Abram as escolas

Abram as escolas

Não há escolha fácil nesta pandemia. Por isso, seria mais confortável escrever sobre os aspectos positivos e negativos da abertura das escolas. Mas depois de muito pesquisar e ver a realidade de crianças e jovens, a maioria completando 200 dias sem aulas, não há argumento racional que impeça a reabertura. 

Os pais estão com medo e o medo muitas vezes paralisa. Eu sei, sou mãe. Mas medo se combate com informação. 

Desde que se respeitem protocolos, os prejuízos não são o de reabrir escolas, mas o de mantê-las fechadas. 

Os números mostram que crianças são mais suscetíveis a morrer em consequência de gripe do que de Covid19. Mas elas transmitem para os adultos. Sim, mas a volta às aulas em vários países não trouxe um impacto no número de óbitos. 

Houve focos na Alemanha e na França, cujas escolas com contaminação foram rapidamente fechadas para depois reabrir. É isso que está ocorrendo no mundo todo. 

Os casos sempre citados, de Israel e África do Sul, são bem específicos. Em Israel, o retorno seria gradual, mas mudaram de ideia, liberaram para todos e os colégios não tiveram tempo para se preparar. Na África do Sul, não cumpriram os protocolos como forma de protesto. 

A grande questão é que a escola não é só para estudar. Não adianta cuidar da saúde física e esquecer da saúde mental. Houve um aumento de cerca de 30% nos casos de depressão e ansiedade entre os jovens. 

Além disso, depois de 200 dias sem aula, muitos perderam a motivação para estudar. Pesquisas mostram que mais de 30% pensam em desistir da escola. Isso é fundamental: os alunos estão questionando se vale a pena estudar. Estão errados? 

Olha o exemplo que o Brasil está dando. Pode ir em restaurante, shopping, cabeleireiro, academia de ginástica, mas na escola não pode. Qual a mensagem que estamos passando? 

Como resumiu Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna. "As crianças não são vilãs. A abertura das escolas não é vilã. O vilão é abrir tudo antes das escolas."


(Artigo publicado originalmente no informe Bússola de 17/09/2020. Clique aqui para ler na íntegra)

Raphael Miranda

Sócio no Raphael Miranda | Mello | Raposo | Barbosa Advogados

4 a

Muito bem posto, Gabriela Wolthers! 👏👏👏

Carlos Tautz

Jornalista Sr, Doutorando em História/Sr Journalist and Doctoral student - History

4 a

Dê-se voz à ciência da saúde para se ter o subsídio correto e avalizado para se decidir. E, no caso, a Fiocruz, um dos mais respeitados centros internacionais de pesquisa em saúde pública, é precisa: reabrir escolas, só no Rio de Janeiro, significaria a contaminação de milhões de pessoas.  Fazê-lo, portanto, seria temeridade típica de de governos irresponsáveis e que negam a ciência. O correto, a rigor, seria o lockdown, a exemplo de Alemanha e outros países de democracia avançada.

Isabela Abdala

Sócia da Avenida Comunicação

4 a

De acordo!

Andrea Carolina da Cunha Tavares

Sócia da área trabalhista na DIAS E PAMPLONA ADVOGADOS

4 a

Gabriela Wolthers, bom dia! Como devo fazer para receber os informativos da da FSB? São excelentes!!! Obrigada!

Mônica Ramos

Sócia Fundadora da Roda Viva Comunicação I Apresentadora do programa Gente do Rio, na Band Rio I Gestão de Crise l Estratégias de comunicação off-line e online I Relação com a Imprensa l Mídia social e Marketing Digital

4 a

Debate mais do que oportuno. Antes de qualquer conclusão, é preciso falar sobre o assunto. Não pode ter tabu.

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