7 dicas práticas para quem sonha em viver/trabalhar no exterior
E lá se vão cinco anos!

7 dicas práticas para quem sonha em viver/trabalhar no exterior

Há cinco anos eu decidia que iria sair do Brasil e iria viver uma aventura na Europa.

Desde então foram nada menos que quatro empresas e dois países na conta.

Além de diversas conquistas, como ter sido convidado para gravar um curso online de Marketing de Conteúdo na Espanha e de receber uma proposta para ir para Berlim sem falar alemão ou conhecer alguém, essa jornada teve diversos imprevistos.

Participar de um layoff foi o mais leve deles, juro por Deus!

Quer saber como foi isso? Então vamos aqui a este manual prático que produzi após anos e anos de rascunhos.


Dica 1: traga (muito) dinheiro para imprevistos 💸

Eu costumo sugerir que qualquer pessoa que venha se aventurar no exterior, seja com oferta de trabalho nas mãos, ou vindo em uma iniciativa empreendedora, deve ter uma economia para sobreviver por um ano.

Por quê? Por onde começo...

Na minha primeira semana em Lisboa, quebrei o pé ao cair de bicicleta.

No primeiro mês, mudei para um apartamento que era muito mais caro do que eu havia estabelecido no teto de gastos.

Já no sexto mês, a empresa que havia me contratado resolveu fechar o escritório local e deixou todos na rua com apenas o mês de salário nas mãos.

Se não fossem as minhas economias, eu não teria conseguido viver tanto tempo fora com esses perrengues. E eles vão acontecer.

Sei que não é todo mundo que consegue ter este planejamento financeiro.

A minha resposta para isso é: talvez então não seja o momento de você viver fora.


Dica 2: tenha uma rede de contatos mínima antes de chegar a um novo país 🫶

Quando eu decidi mudar para Lisboa, entrei em contato com uma conhecida, amiga de uma colega de trabalho, que rapidamente se tornou uma de minhas melhores amigas da vida.

Como? Porque ela simplesmente foi quem me recebeu na cidade. Foi quem me acolheu por um mês até eu encontrar uma casa. Quem me levou para jantar, sair, conhecer outras pessoas e explicou-me com detalhes as burocracias e papeladas locais.

Já quando mudei para Berlim, fui às cegas e confiei plenamente nos consultores da empresa que havia me contratado. Foi tudo lindo, mas daí chegou a pandemia duas semanas depois, tudo fechou, e eu não tinha ninguém com quem conversar/chorar/desabafar.

Eu adoro receber recém-imigrantes desde então. Porque sei o valor disso.


Dica 3: trabalhe em empresas plurais e que abracem a diversidade 🌈

Vou contar um segredo: sabe o que você é em um novo país?

Imigrante.

Sabe os privilégios que têm em seu país?

Esqueça.

No Brasil eu sou branco, homem, hétero e cis. Nunca fui xingado na rua, alvo de discriminação ou recebi salários menores por conta de minha origem.

Já no exterior...

Dica: quando estiver uma entrevista de emprego para uma vaga no exterior, não tenha medo de perguntar como a empresa lida com a diversidade. E se ela, inclusive, tem programas de inclusão.

Depois vá ao LinkedIn e olhe quem são as pessoas nos cargos mais altos. Se elas parecem clones, é um alerta vermelho e dos grandes. Também olhe como é a distribuição racial e de gênero.

Por que estou a falar disso? Imagine chegar em um ambiente de trabalho onde você é uma exceção. Acha que vai ser bem recebido? Que vai criar mudanças? Então...


Dica 4: tudo bem dar uns passos para trás ou abraçar uma nova carreira 🚀

Não é muito fácil dizer isso, então lá vai: o seu histórico profissional tem muitas chances de ser totalmente ignorado ao migrar para um novo país.

Especialmente se é VOCÊ quem se candidata a um emprego no exterior.

Eu era Head de uma empresa global no Brasil. Quando comecei a fazer entrevistas mundo afora, escutava que era muito sênior ou que faltava experiência no mercado daquele local.

Eu tive de dar três passos para trás profissionalmente e aceitar um salário merda no início. Foi um desafio e não é nada fácil este recomeço, pois é preciso se provar constantemente. É como dar um reset e começar de novo um jogo em que você já passou de todas as fases e matou o vilão.

