#024 - Posso mudar quem eu sou?

Freud defendia que a mudança pessoal é um processo complexo, mas possível.  

Como você sabe, eu prefiro usar o conceito de evolução no lugar do de mudança. É mais do que uma questão semântica; é emocional. 

Quando ocorre uma mudança, por vezes não ficamos satisfeitos ou felizes com a nova condição e o desejo de voltar para a condição anterior é evidente. 

Quando falamos em evolução, temos uma condição necessariamente melhor do que a anterior. Sabemos que chegamos até lá por conta de todas as experiências vividas, boas e ruins. Honramos todas elas e nos apropriamos do novo momento. 

Na psicanálise, este conceito envolve a reestruturação de padrões de pensamento e comportamento que se formaram ao longo da vida. Essa transformação exige um compromisso profundo com o autoconhecimento e uma disposição para enfrentar conflitos internos. 

A evolução, portanto, não implica em uma transformação superficial. Freud acreditava que é necessário reconhecer e aceitar aspectos do próprio eu que muitas vezes evitamos. Somente ao confrontar essas partes, conseguimos promover uma nova forma autêntica e duradoura de ver e lidar com a vida. 

Essa desconstrução é o que torna possível a criação de uma nova narrativa, onde o indivíduo se torna protagonista de suas próprias escolhas. 

Entender que o processo é gradual e exige paciência é essencial. A psicanálise oferece as ferramentas para essa jornada, permitindo que a transformação seja realizada de maneira consciente e consistente.