes, a série mantém a essência do filme de 1996, tecendo uma trama inteligente e complexa.

Vale a pena vasculhar o catálogo do Prime Video. A quinta temporada de “Fargo” está (inexplicavelmente) escondida lá. Trata-se de uma das melhores produções que eles têm a oferecer no momento e estreou recentemente. Vai entender... Mas, em vez de perder tempo tentando decifrar as razões desse paradoxo entre os verbos “oferecer” e “esconder” juntos na mesma frase, mergulhe logo na série, leitor. Ela é tão arrebatadora quanto as anteriores.

A ação se passa, como sempre, em Minnesota. Estamos em em 2019, na época da abertura do processo do primeiro impeachment de Donald Trump. Os conselhos escolares estavam em fúria e as lojas de armas, vendendo muito. O fã de “Fargo” vai estranhar os dois primeiros episódios ambientados fora do inverno, mas logo a paisagem nevada volta a dominar a série.

jon hamm/fargo — Foto: divulgação
jon hamm/fargo — Foto: divulgação

A América profunda, caipira e defensora dos mandamentos trumpistas está em todos os núcleos. Como sempre, os episódios (são dez) começam com um aviso. “Esta é uma história verídica”, diz o letreiro. Trata-se de uma ironia, claro. O enredo derivado do clássico policial do cinema criado pelos irmãos Joel e Ethan Coen (agora a cargo de Noah Hawley) é mentirinha. Ele, entretanto, satiriza as diferentes percepções da realidade. Desta vez, mais do que nas temporadas antigas, temas da política atual invadem tudo. Então, o que se convencionou chamar de “narrativas”, está no centro da história. Uma cena do quinto episódio explicita essa intenção. Acontece quando um policial encontra uma fugitiva. Ela disfarça, mas ele diz: “Eu estou te reconhecendo, essa é a realidade”. Em resposta, ouve do advogado dela: “Só que nós temos a nossa própria realidade”.

Juno Temple vive a personagem central. Dorothy Lyon é uma pacata dona de casa, mãe, casada com um bobão, por quem, no entanto, é apaixonada. No passado, teve outra identidade. Foi mulher do xerife do condado de County, na Dakota do Norte, Roy Tillman (Jon Hamm). Roy costuma recitar versículos bíblicos e é mau. Ela fugiu das surras dele e recomeçou a vida longe. Dorothy, exímia atiradora, é dona de técnicas de defesa pessoal e dá rasteiras em todos os caçadores enviados pelo ex-marido. Outra estrela do elenco é Jennifer Jason Leigh, a sogra da protagonista. Bilionária, também gosta de ditar regras nesse cafundó sem lei.

Os personagens mais ativos ou positivos são mulheres. “Fargo” é feminista.

É possível conferir as temporadas de forma avulsa. Mas assistir a tudo é muito melhor. Há inúmeras citações a capítulos antigos e ao filme de 1996. Por exemplo, na primeira temporada, um personagem cava a terra até achar uma mala de dinheiro. O tesouro tinha sido posto ali pelo bandido (Steve Buscemi) do filme dos irmãos Coen. Agora, no sétimo episódio, Dorothy volta a cavar a neve e encontra um recado deixado por outra pessoa. De novo, acontece na beira de uma estrada. “Fargo” é assim, um novelo que serve a tecer uma trama complexa, inteligente e bonita de se ver.

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