Apontado pela polícia como principal suspeito do desaparecimento da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, vista pela última vez no dia 29 de fevereiro, o técnico de informática Lourival Correa Netto Fadiga, preso desde o dia 20 de março, usou os dados de Benjamim Cordeiro Herdy, de 78, marido da vítima, para depositar em uma empresa intermediadora, que atua junto a uma plataforma de negociação de criptoativos, parte dos R$ 4,6 milhões, exigidos em dólares, reais e em bitcoins para que a advogada voltasse para casa.
Benjamim e Anic são casados há mais de 20 anos. Ele é um dos filhos do fundador de um complexo educacional que deu origem a uma universidade particular, vendida para outro grupo educador, em 2021. Apesar da família ter concluído a entrega de todo o valor exigido, Anic nunca retornou para casa. Ela está desaparecida há 110 dias, período que se completou nesta segunda-feira. Investigações da 105ª DP (Petrópolis) revelam que o suspeito criou um e-mail em nome de Benjamim e depositou R$ 790 mil, no dia 8 de março, numa conta de uma empresa que iria intermediar a compra de bitcoins, junto a uma plataforma de negociação de criptoativos. Na última quarta-feira, a polícia conseguiu rastrear o dinheiro e apreender a quantia. É que, como Lourival foi preso no dia 20 de março, ele não teria tido tempo suficiente para entregar o restante da documentação exigida para conclusão do negócio.
Outra parte do dinheiro do resgate foi depositada por Benjamim em 40 contas de doleiros e de empresas exportadoras, indicadas por Lourival. Três desses depósitos, no valor de R$ 325 mil cada um, serviram para a compra de 950 celulares, num comércio do Paraguai. Os aparelhos iriam abastecer uma loja do suspeito, localizada em Teresópolis, na Região Serrana. Investigações mostram que os aparelhos teriam sido entregues a um atravessador, que por sua vez iria levar a mercadoria até o lado brasileiro da fronteira. No entanto, a polícia ainda não conseguiu apreender os telefones.
A última parte do resgate foi entregue pela família de Anic no dia 11 de março. Na ocasião, Benjamim e Lourival levaram o dinheiro em uma mochila que deveria ser entregue em um shopping, na Zona Oeste do Rio. No mesmo Anic seria libertada. No meio do caminho, o suspeito alegou ter recebido uma mensagem em seu telefone, onde sequestradores indicavam que ele deveria levar o resgate para ser colocado em uma cesta de lixo, localizada na comunidade do terreirão, no Recreio dos Bandeirantes. Enquanto isso, o marido de Anic deveria esperar por ela no shopping da Zona Oeste.
Nenhuma das duas coisas aconteceu. Segundo a polícia, Lourival foi até uma concessionária da Barra da Tijuca e comprou por R$ 500 mil uma picape. A compra foi feita em espécie. Como a advogada não reapareceu, a família dela registrou o caso na 105ª DP, no dia 14 de março. Seis dias depois, Lourival foi preso por ordem da Justiça.
Lourival era amigo de Benjamim e Anic há três anos. Após se apresentar como falso policial federal, ele chegou a ser responsável pela segurança da família da advogada chegava a acompanhar o casal em viagens. Além de Lourival, também estão presos um filho, uma filha e a ex-namorada do técnico de informática. Todos são suspeitos de ajudar de alguma maneira a execução do crime. As defesas de todos os presos já negaram anteriormente envolvimento dos seus clientes no desaparecimento da advogada.
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