7 coisas que aprendi (até agora) ao sair de uma capital e me mudar para o interior

Sempre me considerei um cara extremamente urbano. Sou do Rio de Janeiro e sempre lidei muito bem com a cidade e seus percalços. 

Ao longo de toda minha vida nunca havia pensado em viver em uma cidade pequena. Muito pelo contrário, nunca tive muito o desejo de sair do lugar onde eu vivia, apesar de eventualmente ter considerado a hipótese de ir para uma cidade maior. 

Até que, em dezembro do ano passado, recebi uma proposta de trabalho em Maringá, no Paraná. E você pode até não considerar Maringá uma cidade tão pequena assim, mas em comparação, o Rio de Janeiro tem uma população cerca de 20 vezes maior. E no fim, isso faz muita diferença sim.

Ponderei durante dias a possibilidade de sair de me mudar para o interior. Mas a possibilidade de upgrade na carreira, o apoio da minha família e a insatisfação profissional que eu sentia onde eu estava impulsionaram minha decisão. Em janeiro empacotamos tudo e nos mudamos. 

Eu nunca fiz algo tão fora da minha zona de conforto quanto essa mudança. As minhas mudanças anteriores, tanto de casa, quanto de trabalho sempre foram para lugares próximos, com gente conhecida por perto, e inúmeros pontos de referência para me segurar.

Cansei de ouvir de inúmeras pessoas que eu era muito corajoso por tomar essa decisão. Mesmo embora nunca tenha me considerado um cara ousado, sentia que o timing para a mudança era muito bom.

Foram longas semanas de planejamento para vir para Maringá. Mudança de bairro já é algo complicado. Uma mudança de Estado é algo extremamente estressante. 

Não posso dizer que me adaptei rápido. E de cara algumas situações - bem superficiais, eu confesso - me incomodaram muito. A mais evidente pra mim era a questão do comércio. Como uma loja não abre aos sábados? A outra foi o noticiário. Lembro de ter visto uma matéria de quase 10 minutos no principal jornal local que falava sobre o crescimento do mato nos canteiros da cidade. DEZ MINUTOS FALANDO DO MATO. Eu sentia muita falta do caos das notícias dos jornais do Rio.

E aí, logo nos primeiros meses aqui veio toda a situação da pandemia, e essas coisas que me incomodavam tanto, simplesmente perderam espaço para questões que todos nós temos passado. Como a gente se adapta a esse mundo novo? Já não importava tanto em que cidade eu estava.

Mas hoje, passado quase um ano da minha decisão de vir pra cá, posso dizer que já estou bem mais adaptado. E embora ainda sinta falta de um comércio mais pujante, confesso que vejo muitas vantagens em viver em uma cidade menor.

Por isso, separei aqui uma lista com 7 coisas (profissionais e pessoais) que aprendi depois de um ano morando numa cidade do interior.

1. O Rio de Janeiro não é a cara do Brasil, muito menos o centro do mundo. Isso pode parecer radical, mas quando você nasce e mora nessa cidade a vida inteira, muitas coisas - e obviamente entre elas a mídia - te levam a acreditar que você está no olho do furacão, mesmo que inconscientemente. Mas a verdade é que a maior parte do Brasil parece mais com Maringá do que com o Rio de Janeiro.
2. É muito bom chegar em casa em 5 minutos após um dia de trabalho. E melhor ainda quando você descobre que se quiser, pode chegar em 20 minutos se for a pé - Ok. Só fui a pé uma vez, mas já conta.
3. Eu aprendi a ter uma responsabilidade muito maior com as pessoas e com o que eu falo pra elas. Um exemplo disso é que aqui não tem o “vamos marcar” e depois nunca se marca nada. Se alguém te convida pra algo é desfeita não aceitar, e pior ainda dizer que você vai e não vai - na verdade acho que isso é desfeita em qualquer lugar do mundo fora do Rio
4. Esse item pode parecer meio óbvio, mas se mostrou uma baita vantagem estar numa cidade menor durante a pandemia. Não só pela quantidade de casos, mas porque aqui as pessoas se mostram mais responsáveis e preocupadas que em outros lugares.
5. Tem muito negócio acontecendo no interior. Start-ups, inovação, agronegócio, tecnologia. Mesmo com a pandemia, observo muita oportunidade de trabalho em diferentes setores que eu não imaginava encontrar por aqui.
6. Nunca gostei do termo qualidade de vida por acreditar que isso depende muito dos objetivos de vida de cada um. Mas definitivamente ao viver numa cidade menor, a gente aprende que é possível desacelerar sem comprometer qualidade e resultado no trabalho. E como isso é incrível! 
7. As pessoas aqui realmente se importam com o que acontece com você e estão prontas pra te ajudar a qualquer custo. E definitivamente essa foi uma das coisas que mais me ajudaram na adaptação dessa transição de vida.

Tenho muito certeza que essa lista ainda vai aumentar bastante e me comprometo a atualiza-la de tempos em tempos. Mas já posso dizer que a cada dia aqui me surpreendo com algo novo, e que tem sido uma experiência de amadurecimento estar longe do lugar e das pessoas que faziam parte da minha zona de conforto.

Enquanto isso, vou criando algumas raízes e gerando mais experiências para poder contar outras histórias sobre a minha nova casa.