É sobre saber desistir de um projeto
É isso mesmo que você acaba de ler. É sobre saber desistir #esobreisso
Esse texto não é sobre superação, resiliência, persistência e otimismo no ambiente corporativo. Ele é sobre a coragem de dizer “já deu”, “não”, “não vamos investir mais nessa iniciativa”, “vamos desistir desse projeto”, “isto é custo afundado, vamos seguir em frente em outra coisa”.
Acredito que dizer não é absurdamente mais difícil do que dizer sim em qualquer aspecto do ambiente corporativo. E da nossa vida pessoal também, né? 🙄
No gerenciamento de projetos não é diferente.
Muitas vezes as empresas investem 💰, ⏲️ e 🔋 dos seus funcionários em iniciativas que já iniciam capengas e sem propósito, se desenvolvem capengas e, entregam absolutamente nenhum valor ou benefício pro negócio.
A gestão de projetos evoluiu. Antigamente, entre os anos 1970 até anos 2000 talvez, o sucesso do gerente de projetos poderia ser reconhecido, caso seguisse a risca a Teoria da Tripla Restrição. Ou seja, se o projeto seguisse a risca o plano no que tange ao escopo, tempo e custo, BINGO! Poderia ser considerado um profissional de sucesso.
Já sucesso nos dias de hoje 😅... (tá puxado)
No mundo VUCA/BANI/CRAZY/ANSIOSO/BIZARRO que vivemos hoje (aguardando ansiosamente os próximos acrônimos rs) “exqueceee" (daquele jeito bem carioca de falar), essa ideia de que o sucesso de um projeto pode ser medido por uma função escopo x tempo x custo. Sabe por que?
As abordagens ágeis e o business agility pressupõe abertura a mudança para gerar inovação e resultado. Logo, escopo muda, tempo muda, custo muda. Direto, toda hora, mais do que a gente gostaria!!!
Mudança = condição sine qua non nas organizações modernas. Espera-se realmente que elas ocorram nos projetos.
Tempo = absolutamente relativo e contextual. Algum tempo a mais ou a menos para uma iniciativa que cause impacto maior pode determinar ou não o sucesso dela.
Custo = depende do contexto e do ROI. Quantos projetos gastam um pouco a mais porém entregam muito mais resultado?
Hoje o profissional de gerenciamento de projetos precisa estar preocupado todos os dias em conseguir alinhar as expectativas com o executivos no que tange ao BENEFÍCIO, BENEFÍCIO, BENEFÍCIO, BENEFÍCIO (vou repetir mais uma vez pra garantir que você vai ler, BENEFÍCIO efetivo que o projeto poderá trazer. O GP deve ser capaz de provocar ou responder as seguintes perguntas:
“Este projeto gera valor para a empesa?”
“Este projeto realmente atende aos objetivos estratégicos da organização”
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“Outras iniciativas com objetivos similares estão em andamento e trazem mais valor? Realmente precisamos investir nesta?”
“Chegamos até aqui com esse projeto e notamos que ele não entregou o resultado esperado. Faz sentido continuar investindo nessa iniciativa?”
Pense nessas perguntas sendo provocadas dentro de um modelo ágil, PDCA, LEAN, onde constantemente você avalia o trabalho executado e redefine a rota.
Se a resposta para todas ou algumas dessas perguntas for SIM. Então siga em frente no projeto 🚀
Agora, se a resposta para todas ou algumas dessas perguntas for NÃO. Talvez seja a hora de desistir 🛑
Recentemente a UBER anunciou a descontinuação do serviço UBER Eats no Brasil. Eu fico me perguntando como deve ter sido essa tomada de decisão, após investimentos vultosos no desenvolvimento do aplicativo e ampliação dos parceiros da plataforma. Bom, por diversos motivos dos quais eu não conheço a fundo, a UBER decidiu dizer “não”. E essa deve ter sido uma decisão dura e muito difícil.
Dizer não para um projeto é sobre a coragem de priorizar, acreditar em um caminho, analisar dados e descobrir que estava errado (se possível fazer isso o mais rápido possível) e redefinir novas rotas.
Uma pesquisa recente feita pelo PMI, aponta que apenas 35% dos projetos são bem sucedidos no mundo. APENAS 35% significa que os outros 65% são:
Lembrei-me de um trecho do livro Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo onde Jeff Sutherland, criador do framework Scrum, descreveu a quantidade de projetos fracassados que ele entregou no FBI e como esse sucessivo fracasso nos projetos que tinham como foco cumprir um plano, entregar no prazo, no escopo e no custo (muitas vezes nem isso era feito) o moveu para criar o framework que hoje é conhecido e utilizado no mundo todo.
Saber desistir na hora certa é tão importante quanto avançar na execução. A diferença é que a primeira opção demanda absoluta honestidade com o objetivo do negócio, análise profunda, diálogo, redução de ego e vaidade e equilíbrio sobre as expectativas que serão frustradas.
Bom, dito isso é hora de partir, mas antes deixo aqui uma reflexão...
E se as organizações pudessem/quisessem dizer um pouco mais de não e desistirem de algumas iniciativas?
E se os gerentes de projetos e diversos outros profissionais do mundo ágil, PO, Scrum Master e outros, começarem a buscar entregar o benefício e menos seguir um método?
Será que vamos conseguir ter 65% dos projetos bem sucedidos no mundo?
Eis a questão.
Autora: Thaís Nunes
Redatora | Escritora | Pesquisadora | Produção de Conteúdo | Freelancer
2 aÉ bem isso, Thaís Nunes! Para além do projeto, o que acontece no processo, faz toda a diferença. O planejamento pode ter sido incrível porém se a operação não fizer sentido que possamos voltar algumas vezes para a prancheta e replanejar. Se não retornou, que possamos deixá-lo ir.
Desenvolvedor | Mentor | Scrum Master
2 aMuito bom, Thaís Nunes
HR Head | HRBP | DHO | Líder de Transformação em RH | Facilitador de Aprendizagem
2 aÓtimo texto Thaís! Parabéns!