5 lições que aprendi com metodologias ágeis

5 lições que aprendi com metodologias ágeis

Uma lição que minha mãe sempre me ensinou na vida foi: aceite o imponderável. Isto significa dizer, que desde cedo cresci com a certeza de que mudanças acontecem, e isso não é ruim, faz parte da vida.

Aceitar mudanças e se adaptar à elas é sinal de maturidade e inteligência, e quanto mais cedo se aprende a fazer isso melhor. Esse relato, é para dividir com vocês a minha primeira experiência com as metodologias ágeis.

Dia desses eu fui convidada por @Luciana Nunes para ir assistir um workshop que ela ministraria em um evento de tecnologia. Como cada vez mais tenho me interessado pela área de T.I, fui bastante animada e ansiosa, sobretudo por não ser da área (sou jornalista) não fazia idéia do que me esperava.

E não fazia mesmo!

O evento aconteceu em uma faculdade particular de Recife, que tem um prédio bem grande. Como é um edifício do século XIX, ele foi adaptado para o funcionamento da faculdade.

Logo na entrada, a primeira dificuldade: onde estava acontecendo o evento? Não havia nenhum banner, nenhum cartaz, nenhuma indicação. Nada.

Me dirigi ao segurança, que sem muita certeza me disse que naquele dia estavam acontecendo duas atividades ao mesmo tempo: uma de educação e outra de T.I.

O evento que eu estava buscando, segundo ele, provavelmente, estava acontecendo na sala X. Nesse momento, tive a minha primeira lição sobre metodologias ágeis:


comunicação é tudo!

Se estamos desenvolvendo um projeto para um cliente, todos os envolvidos nele precisam necessariamente saber o que está sendo feito em cada uma das etapas.

Voltando ao evento de T.I …

Como eu já conhecia o prédio, sabia o desafio que seria encontrar a tal sala X, posto que o espaço tinha sinalizações extremamente confusas. Com um pouco de sorte, consegui encontrar a palestrante, que para minha surpresa, estava do lado de fora do auditório, porque sua palestra havia sido mudada de lugar em cima da hora.

Mais burocracia para encontrar uma nova sala, ter a sala liberada para o workshop e lá se vão minutos preciosos da atividade que estávamos esperando. Finalmente, fomos realocados para um laboratório de informática, e foi aí que eu tive minha segunda lição sobre ágil:

esteja pronto para o planejado e mais ainda para as mudanças

A primeira coisa que Luciana nos disse, foi que havia preparado uma apresentação com slides toda estruturada, mas que devido às condições da sala (que não dispunha de data-show) e a quantidade reduzida de pessoas presentes (o número de inscritos no workshop estava muito acima do número de presentes no laboratório) ela já tinha se adaptado à mudança e modificado tudo.

Muita gente numa situação dessas entraria em pânico. E agora? Depois do tempo “perdido” construindo uma apresentação, planejando a fala, em razão de mudanças não programadas ter que começar do zero algo que não havia planejado… Só de imaginar tem gente que suaria frio.

Mas um dos principais preceitos do ágil, é adapte-se às mudanças.

E foi aí que a “mágica” aconteceu. Eu vi na prática como o conceito de metodologias ágeis podem se aplicar na vida cotidiana. Luciana resolveu formar um time com todos nós presentes e propôs que encontrássemos uma solução para um problema do dia a dia. Poderia ser qualquer coisa.

Meio de brincadeira, um dos colegas disse: “a gente poderia criar um aplicativo para ajudar as pessoas a encontrar as salas nesse prédio”. Eu não levei muito a sério, mas foi exatamente com essa ideia que partimos para a prática de uma simulação de time dentro da perspectiva ágil.

O mais legal, é que pudemos performar e pensar como os 3 envolvidos numa execução de projetos: o cliente (que na nossa simulação era a faculdade que estava recebendo o evento), o time ágil e os usuários (as pessoas que convivem diariamente com o ambiente da faculdade).

Foi incrível para mim, poder observar que haviam pessoas com backgrounds tão distintos, empenhadas na resolução do “problema de sinalização das salas da faculdade”. No nosso time ágil, tínhamos uma estudante de nutrição, uma UX, uma jornalista e um analista de sistemas. Todos com experiências de vida bem diferentes, portanto, pensando a partir de lugares distintos e com pontos de vista diversos sobre a mesma problemática.

Tive minha terceira lição do dia sobre metodologias ágeis:

times diversos trabalham melhor juntos

Fizemos quase todo o processo que um projeto exigia, desde a construção do contexto, a prototipação do nosso produto até a simulação de argumento para convencer um cliente resistente.

Minha quarta lição do dia sobre as possibilidades de mudança que o ágil propõe, foi justamente na minha forma de condução de negociações. Num dado momento, quando estávamos prestes a fechar nossa solução, percebemos que teríamos que demandar do cliente um gasto a mais que não estava previsto em nosso escopo inicial. Minha reação instantânea, foi colocar a situação para o cliente, explicando que nossa solução demandava que ele gastasse um pouco mais. Argumentei com o cliente sobre as razões que levaram a esse novo gasto. Essa seria a melhor abordagem, certo?

Errado!

O ágil preconiza que os times devem ser diversos, menores e gastar menos tempo e recursos para solucionar as demandas dos clientes.

Minha quinta e última lição ágil do dia foi:

veja o cliente como parceiro.

Isso mesmo!

A maior parte de nós, que vem da forma tradicional de gestão de projetos, entende o cliente como uma parte apartada do processo de construção da solução. O cliente é apenas a parcela que tem uma demanda, enquanto nós, time de consultoria ou profissionais da área de projetos, somos a parte que irá solucionar o problema.

Em projetos regidos pela metodologia ágil, não é assim que funciona. O cliente tem que estar a par de toda a solução que estamos pensando e construindo para resolver a demanda que ele tem. Isso significa dizer, que tanto time ágil quanto o cliente precisam estar “na mesma página”. Para que isso ocorra, é necessário certificar-se constantemente que, o que o cliente deseja, é exatamente o que está sendo desenvolvido para ele.

Portanto, a solução para avisar ao cliente que nosso produto demandaria que ele gastasse um pouco a mais, era mostrar o valor que isso agregaria à empresa dele. Isto é, ao invés de simplesmente comunicar que para a solução desenvolvida ser implementada com sucesso, demandaria que nosso cliente gastasse mais, mostraríamos o quanto o produto entregue agregaria valor à empresa.

Uma das formas de fazer isso, é apresentar, por exemplo, pesquisas sobre os benefícios que uma boa sinalização nos ambientes oferece, feedbacks dos usuários do prédio acerca da dificuldade de localizar-se nos espaços da faculdade e, até mesmo, os problemas gerados pela má sinalização do prédio quando a faculdade recebe eventos externos.

Essa experiência foi incrível para mostrar as possibilidades de construção de novas formas de encarar as dificuldades e buscar as possíveis soluções.

Como uma dica final, deixo aqui o link do livro SCRUM: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo de Jeff Sutherland, um dos precursores do Scrum, uma das metodologias ágeis mais utilizadas atualmente.


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