5 dicas de UX para quem não é designer
Sabia que mesmo não sendo UX Designer, você pode contribuir com a melhor experiência das pessoas usuárias de produto digital? O papel da pessoa UX Designer é crucial para qualquer projeto, mas pode ocorrer falta de entendimento de algumas decisões de design por parte de clientes, P.O ou pessoas desenvolvedoras no time de um projeto.
Isso pode ocorrer por diversos fatores, mas o mais comum é o de não se colocarem no lugar das pessoas usuárias. A regra de ouro no UX é: pessoa usuária sempre vem em primeiro lugar!
Seguindo algumas diretrizes básicas, você consegue garantir uma jornada que seja agradável e fácil de usar, diminuindo, assim, frustrações, erros e deslizes. Estar ciente dessas escolhas tornará suas decisões no projeto mais empáticas com seus visitantes.
Por isso, reuni 5 dicas para ajudar você, que não é designer UX, a entender esse trabalho e contribuir da melhor forma nos projetos! Vamos lá?
1. Exerça mais empatia e menos simpatia
Ser uma pessoa empática é fundamental para trabalhar com experiência de pessoas usuárias. Ter empatia significa se colocar no lugar de outra pessoa, se esforçando constantemente para ouvir e sentir suas dores, preocupações, dificuldades e desejos. Não é uma tarefa fácil sentir as emoções de outra pessoa, mas a prática nos ajuda a pensar na diversidade de pessoas que usarão o sistema.
Lembre-se: é menos sobre você, sua marca ou projeto, e mais sobre quem vai usar seu sistema.
É também comum confundirmos empatia com simpatia. A simpatia é quando demonstramos preocupação ou compaixão por alguém, mas sem necessariamente sentir suas emoções.
Isso deve ser evitado durante processos de UX, pois pode criar um viés na tomada de decisões que não solucionarão os reais problemas.
“A empatia e objetividade são as principais habilidades que devemos ter para sermos bons na criação da UX. […] Você precisa de empatia para entender as necessidades, os objetivos e as frustrações de uma nova perspectiva, detectar as falhas e corrigi-las. O resto pode ser aprendido.” - Will Grant, especialista britânico em UI/UX
2. Foque em garantir uma boa jornada de pessoa usuária
Sabe quando chamamos um carro por aplicativo para nos levar até algum lugar? Pense em todas as etapas que precisamos passar para sair de um ponto A e chegar no ponto B.
O que você precisa saber previamente? O que é necessário ter ou fazer? Quais são as ações para chegar em seu destino final? Houve obstáculos ou frustrações?
Todas essas ações que pertencem a cada etapa descrevem a sua jornada, e todos os obstáculos que você enfrentou são chamados de pain points ou pontos de dor. Para uma boa experiência digital, criamos um mapa de jornada que ajuda designers e pessoas desenvolvedoras a criarem caminhos alternativos para possíveis obstáculos inesperados dentro de micro jornadas (etapas com ações).
Dessa forma, é possível anteceder pain points e resolvê-los para garantir que a jornada completa tenha início, meio e fim. Justamente por isso, é crucial informarmos às pessoas usuárias em que ponto dessa jornada elas estão.
3. Saiba identificar quando há erros e deslizes
Quando falamos em pensar numa jornada para quem utilizará seu sistema, significa também que parte das frustrações ou paint points podem ser erros ou deslizes que vão ocorrer. Erros e deslizes são coisas diferentes e é de suma importância aprender a identificá-los.
É importante entender sua diferença para que fique fácil identificar se o seu sistema está levando as pessoas a cometê-los. Segundo o Nielsen Norman Group, do renomado PhD Jacob Nielsen, considerado o pai da usabilidade por ter feito inúmeras contribuições criando melhores práticas,
→ Erros: são aqueles conscientes baseados numa incompatibilidade entre o modelo mental da pessoa usuária e o design na tela.
→ Deslizes: são erros inconscientes causados por desatenção.
A diferença é que um erro pode ocorrer caso a pessoa usuária espere algo de um botão ou funcionalidade, mas recebe uma resposta ou ação inesperada. Já o deslize pode ocorrer quando, por exemplo, a pessoa usuária preenche um formulário, mas esquece de um campo e clica em “Enviar” por desatenção.
Sempre revise cada tela considerando ambas as possibilidades fazendo brainstorms com seu time para pensar em soluções alternativas e, sempre que possível, teste-as com pessoas usuárias reais.
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4: Pense sempre em mobile-first
Pessoas desenvolvedoras, gerentes e clientes geralmente trabalham usando computadores, então é comum pedirem para designers mostrarem as telas desenhadas para desktop, e não para o mobile.
Esse costume pode ser prejudicial para seu projeto! Primeiro porque as discussões e feedbacks ficarão centralizados numa única visão, e segundo porque, consequentemente, exclui a alta porcentagem de pessoas usuárias que acessarão seu site por smartphones.
Se você possui G.A (Google Analitycs) instalado em seu website, tente levantar quantos acessos são via smartphones e quantos são desktops. Quanto tempo passam em cada versão?
