- é +: por que a simplicidade vai dar o tom das histórias do amanhã?
Em meio à intensa programação do Future of Storytelling (FoSt) – evento que reuniu criativos, cientistas e marqueteiros no início de outubro em NYC – fui interrompido para uma conversa no mínimo interessante.
A interlocutora não era alguém com quem eu ansiava fazer networking – mas ninguém menos que Clarissa Dalloway, a personagem mais famosa de Virgínia Woolf.
Como uma amiga das antigas, ela me pegou pelo braço e contou como estavam os preparativos para a festa que daria à noite em sua casa, uma simples desculpa para falar de lembranças da vida e mergulhar em seu inconsciente. Exatamente como no romance da escritora britânica.
Mrs. Dalloway era apenas uma das figuras emblemáticas espalhadas pelo Snug Harbor Cultural Center, onde aconteceu o FoSt. Ela estava lá para lembrar que as histórias que se perpetuam não são feitas necessariamente com traquitanas tecnológicas, efeitos que mais confundem do que esclarecem, nem nada disso.
A volta ao simples não pode ser confundida como uma ode ao superficial. É justamente o contrário.
Por trás dela está a ideia de que as boas histórias sobrevivem por si só. Os formatos podem ser variados: a narrativa de um livro, uma instalação de realidade aumentada, uma peça de música clássica, um rap improvisado com as ideias que pairam no ar.
Nada é mais potente do que uma história capaz de tirar nossos pés do chão – independentemente da forma como a contamos.
Nos últimos anos, com a ascensão de novas tecnologias, temos deixado de lado a capacidade de simplesmente nos deixar levar.
Nossa atenção – distribuída entre o videogame, o novo app que isso-e-aquilo, a nova coisa imersiva que promete milagres etc – é cada vez menos cooptada pelas histórias cruas, aquelas que exigem contemplação, foco, entrega.
Pelo que vi no FoSt, este é o momento de voltar ao que um dia nos surpreendeu.
Quem melhor traduziu essa ideia entre os participantes do evento foi o ator Neil Patrick Harris, que participou de uma mesa redonda no primeiro dia do FoSt.
“Como produtor e diretor, sou um entusiasta da tecnologia”, disse Harris. “Como ator, no entanto, peço que vocês sempre usem a tecnologia para impulsionar o potencial humano, e não para substituí-lo.”
Em um evento que celebra a tecnologia como propulsora das boas histórias, nada mais importante do que lembrar que a narrativa ainda pulsa de verdade na máquina mais poderosa de todas: a mente criativa dos seres humanos.
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* O FoSt Summit aconteceu no início de outubro em Nova York. Participei do evento como curador da GoAd Media, uma rede de conhecimento nas áreas de inovação, criatividade e marketing. A iniciativa faz parte do programa Talking Trends, patrocinado pela Oath.
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6 a"Usem a tecnologia para impulsionar o potencial humano e não para substituilo " Perfeito!!!
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6 aQue relato, Chris! Amei.