2024. Projeto Ministério da Formação, Socialização e Educação Humana Planetária Parte III – O portifólio cultural inter-religioso em observação
Introdução
Na parte II do projeto eu destaquei nas minhas observações a representação e o exercício da diplomacia papal e da diplomacia militar e governamental da ONU na construção de um Estado de paz, segurança e governança planetária, salientando:
1. O Portifólio de Haia que abriu espaço para a criação da Liga das nações e da ONU
2. A exigência do seguinte elemento para a construção do Estado Planetário da Terra, fundamentado na Carta, Declaração Universal dos Direitos Humanos e Convenção sobre os Direitos das Crianças da ONU:
A junção de fé, confiança, compromisso e trabalho de todos no ordenamento das relações humanas e nacionais entre Deus, a humanidade e governos militares, econômicos e sociais, políticos e religiosos – o que não é emprego, empregador e lucro financeiro ou de poder.
3. Que chegamos no momento da transição das negociações de tratados e convenções para a edificação das ações de aliança sobre esse objetivo. O momento da estruturação da unidade e governança da diversidade de culturas e nações do planeta dentro e fora do seu território.
4. Que temos como precedente da ação de construção dessa unidade a construção da unidade cultural do ocidente realizada com os apóstolos de Cristo, os poderes do Império Romano e os grupos de comunidades católicas - que abrange Gregos, Egípcios ou todas as culturas relacionadas ao império.
5. A perspectiva da concretização de uma Cúpula do Futuro que integre um novo consenso global sobre os compromissos dos países do planeta com a ONU, seu tripé constitucional, tratados, convenções e agenda, em qualquer tipo de relação internacional, inter-religiosa, pessoal, familiar e comunitária dos povos, estados e nações.
Nessa terceira parte eu vou tratar do portifólio cultural inter-religioso e sua evolução para a efetivação da construção do Estado de paz, segurança e governança planetária – o que passo a chamar “Portifólio de Assis”
O Portifólio de Assis.
O portifólio de Assis é constituído pelas etapas de ocupação do Estado Cultural da Santa Sé/Vaticano com a integração da unidade religiosa de todo o planeta, tendo em vista o estabelecimento da paz em escala global para o controle, limitação e regulamentação deste fato específico:
O desenvolvimento da cultura das armas nucleares após Hiroshima e Nagasaki e o estabelecimento da ONU.
É um portfólio de integração religiosa global, cultural e legitimamente formado pelo Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII em 1961, realizado em 1962.
O Concílio através do qual o Papa João XXIII publicou a sua segunda Encíclica, PACEM IN TERRIS, em abril de 1963, cerca de dois meses antes da sua morte e dois anos depois de publicar a sua primeira encíclica, "Mater et Magistra".
O documento de referência do caminho que o Estado cultural da Santa Sé/Vaticano deve seguir segundo a orientação deste Papa na representação de Cristo, depois da segunda guerra mundial e da criação da ONU para o desenvolvimento comum - como está escrito no encíclica, o caminho da “evolução da questão social à luz da doutrina cristã”.
Pacem in Terris abre a caminhada. É uma encíclica verdadeiramente “católica”, sem precedentes na história das encíclicas sociais da Igreja (onde o termo Igreja significa “Comunidade de unidade cultural ocidental”).
Uma encíclica que visa não apenas a unidade cultural ocidental não-cristã (católica), apostólica e romana. Mas sim a “todas as pessoas de boa vontade”.
Significa, aos olhos de quem vê, que a doutrina da Igreja (podemos dizer, das diferentes comunidades ocidentais) tem diante de si, depois de sustentar a unidade do Ocidente, uma nova missão à qual deve fidelidade a Cristo, com Cristo e em Cristo
O dever de avançar para a construção da unidade entre o Ocidente e o Oriente ou para a unidade planetária, com pessoas de diferentes interesses de vida e boa vontade.
Certamente um novo caminho que o Papa Paulo VI percorreu com a sua declaração Nostra Aetate e as suas encíclicas – tais como: Ecclesiam Suam (1964) Populorum Progressio (1967) e Humanae Vital (1968). Sendo Humanae Vitall, uma encíclica sobre a regulação da natalidade:
Fator essencial na ordem identitária que existe no planeta em todas as civilizações - e que nesse ponto da história deve ser revista em dimensão planetária universal.
História
Devido ao fato de que o controle da natalidade é a essência da ordem de identidade das pessoas, famílias, povos, estados e nações na vida e na morte, Pace in Terris tornou-se o centro de vários documentos pontifícios sobre temas como família, ética conjugal e bioética, além das encíclicas do Papa Paulo VI. Mesmo sem considerar o processo generativo de filhos com pais de diferentes nações, religiões e ambientes de convivência através dos quais se transmite a unidade biológica das diferenças de pessoas, famílias, povos e estados em movimento, com todas as suas diferenças – a começar pelo homem mulher. Pobres em riqueza e ricos em pobreza.
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E, neste novo caminho percorrido pelo Papa Paulo VI, contando 25 anos de circulação e com a participação de inúmeros pensadores e mestres da humanidade, em outubro de 1986 e mais 6 anos depois em janeiro de 2002, o Papa João Paulo II reuniu em Assis líderes de religiões cristãs e líderes das grandes religiões do mundo para promover orações conjuntas pela paz. Foi o legado exponencial do Vaticano II.