Não por acaso que muitas pessoas se frustram ao não se sentirem valorizadas.

E acabam até mudando de carreiras.

Tenho amiga jornalista que virou motorista de Tuk-Tuk. Colega da publicidade que virou cozinheiro de buffet. Sei até de um médico que, cansado por não ter o seu diploma reconhecido em Portugal (muitas profissões têm disso), resolveu ser dono de pet shop.

E, claro, tem muitas pessoas que voltaram aos seus países de origem.

Faz parte do jogo.


Dica 5: saiba tudo sobre impostos, benefícios fiscais e afins 🔦

Não vou me alongar aqui, mas dica de ouro: antes de mudar para um país, descubra um bom contador local (ou contabilista, como falam em Portugal) e marque uma consulta. Um advogado também é recomendável.

Passe longe daqueles gurus de YouTube ou blogs: peça dicas a conhecidos.

De nada.


Dica 6: recebeu uma proposta? Não tenha medo de negociar muito 📝

Isso eu posso dizer que aprendi não apenas na prática, mas também ao conhecer diversos imigrantes por este mundo: antes de entrar em qualquer trabalho, negocie muito.

Esqueça aquela síndrome do impostor: caso tenha uma oferta do exterior, entenda que a empresa já quer muito contar contigo!

Tente o melhor salário que você imagine. Peça ajuda financeira com a mudança, relocação, escola dos filhos...

Lembra dos imprevistos que mencionei no item 1? Então.


Dica 7: learn english now! 🫵

Pode parecer óbvio, até para quem está a fazer entrevistas no exterior, onde 99% delas acontecem em inglês. Mas em Portugal, principalmente, conheci muitos brasileiros que vieram com o espírito de empreender nessas terras achando que apenas o português é suficiente.

Não vou mentir que não é, mas vai ser muito limitador.

No início deste ano eu fui diagnosticado com bursite e fiz várias sessões de fisioterapia. Postei no Stories e marquei a profissional. Em questão de horas alguns amigos e colegas gringos, em sua maioria nômades digitais, pediram-me o contato da fisioterapeuta-- que ficou com vergonha de atendê-los por nem conseguir arriscar o inglês.

Comunicar-se razoavelmente neste idioma sempre será uma enorme vantagem competitiva.

Vai por mim!

///

Sobre o autor

Gustavo Miller é jornalista, mas se considera comunicador. No jornalismo, passou pelas redações de veículos como Estadão e TV Globo. Resolveu se aventurar no marketing e foi Head de Content da Red Bull e Marketing Manager da Shopify. Já morou em Berlim, vive atualmente em Lisboa, e tem um curso online de Content Marketing pela Domestika.

Foi eleito um Top Voice do LinkedIn meio por acaso. Hoje se aventura no universo da Inteligência Artificial na Defined.ai e, por aqui, assina a newsletter Respira, Porra!


📱 Instagram @gumiller


Adriana Moreira Guimarães

Especialista em Marketing | Branding | Análise de Mercado | Estratégias de Marketing e Crescimento

7 m

Obrigada pelo texto Gustavo! São dicas e com seu testemunho que não é mais do mesmo, não é de guru, não é ilusório.

Eduardo Fagundes

CEO VistosBR | Especialista em Imigração | Planejamento de Imigração | Mentor de Carreiras | Analista Comportamental

8 m

Ótimo artigo, a ideia é analisar e criar uma estratégia com o pé no chão sobre a carreira no exterior. Essa base estratégica vai servir para que possa aproveitar o máximo da aprendizagem no processo.

Mike Pihosh

Looking to Enhance Your LinkedIn Engagement? Heet.ai Has You Covered (Get a Free Trial)

1 a

Gustavo Miller, parabéns pela sua jornada! Como foi lidar com os imprevistos?

Lendo em Toronto este texto, resumo perfeito. Até porque, muito se vende que tudo é mar de rosas. A gente tem que ter muita certeza o que nos motiva a sair do Brasil e principalmente a ficar.

Melissa Alfeu 🇧🇷🇳🇱

Intercultural Business and Career Consultant/International Healthcare Recruiter / Loopbaan- en re-integratiecoach (in opleiding)/Sociologist

1 a

Amei o texto! Muito realista. Parabéns!

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Gustavo Miller

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos