Eleições EUA
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“Meus primeiros atos como seu próximo presidente serão fechar a fronteira, PERFURAR, BABY, PERFURAR, e libertar os reféns de 6 de Janeiro que estão erroneamente presos”, escreveu na rede social Truth Social, em março desse ano, o ex-presidente americano Donald Trump, reiterando uma promessa que tem feito desde o início do ciclo eleitoral. Apesar de rejeitar qualquer relação com o ataque ao Capitólio, promovido por seus apoiadores em 6 de janeiro de 2021, e motivado por uma denúncia de fraude eleitoral jamais comprovada, Trump tem usado a possibilidade de perdoar os invasores para incendiar a própria base.

As promessas não parecem ser mera figura retórica. Em diversas ocasiões, Trump se encontrou com parentes de envolvidos com a invasão, ouvindo lamentos, reclamações e, acima de tudo, pedidos para que liberte seus filhos, amigos, maridos. Em um desses encontros, na residência de Mar-a-Lago, relatado pelo Washington Post, Trump prometeu Geri Perna, tia de um homem preso pelo FBI, mas que tirou a própria vida antes do julgamento, um perdão póstumo caso ele retornasse à Casa Branca.

— As pessoas aqui têm esperança de que seus parentes que participaram do 6 de Janeiro voltem para casa — afirmou Geri Perna a Trump, como relatou posteriormente em entrevista ao Washington Post. — Mas nosso participante do 6 de Janeiro jamais retornará.

Desde a invasão do Capitólio, que tentava impedir a confirmação da vitória de Joe Biden na eleição de novembro de 2020, 1.358 pessoas foram formalmente acusadas por pelo menos um crime, segundo números do Departamento de Justiça. Quase 500 estão sendo julgadas ou já foram condenadas — em 2023, o líder do grupo extremista Proud Boys, Henry Tarrio, recebeu uma pena de 22 anos de prisão, por acusações que incluíam insurreição e conspiração, a maior até hoje.

O próprio Trump é alvo de um processo criminal relacionado ao ataque, que corre na Justiça Federal, mas que não deve ser julgado antes de novembro. Entre as acusações, conspiração para fraudar os EUA e os direitos dos cidadãos americanos, além de obstrução de um procedimento oficial. Se condenado, estaria sujeito a penas de mais de 20 anos de prisão.

Apesar do ataque ter sido um dos mais graves incidentes de violência política interna da história americana, e ter posto em xeque alguns dos alicerces da democracia americana e a força das instituições, Trump não criticou seus apoiadores: ao invés disso, tem repetido e amplificado as teorias da conspiração sobre as eleições feitas há quatro anos, e apontado supostas injustiças de promotores e do Departamento de Justiça para inflamar suas bases.

— O Trump que está chegando para as eleições de 2024 decidiu apostar tudo na imagem do candidato pró-6 de Janeiro — declarou, em entrevista ao site da emissora pública NPR, Tom Joscelyn, especialista em contraterrorismo que participou da investigação da Câmara sobre o ataque, um inquérito boicotado pelos trumpistas. — Ele está a todo vapor dando apoio e, à sua maneira, endossando os extremistas que atacaram o Capitólio.

Coral de prisioneiros

No primeiro comício depois de garantir matematicamente a indicação do Partido Republicano para disputar a Presidência, no estado de Ohio, Trump seguiu a rotina de saudar seus apoiadores, e um coro entoando o hino nacional ecoou no sistema de som — as vozes, gravadas, eram de pessoas presas por atos ligados à invasão. Antes da canção, um apresentador pediu à multidão que levantasse em homenagem “aos reféns de 6 de Janeiro, que foram tratados de forma horrível e injusta”.

— Eles são patriotas inacreditáveis — afirmou Trump, quando a música cessou.

O expediente foi repetido em outros comícios, e o ex-presidente tem se reunido não apenas com parentes dos presos, mas também com lobistas pró-invasores. Um desses grupos, o Patriot Freedom Project (“Projeto de Liberdade Patriota”), se apresenta como um veículo para defender os “perseguidos políticos dos EUA”, e traz em sua página o endosso de Trump e links para doações. Dinesh D’Souza, escritor e diretor de documentários de viés conspiracionista, deu US$ 100 mil (R$ 538 mil) ao grupo, e registros oficiais mostram uma doação de US$ 10 mil (R$ 53,8 mil) da campanha de Trump.

Em discurso, Trump distorce fatos para pôr em dúvida condenação histórica

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O domínio trumpista sobre o Partido Republicano permitiu que teorias outrora marginais da conspiração, como sobre a responsabilidade pela invasão (imputada até à ex-presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi) e o processo eleitoral, se tornassem centrais. Passados quatro anos da vitória de Biden, Trump jamais reconheceu formalmente a derrota, e em abril disse que só aceitará os números de novembro se considerar que “tudo foi honesto”. Neste contexto, a defesa da anistia aos que invadiram o Congresso e puseram centenas de parlamentares, assessores, policiais e jornalistas em risco, é um passo quase esperado de um líder político que usa o radicalismo como plataforma.

— Quando um golpe contra um regime democrático acontece e não é punido, isso é um indicador muito forte do fim do Estado de direito e da vitória de um movimento autoritário — disse à Associated Press o autor do livro “Como Funciona o Fascismo”, Jason Stanley. — Os americanos têm muitos problemas para entender que o que acontece na maior parte do mundo pode acontecer aqui também.

Caso seja eleito, resta saber se e como Trump cumprirá sua promessa de libertar os invasores e perdoar seus crimes. No final de abril, em entrevista no tribunal de Nova York onde acompahava um processo sobre os pagamentos indevidos pelo silêncio de uma ex-atriz pornô (no qual foi condenado), Trump sugeriu que poderia aplicar um perdão amplo. Em outra entrevista, à rede NBC, em setembro do ano passado, não descartou incluir membros do Proud Boys em sua lista. Tecnicamente, não há limites ao perdão presidencial — nem mesmo para benefício próprio.

— As promessas de perdão podem ser uma forma de declarar publicamente a essas pessoas que a lei não se aplica a eles quando é conveniente para o presidente que elas ajam em seu nome de maneira ilegal — disse ao Washington Post Grant Tudor, integrante do grupo anti-autoritarismo Protect Democracy, que defende limites ao poder do perdão do presidente. — É um sinal de que aquilo que aconteceu foi aceitável.

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