Ética, Confiança, e um café, por favor!

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude , a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". - Rui Barbosa 

Certa vez, quando criança, escutei que confiança é como cristal, que uma vez quebrado jamais retornará à sua imagem primeira, por mais que se tente colar. Ah! Quão vulneráveis somos não é mesmo? Aquela criança acreditou no que escutou até que certo dia, no ápice de seus 33 anos, o momento "setênico" (setênios de Steiner) a despertou para a descoberta de que é feita de cacos de vidro (ou cristal quem sabe), todos eles juntinhos e coladinhos com os infinitos votos de confiança renovados, a ela mesma e a todos com quem convivia.

No deleite da leitura do livro Ética e Vergonha na Cara, de onde emprestei o trecho de Rui Barbosa citado aqui, quero algumas linhas de sua atenção para falar sobre confiança e a ética das relações. 

Ao longo de nossa carreira e jornada profissional conhecemos muitas pessoas, e a convivência com elas nos faz sempre melhores do que já somos, seja através do aprendizado das conquistas e dos exemplos positivos, seja através do aprendizado das decepções (o corretor queria a palavra delações. Por que será?). Aqui especificamente quero chamar a atenção para a diferença, em minha opinião, sobre confiança e expectativa. 

Sem confiança não há parceria, e sem parceria não há crescimento. O dedo na ferida mora na expectativa, e no maldito egoísmo que reside na verdade de cada um.

Talvez seja ela (a expectativa frustrada) que tenha feito, por várias e várias vezes você repensar seus valores, suas atitudes, suas verdades. Atualmente nosso país vive uma crise de confiança política, que afeta, e muito, não apenas o nosso bolso mas também a nossa tolerância nas relações interpessoais. 

A base da confiança mora no respeito que você tem à sua essência e à vivência de seus valores. Agindo  em congruência e de maneira ecológica com eles, torna-se muito mais fácil, e lúcido, você controlar a régua das expectativas, ou, quem sabe, num momento de iluminação, jogá-la ladeira abaixo.

Hoje fiz isso com a minha. Nos despedimos e ela partiu. Sei que muitos irão embora com ela. E será bem melhor assim. Que permaneçam comigo aqueles que confiam, porque sozinha eu até posso ir mais rápido, mas juntos, com certeza iremos mais longe. 

Só se faz o caminho caminhando. Que tal partirmos de mãos dadas?