O primeiro evento histórico de encontros inter-religiosos no mundo sobre os objetivos de paz da população mundial, depois de Cristo, respondendo à criação e ao desenvolvimento da ONU e ao reconhecimento político, jurídico e social da dignidade integral de cada pessoa humana, meio ambiente e economia do planeta.
Depois, a partir de Assis, o mundo começou a testemunhar muitos avanços culturais acelerados (religiosos, científicos, inter-religiosos, económicos, políticos e sociais). E o Estado Cultural da Santa Sé/Vaticano avançou com o Papa Francisco e as suas três encíclicas - Lumen fidei em parceria com o Papa Bento XVI (2013), Laudato Si' (2015) e Fratelli Tutti (2020) -, tendo a sua Carta Apostólica de Exortação EVANGELII GAUDIUM em primeiro plano. Na prática, um plano de ação simultaneamente amplo, abstrato e poderoso, envolvendo estes elementos:
a) os impulsos da amizade social,
b) a integração religiosa com o meio ambiente, a economia e a educação numa dimensão universal
Na linguagem da Igreja, estes elementos: homilética, justiça social, família, ecumenismo, ecologia, diálogo inter-religioso e o papel das mulheres para além e independentemente do seu “empoderamento económico-financeiro e industrial-laboral”.
Ao todo um plano e movimento de ação em prol da paz, da segurança e da formação da unidade da diversidade cultural do planeta que se situa nestes dois contextos:
1. O contexto de ação do Concílio Vaticano II e dos Papas pós-concilios
2. O contexto do tripé constitucional da ONU e dos tratados conexos
Naturalmente, um plano e conjunto de ações com aspecto ou cenário contrário ao do sistema econômico global vinculado ao G7 que é baseado no mercado e na concorrência (inclusive jurídica). O mercado e a concorrência... Enquanto responsáveis pela redução da dignidade de cada cidadão ou propensos à sua submissão através das finanças, da oferta e da procura de riqueza ou da corrupção generalizada.
E, dentro deste contexto, o mundo passou por diversas ações para socializar as crianças sobre seus direitos com a CCBM (2000/2013 no Brasil), sobre a governança democrática e a visão internacional dos juízes com o CMS (2000/2023 em Lucknow, Índia) ... E vimos ainda a Declaração conjunta do Papa Francisco e do Grande Imã de Al-Azhar Ahmed Al-Tayyib - como representantes de católicos e muçulmanos no mundo - a favor da paz mundial e da coexistência comum, bem como vários encontros inter-religiosos..
E agora caminha-se para a referida, primeira Jornada Mundial da Criança, a XXXIX Jornada Mundial da Juventude em 2024 e a realização da 79ª sessão da Assembleia Geral em 2024 com a Cimeira do Futuro. Uma cimeira que visa encontrar um novo consenso global sobre os compromissos com a ONU, o seu tripé constitucional, tratados, convenções e agenda.
Conclusão
Assim, esse mundo deve chegar a partir de 2024 no ponto de encontro entre os artífices da política internacional e da economia mundial e os artífices das nossas civilizações, religiões e ciência, saberes naturais e consciência ou razão. Ambos com a mesma missão:
Construir as pontes de junção de fé, confiança, compromisso e trabalho de ambos os lados (portifólio de Haia e Portifólio de Assis) no ordenamento das relações humanas e nacionais entre Deus, a humanidade e governos militares, econômicos e sociais, políticos e religiosos – o que, repito, não é emprego, empregador e lucro financeiro ou de poder:
É garanta de paz, segurança e desenvolvimento sustentável para todo tipo de vida no/do planeta.
Conforme declarado pelo Papa Francisco e Grande Imam de Al-Azhar Ahmed Al-Tayyib, é o momento de “impedir o derramamento de sangue inocente e acabar com as guerras, os conflitos, a degradação ambiental e o declínio cultural e moral que o mundo vive atualmente”.
E, conforme dito pelo Secretário Gerall da ONU, Senhor Antônio Guterres, é o momento em que "Precisamos de reforçar e renovar os quadros globais de paz e segurança para lidar com as complexidades do mundo multipolar de hoje"
E, Senhor Secretário: Não é um momento para critica, julgamento e identificação de culpa e sentença. Mas sim para correção de erros, falhas, ações e ajuste de relações globais dentro de um estado de justiça, direito e governança planetário. O Conselho de Segurança precisa desse ajuste e não de acusações - tal como o senhor, como secretário-geral da ONU ou o TIJ como representação de um estado planetário de justiça dentro do sistema global de direito consuetudinário. Como o senhor mesmo tem consciência e disse, "Precisamos fortalecer e renovar as estruturas globais de paz e segurança para lidar com as complexidades do mundo multipolar de hoje". E, o caminho para essa ação senhor, é exatamente o ordenamento cultural.
Eu faço aqui nova pausa para refletir a parte IV do projeto onde apresentarei minhas observações nessa direção.
Grato a todos pelo estudo e atenção. O mundo precisa de consciência mais que de armas e de poder de equilíbrio social dentro de todas as divisões de poder de comando mais que razão de ataque. Amor mais que ódio.
Com amor, paz e luz
Divino Roberto Veríssimo