Belém é mais que "isso"
Nota
Peço licença para fazer a minha leitura/homenagem a esses 400 anos da nossa querida Belém do Pará, escrevendo daqui de São Paulo, terra que me abriga neste desabrochar de 2016 por motivos familiares.
Querida, já, já estou de volta!
Outra Nota
Em uma escala de 1 à 5, em que 1 seria atribuído para uma cidade muito escrota e 5 para uma "ducaralhu", fico na lastimável nota 3, a média reservada aos lugares em que o lema é o "vai levando".
Desabafo
Convenhamos: eu sou único ou você, belenense, já percebeu que a nossa cidade deixa e muito a desejar, no que diz respeito ao que se entende e se espera de uma metrópole? Quando você viaja à São Paulo, Rio, Curitiba, Floripa, Fortaleza, Manaus, Recife, estes lugares não lhe parecem somente "maiores" mas também "melhores"?
Me explico: você já percebeu a "des-sinalização" das ruas de Belém? O quanto nosso sistema viário é limitado (uma saída e uma entrada para a cidade; 2 vias para sair e 2 para voltar; viadutos que se contam com uma das mãos; modal rodaviário restrito a ônibus)? Não parece que estudamos pouco? Sim, o cara aprende uma coisinha nova e pronto! Vai bater nessa tecla até esgotar! Ou você esbarra frequentemente com novidades em serviços e processos quando vai ao shopping, padaria, restaurante? Não seria isso uma acomodação de quem não procura saber mais, se atualizar mais?
Sem melindres! Isto não nos faz "piores", mas, infelizmente, atrasados em relação a um grupo de lugares em que as oportunidades para empreender, a qualidade de vida, os serviços, a infraestrutura e a atitude das pessoas que a governam são superiores a tudo que a nossa amada Belém tem apresentado até hoje.
Não considere isto apenas uma crítica. É uma constatação: Estamos, mas não somos atrasados!
Apesar de tudo o que as redes sociais e as conversas de bares reclamam, Belém é um encanto de lugar! Uma terra onde se come bem, se vive bem com a natureza, com os sabores, os sons, o calor (que vem aumentando) e a chuva (que, quando brava, alaga não se sabe se por causa do volume de água ou pela ineficiência dos gestores que dirigem a cidade).
Um lugar de pessoas às vezes mal educadas, porém quase sempre amigáveis, hospitaleiras. De gente acomodada, mas que não ofusca a gente trabalhadeira que nos move. Lugar com gente caprichosa e também deseleixada, ou melhor "lesa" (rsrs). Um lugar em que tudo é perto, mas se passa meia hora para ir bem alí. Tudo perto, menos a mudança de atitude e a mentalidade.
Mesmo assim, por que será que ao conhecer outras cidades valorizamos mais a nossa amada Belém?
Pacto
Chega de ficar reclamando!
Não suporto mais o lema dos incomodados que não diferem em nada daqueles antecididos pela letra "a" e que apenas apontam e clamam por mudanças.
Quero mais fazer e acontecer! Ser um escritor da história de minha cidade! Estar ativo nesses tempos de mudança.
Neste ano de eleição não quero só saber de posto de sáude e escolhinha pública pintadinha, com cadeira e quadro! Não aguento mais falarem só do que não fizeram, do caos! Se este pleito for só isso, em uníssono, anularei meu voto pela primeira vez, em 14 anos como eleitor da República Federativa do Brasil.
Consciência, Orgulho e Atitude
Neste sábado, dia 09/01, sentado em um boteco típico de São Paulo, junto a dois paraenses que aqui residem há mais de 5 anos, ouvi algo mais ou menos assim sobre o nosso tempo: os nascidos em 80 usufruíram, até aqui, das conquistas batalhadas pelas outras gerações. Essas conquistas, ao que parece, expiraram ou não se fazem mais suficientes para as pessoas de hoje, seja qual for a geração, mas em especial às mais novas. Agora, estamos imersos em uma nova onda de lutas por mudanças que chegarão a nos impactar, mas que somente nossos filhos e netos gozarão.
Dito isto, e me esforçando para entender e interagir com o tempo que me abarca, só me cabe bradar: Parabéns Belém!
De mim, assumo o compromisso de luta, contribuição civil e profissional com a tua história, com a tua qualidade de lugar inesquecível e querido de tantos milhões de filhos como eu!
Se o tempo é de mudança, de quebra de paradigmas, por que não quebrar o que te rotula como atrasada? Por que não te elevar ao cimo que te reservamos em nossos corações, mas que o dia a dia de calçadas irregulares, mobilidade urbana provinciana e violência desvairada te sucumbem?
Não será fácil, eu o sei. Ainda há muitos que te sugam e te depredam. Mas toda luta honrada divide a condição de também ser inglória.
Por isso te amo Belém. És mais, muito mais que "isso".
Será?
Viventes! Até a próxima chuva e aquele tacacá gostoso no fim de tarde.