15 anos do início de um dos maiores projetos de minha vida. Mas antes do início...

15 anos do início de um dos maiores projetos de minha vida. Mas antes do início...

Escrevi grande parte do conteúdo que se segue há exatos 7 anos. Resolvi reescrevê-lo agora que se completam 15 anos de minha entrada naquela que, quando lá trabalhei, tornou-se a maior montadora de veículos do mundo. O que lhe trouxe, no frigir dos ovos, mais dissabores que felicidades. Mas esta parte da história é para outra ocasião.

Vamos ao texto revisitado.

Como conselheiro de carreiras, ouço cada vez mais reclamações de como os processos seletivos são conduzidos, de como são longos, cansativos e, muitas vezes, infrutíferos, sem ao menos uma resposta formal, por parte das empresas - seja um sim, seja um não.

Inspirado pelo resgate desse momento ímpar de minha carreira (15 anos de um verdadeiro divisor de águas nela) e pelo termo "resiliência", recorrentemente utilizado para definir uma das competências-chave do mundo contemporâneo, compartilho com vocês como foi o processo seletivo que me levou à Toyota do Brasil , para que reflitam sobre suas condições.

Na busca de uma recolocação desde o final de novembro do ano anterior (2007), fui captado, no final de janeiro, por headhunters com quem mantinha bom relacionamento, avançando rápido para a entrevista com a Diretoria de Recursos Humanos da montadora: a ideia era ser entrevistado pelos diretores brasileiro e japonês, simultaneamente.

Marcaram e remarcaram essa entrevista, no mínimo, quatro vezes. Como boa empresa japonesa, com o devido planejamento, cabe observar. Agendavam com duas semanas de antecedência - mas desmarcavam com uma, para remarcá-la dali a mais duas outras semanas. Quem é bom de matemática, já deve ter percebido que, só nesse agenda-reagenda, quase dois meses se passaram (entre fevereiro e abril).

Quando não me ligaram para remarcar na derradeira dessas semanas, pensei: "Agora, vai". E foi. Dirigi-me ao escritório da consultoria, localizada ali no Paraíso, cheguei cedo. Depois de uma hora de espera, recebi a informação de que os diretores enfrentavam um problema de última hora e se atrasariam. Mais uma hora, e nova atualização: "Estão tentando resolver um problema e pediram para aguardar". Quase três horas depois de minha chegada, humildemente, bem ao estilo nipônico, os headhunters vieram se desculpar, com reverência: "Estamos muito envergonhados, não sei nem como lhe dizer isso, mas teremos que reagendar. Eles não virão".

Lembro-me perfeitamente que, no caminho de volta para casa, meu filho Giancarlo Makoto K. Nakatsugawa , no frescor da ingenuidade de seus então 11 anos, indignou-se, ao me ligar para saber do resultado da entrevista: "Como assim, pai? Você se veste todo bonito, passa perfume e as pessoas não aparecem?". Minha resposta, de alguém acostumado a enfrentar situações assim, foi: "Faz parte, filho. Um dia, você entenderá."

Semanas depois desse enorme imprevisto, marcaram a entrevista para a sede administrativa e comercial da TOYOTA, na região da Berrini. Dessa feita, não houve contratempos. E fiz aquela que considero minha maior entrevista de todos os tempos. Não só pelo resultado em si, mas pela descontração e assertividade que a caracterizou. 

"English or japanese?" foi a pergunta inicial. Eu: "English, please. My Japanese seems from Paraguay." (Esta frase se tornou tão emblemática que, depois de minha contratação, todas as vezes em que meu diretor me apresentava a japoneses da matriz, ele fazia questão de dizer: "He prefers to speak English, because his Japanese is from Paraguay." Depois, obviamente, ele tinha de explicar o que isso significava, pois nem todos sabiam a associação que se faz entre produtos paraguaios e a falsificação...)

No dia seguinte a esse verdadeiro bate-papo, os headhunters me ligaram logo cedo e me fizeram a oferta de trabalho. O resto da história, muitos já a conhecem.

Ah, para quem pensa que tudo que podia acontecer nesse processo já tinha acontecido: levei os documentos para admissão, na planta de São Bernardo do Campo, e acertamos o dia de início: 05/05. Uma semana antes dessa data combinada, ligaram-me para solicitar que se adiasse mais uma semana. Por esse motivo é que é hoje, em 12/05, a comemoração da efeméride.

Quando tem de ser, é, pessoal. Força, resiliência, pensamento positivo. Parece livro de autoajuda, mas não. São fatos.

PS - Para dar mais ritmo à história, não mencionei o nome dos headhunters ao longo do texto. Imperativo agradecer a ambos que me abriram a oportunidade de participar do projeto de construção de uma fábrica, algo que poucos profissionais têm a chance de vivenciar. Marcos Haniu e Aurea Imai , grato pela confiança!

Marcos Minoru Nakatsugawa M.Sc.

Consultor organizacional e de RH, especializado em carreiras, desenvolvimento, sistemas de gestão e administração enxuta

1 a

Minoru ! Parabéns ! Foi um privelégio ! Abraços

Fabiana Ramos

Desenvolvimento Humano e Organizacional | Recursos Humanos | DHO

1 a

Sou sua fã 👏👏🚀🚀

Fábio Mandarano

Consultor de Remuneração Sênior / Gerente de Projetos

1 a

Que legal Minoru. Ótima experiência. Eu também conduzi projeto de planning para a Toyota. Fiquei muito honrado com esta oportunidade. Abraços

Rodrigo Hogera

Conselheiro Consultivo | Consultor & Mentor Empresarial | Diretor Comercial no ramo Imobiliário | Liderança | Maratonista 42Km | Especialista em Vendas, Riscos, Contratos | Produtor de Conteúdos | +177mil Seguidores

1 a

Você é o cara Minoru Sam

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