#19 Por que algumas empresas não conseguem mudar?
“Isso sempre foi assim por aqui”
“Lá fora até pode ser desse jeito, mas no nosso mercado é diferente”
“Essas coisas não funcionam em empresas como a nossa”
Eu gosto de definir a Noblah como uma Fazedora de Cases, seja como consultoria comercial ou gestão de tráfego pago, a gente sempre chega junto pra mudar o status quo (afinal de contas, se fosse pra continuar fazendo a mesma coisa que o Zé fazia, melhor deixar com o Zé…). Tendo dito isso, a quantidade de resistência que a gente encontra pra gerar mudança é assustadora.
Essa newsletter vai falar sobre isso… O custo de gerar mudança e a quantidade de cacete que a gente leva pra melhorar as operações dos nossos clientes.
Porque você deveria ler esse meu desabafo? Porque a maioria das empresas no mercado tropeça nas próprias pernas, e talvez você esteja sentado(a) em um CNPJ que tem exatamente esse problema. Assim sendo… bora fazer uma terapia coletiva?
A metáfora perfeita
Você já se sentiu como uma orquestra afinada tocando para uma plateia que insiste em usar tampões de ouvido? Se você já passou por isso, parabéns: você está no seleto grupo dos que enfrentam o paredão da resistência corporativa. Empresas que ignoram soluções inovadoras são tão frequentes que chegam a me dar dor de cabeça, simplesmente por que os líderes empresariais brasileiros ainda acreditam que inovação é algo exclusivo para grandes empresas de tecnologia, como Google e Apple.
O que isso nos diz? Você pode apresentar o estudo mais robusto, um plano infalível e até desenhar o caminho da mudança, mas nada disso importa se a organização não estiver pronta para mudar.
E quer saber de um spoiler? a maioria não está!
Nesta newsletter, vamos analisar as raízes dessa resistência, mostrar como grandes empresas fracassaram por não abraçar a mudança e revelar estratégias para você lidar com esse cenário sem perder a paciência (ou sua sanidade).
Por que algumas empresas resistem tanto?
A resistência à mudança corporativa não é só uma questão de má vontade; é algo profundamente enraizado no comportamento humano e organizacional. Segundo um estudo da Inc.com, boa parte das empresas globais enfrentam falhas em processos de mudança devido a resistências internas e culturais, com muitas se agarrando ao status quo até que seja tarde demais
Aqui estão algumas das razões mais comuns:
O CEO como reflexo da empresa
A cultura de uma empresa é como a playlist de um carro: quem está no volante escolhe o som. E, às vezes, o CEO insiste em colocar aquele "hit" que todo mundo já cansou de ouvir. Quando o líder resiste à mudança, a empresa inteira dança a coreografia do “deixa como está”, mesmo que o ritmo do mercado seja outro.
Essa resistência geralmente vem daquele medo clássico de "se mexer muito, pode piorar". Mas vamos combinar: não tentar nada novo é como manter o Wi-Fi da empresa com uma senha de 2005 — no fim, ninguém consegue se conectar. O líder que prefere ficar na zona de conforto manda uma mensagem clara: “Aqui, inovação é igual abacaxi na pizza, não é para todo mundo.”
E o resultado? Processos que envelhecem como leite no sol, ideias que mofam na gaveta, e uma empresa que vira sinônimo de "ah, eles ainda estão por aí?". Se o CEO não lidera pelo exemplo e mostra que está disposto a arriscar, como esperar que o resto do time faça algo diferente? No fim das contas, o futuro da empresa depende de quem está no banco do motorista.
Medo de arriscar
O medo de arriscar é um dos maiores bloqueios à inovação. Empresas que resistem a mudanças frequentemente sucumbem às pressões do mercado. Exemplos históricos, como Blockbuster e Kodak (eu sei que todo mundo usa esse exemplo, ok… mas é por um bom motivo!), mostram como a incapacidade de abraçar novas tecnologias pode destruir até mesmo os gigantes mais consolidados.
