2020, MAIS UM ANO DE ESTAGNAÇÃO
Faço coro ao lado do imenso número de brasileiros que infelizmente tomam consciência de que 2020 será mais um ano de estagnação econômica. A tão esperada retomada na atividade econômica, não chegará tão cedo. Será mais um ano com crescimento pífio, rondando 1% e inferior ao crescimento vegetativo da população.
O ritmo com que as tão necessárias reformas tramitam é insuficiente e o bizarro comportamento do governo Bolsonaro mina a confiança interna e externa. Mesmo dentro os mais ávidos apoiadores do presidente, poucos mantém o otimismo frente a inação de Brasília.
De um lado a epidemia de coronavirus parou a China (e pode vir a parar outros países) causando severo impacto nas cadeiras globais de produção, de outro a Argentina quebrou (de novo). Não há fator interno ou externo positivo que possa favorecer o Brasil.
QUEIMANDO CARTUCHOS
Os cartuchos de curto prazo estão sendo queimados sem efeito duradouro. Saque de FGTS, derrubada de juros, desvalorização da moeda, leilões de ativos e reforma da previdência não tem sido suficiente para aquecer o mercado. Falta fé de que as coisas irão acontecer. Estamos presos num terrível ciclo que para ser quebrado demanda de algo que no momento o país não parecer possuir: confiança.
Os juros baixos e a desvalorização do Real, aspectos que, em tese, poderiam fomentar a produção, tem prazo de validade. Se estas ações não surtirem efeito, logo teremos inflação decorrente do dólar alto e fuga de capitais em função dos juros baixos, o que agravaria o quadro geral em médio prazo.
Ainda é cedo para dizer se estas ações irão ou não ser positivas. As apostas, contudo, estão virando contra.
GOVERNO DE TRANSIÇÃO
Cada vez mais fica claro que o governo Bolsonaro assume o papel que, em 2016 seria de Temer, o de governo de transição.
As chances de não haver avanços em médio prazo são grandes. O maior risco é isto acabar por incorrer numa mudança na condução da política macroeconômica, enviesando o país num caminho populista e menos liberal, perpetuando, ou mesmo agravando, a situação.