Considere pensar na exclusão que vocês podem proporcionar olhando apenas para a versão desktop, como as boas práticas, lógicas e jornada que acabam sendo negligenciadas na visão mobile, que poderiam ter sido discutidas primeiro em vez das telas desktop. Então, mobile primeiro sempre!
5: Acessibilidade e branding precisam andar juntos!
Você sabia que 68% das pessoas usuárias digitais no Brasil usam exclusivamente dispositivos móveis para acessar a internet? Esses são dados de 2023 da Comscore e me chamou a atenção que, além disso, existem milhões de brasileiros com deficiências visuais que são cegos ou com baixa visão com condições em que a visão pode ser danificada, como alta miopia, o avançar da idade, doenças como diabetes ou uso de medicamentos.
Isso significa que é mais do que necessário termos cada vez mais interfaces pensadas em experiências que atendam e incluam esse público.
Sabemos que é necessário uma marca aplicar sua identidade visual em peças digitais, sejam cores, fontes e iconografias. Mas se o branding não tiver um guia de marca alinhado com a acessibilidade digital, você precisará revisar esses elementos criando um direcionamento de aplicação para que a marca seja valorizada sem precisar excluir seus clientes.
→ Para cores da marca: faça testes de contraste! Isso garante que um texto ou iconografia estão legíveis quando aplicados a um fundo de outra cor. Uma das diretrizes da WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) determina que “a apresentação visual de texto e imagens de texto deve ter uma taxa de contraste de pelo menos 4.5:1”.
Você pode utilizar sites como Adobe Color Contrast Analiser ou Deque University para verificar se as cores da sua marca do modo que estão sendo aplicadas sob outras cores passam no teste.
Se o contraste estiver baixo, considere mudar o tom da cor ou definir cores como preto (#000000) e branco (#FFFFFF) como principais para textos, iconografias e links.
→ Evite usar mais que duas typefaces: você pode usar a fonte da marca para títulos e deixar que todo o resto da sua aplicação/sistema tenha uma fonte mais conhecida e de preferência web-safe.
Isso porque usar muitas typefaces (família de fontes) podem criar distrações, ruídos visuais e perder consistência, prejudicando o entendimento da pessoa usuária. Já escolher fontes web-safe de apoio para textos, botões, links, controles entre outros, irá garantir que seu sistema carregue rapidamente, visto que fontes web-safe são fontes já instaladas em sistemas das pessoas usuárias e não demoram para carregar.
→ Utilize termos e ícones compatíveis com nossa realidade: usar palavras em inglês ou muito técnicas como “logar”, “update”, “scroll” e “loading” excluem quem está passando pelo processo de alfabetização digital ou que não sabe inglês.
Em vez disso, escolha palavras (de preferência verbos) em português que descrevem uma ação como “entrar”, “atualizar”, “navegar” e “carregando”. Para ícones, a dica é a mesma: se pergunte se é necessário criar ícones novos para expressar uma ação comum, pois com certeza já deve existir um ícone que cumpre esse papel. Falando nisso, evite usar um ícone existente para um conceito novo.
Dica bônus: conheça as 10 Heurísticas de Nielsen
Considerado o pai da usabilidade, o Ph.D Jakob Nielsen se tornou referência na área de UX Design devido a inúmeras contribuições para melhores práticas, onde criou uma lista de 10 diretrizes heurísticas para garantir uma boa experiência na relação humano-máquina.
Heurística é a solução rápida que nosso cérebro escolhe para resolver problemas ou fazer escolhas de forma ágil e eficaz. Quando pensamos em facilitar a interação de pessoas usuárias com um sistema, estamos fazendo com que o cérebro evite processar a mesma informação toda vez. Ou quando reduzimos etapas num processo de cadastro, estamos diminuindo a carga cognitiva.
Para conhecer essas heurísticas, deixo como recomendação de leitura este artigo com 10 Heurísticas de Nielsen, em português, ou caso queira ler direto da fonte, existe o site do instituto do Nielsen para aprender essas e outras boas práticas.
Hora de participar da UX do seu projeto!
Essas foram cinco dicas para te ajudar a compreender algumas necessidades cruciais que, por muitas vezes, são ignoradas por quem não é UX Designer. Seja você da área de desenvolvimento, planejamento, gestão ou produção de conteúdo, espero que esse artigo possa te ajudar em tomadas de decisão alinhadas às necessidades das pessoas usuárias do seu sistema.
No fim, queremos que as pessoas que usam nossos sistemas encontrem harmonia, navegação fluida, padronizada, agradável, funcional e, acima de tudo, com uma boa experiência. Vamos colocar a mão na massa?
Artigo escrito por Julia Brazolim , da Comunidade Programaria. 💜
Designer Digital | Design UI/UX • Branding • Design Estratégico
1 semArtigo incrível! Super educativo e com informações que até mesmo quem não é designer UX deveria saber!! Parabéns Julia Brazolim 👏👏
UI/UX Designer na Visie
1 semEba! Estou muito feliz em ter contribuído com a Comunidade 😍 espero que gostem! Boa leitura :)