No Brasil, a resistência é amplificada pela aversão ao risco, com 54% dos líderes empresariais declarando insegurança ao adotar mudanças tecnológicas significativas, segundo um relatório do Sebrae. Mas a verdade é que, sem risco, não há crescimento.
Uma pesquisa conduzida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Instituto FSB Pesquisa entrevistou executivos de 500 empresas industriais. Os resultados mostraram que 88% das empresas implementaram alguma forma de inovação, e, entre elas, 80% relataram aumentos em produtividade, competitividade e lucratividade decorrentes dessas iniciativas.
Falta de alinhamento interno
Mudanças exigem alinhamento em todos os níveis da organização. No entanto, funcionários em grandes empresas afirmam não compreender como as iniciativas de mudança os afetam diretamente, de acordo com um estudo adaptado pela IMD.
Essa desconexão cria um ciclo de resistência passiva, onde os colaboradores não se engajam com os novos processos, resultando em fracassos estratégicos. Para superar isso, é essencial que as lideranças invistam em comunicação clara e treinamento, garantindo que cada membro da equipe entenda seu papel na transformação.
Isso sem mencionar o famoso “aqui é diferente”. Se você já trabalhou com consultoria, provavelmente ouviu algo assim: "Isso funciona para outras empresas, mas aqui não vai dar certo."
Essa frase, carregada de desculpas e resistência, é comum em organizações que confundem complexidade com impossibilidade. A verdade é que nenhuma empresa é "especial" a ponto de ser imune às boas práticas de mercado.
A dor real, quando nem a melhor solução é suficiente
Quer um exemplo prático? Aqui na Noblah, entregamos soluções completas: estratégias mastigadas, playbooks prontos e guias detalhados de implementação. Nosso trabalho não é apenas mostrar o que precisa ser feito, mas também o como, onde e quando. Conforme já foi falado pela Silvia Assumpção Soares de Sá , da Briskcom Business Technology , neste depoimento AQUI. Porém, (sempre existe um porém) mesmo assim, algumas empresas simplesmente não avançam.
Certa vez apresentamos a um cliente uma estratégia detalhada para melhorar a velocidade de resposta a leads inbound. Mostramos estudos, benchmarks e cases de sucesso. Sabe o que aconteceu? Nada.
A cada reunião, surgia uma nova desculpa: "Não temos recursos suficientes", "Nosso time não está preparado", ou "Isso nunca funcionaria no nosso setor". A verdade é que não era sobre a estratégia; era sobre a cultura.
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Trabalhar com empresas resistentes requer mais do que conhecimento técnico; exige inteligência emocional. Como disse Scott McInnes em seu artigo: As empresas não mudam — as pessoas mudam. Isso significa que você precisa reconhecer o tempo e o espaço de cada organização para processar a mudança.
Aqui estão algumas dicas práticas:
Reconheça os ciclos emocionais da mudança
Mudanças, mesmo as mais bem planejadas, geram ansiedade. Imagine anunciar para o time que aquele sistema jurássico que todos sabem usar de olhos fechados será substituído por algo "mais moderno".
É a receita para um tsunami de olhares desconfiados, WhatsApps frenéticos e aquela frase clássica: "Mas sempre fizemos assim!". É aí que entra o papel do líder ou consultor como um tradutor de novidades, conectando as mudanças a benefícios tangíveis.
Menos "vamos todos mudar porque é lindo" e mais "isso vai te ajudar a entregar um resultado melhor e a ganhar seu bônus no final do mês". Nada como apelar para o que realmente importa.
Foque em pequenos ganhos iniciais
Começar por mudanças grandiosas pode ser um desastre. Pense em trocar o motor de um avião em pleno voo: não parece uma boa ideia, certo? É por isso que o "low-hanging fruit" é tão popular.
Escolha aquelas mudanças simples, que trazem impacto imediato e fácil execução. Sabe aquele processo que todo mundo odeia? Resolva isso primeiro. Quando os colaboradores veem resultados rápidos, eles começam a comprar a ideia — e, mais importante, param de olhar para você como se fosse um lunático com um plano megalomaníaco.
Entenda o "porquê" humano
As pessoas não resistem à mudança por serem teimosas (ok, talvez só um pouco), mas porque não entendem o que têm a ganhar. Conectar a transformação a valores pessoais faz toda a diferença.
Quer um exemplo? Lembra da Nike com o "Just Do It"? Não era só sobre tênis, era sobre inspirar você a levantar do sofá. O mesmo vale para mudanças corporativas: mostre como aquela nova estratégia, além de otimizar o desempenho, pode ajudar a equipe a brilhar individualmente.
Se você conseguir que cada um veja um pedacinho de si no grande plano, a resistência vira entusiasmo (ou pelo menos um conformismo mais cooperativo).
Então, o que fazer?
Não desista!
Nem todas as empresas estão no momento certo para transformação, e isso não significa que elas nunca estarão. Mudanças profundas nem sempre acontecem no ritmo que você deseja, mas sim no tempo da empresa.
E tudo bem. Nessas situações, a paciência e a persistência são suas maiores aliadas. O segredo é plantar a semente e acompanhar de perto, respeitando o momento de maturação do cliente.
Insista com leveza, adapte sua abordagem, e lembre-se: às vezes, pequenas vitórias no presente preparam o terreno para grandes avanços no futuro.
Comunique com clareza e dados
Mudança é um processo que requer base sólida, e nada comunica melhor do que dados objetivos e exemplos claros.
Trazer números, gráficos e cases de sucesso transforma o que pode parecer abstrato em algo tangível e alcançável. É como construir uma ponte entre a resistência inicial e o entusiasmo pela nova possibilidade.
Mas cuidado: evite sobrecarregar o cliente com informações de uma vez só. Mantenha o foco, vá por etapas, e deixe os dados falarem por si.
Insista com paciência
Algumas batalhas podem levar mais tempo do que você gostaria, mas isso não significa que devem ser abandonadas.
Em vez de desistir, ajuste sua estratégia. Continue mostrando valor, oferecendo soluções, e esteja disponível para quando o cliente estiver pronto para dar o próximo passo. Mudanças verdadeiras exigem tempo, e o ritmo da transformação é ditado por quem está no centro dela.
Tenha paciência, porque a consistência pode ser o fator decisivo para virar o jogo. Afinal, mesmo as maiores montanhas começam a ser escaladas com pequenos passos.
Nem todas as batalhas valem a pena?
A mudança é inevitável, e embora nem todas as empresas estejam prontas para abraçá-la de imediato, isso não significa que o potencial de transformação esteja perdido.
Como consultor ou gestor, sua energia é o catalisador que pode acender essa chama no momento certo. Às vezes, o papel mais poderoso que você pode desempenhar é o de semear ideias, abrir caminhos e aguardar o momento em que a empresa estará preparada para dar o próximo passo.
Como diria Jack Welch, ex-CEO da GE: "Se a taxa de mudança interna for mais lenta do que a externa, o fim está próximo." Mas com visão, paciência e persistência, você pode ser aquele que acelera o ritmo interno e transforma o futuro de uma organização.
Crio marcas memoráveis e lucrativas | Co-Founder & COO @ PB Lab | Marketing de luxo | Operações | Automações | Eficiência organizacional
1 mNo final do dia = pessoas. Every single time. De que adianta bater na tecla de algo de 20 anos atrás e querer empurrar algo que não faz mais sentido para o mercado? Como diria Steve Jobs: "Se você não canibalizar seu próprio negócio, outro o fará" A mentalidade deve ser de Jet ski. Se não der para ter uma mentalidade de jet ski pois a empresa é um porta aviões, ela pode sobreviver com o aporte em alguns jet skis, vide CVC e CVBs.
Acredito que ainda exista muito medo de errar nestas estórias, meu amigo. Mas esquecem que o erro é o caminho mais certeiro para a prosperidade