Acompanhamento Pedagógico
O que mais tem me chamado a atenção nos atendimentos pedagógicos que realizo diariamente, com crianças de Fundamental 1 (de 6 a 11 anos), é que todas, apesar da dificuldade de cada uma, a partir do segundo encontro já demonstram uma diferença na postura com que lidam com seu aprendizado. Digo isso porque o movimento que parte da escola ou da família em perceber que seu aluno ou filho está precisando de uma atenção especial nesse processo de construção da postura de estudante, já é a primeira etapa do trabalho. A leitura que a criança faz dessa primeira atitude (seja da escola ou da família) é que ela está sendo cuidada. E é disso que se constitui, em parte, a postura de estudante.
A criança a partir de seu interesse natural pelas descobertas, pelo processo de ensino aprendizagem que está inserido na escola e com o incentivo dos pais, vai se constituindo como aluno, vai adquirindo a famosa postura de estudante, que tanto é falada no ambiente pedagógico. Este processo é longo e contínuo, mas não pode nunca estar em pausa. Por isso o olhar atento da escola e da família é tão importante nesta fase. Digo que se há uma pausa na aprendizagem, seja ela cognitiva, social, afetiva ou física, é porque há o que se investigar. É preciso observar quais podem ser as causas para esta parada no aprendizado, seja na área que for.
O conhecimento contemporâneo de que o aluno de Fundamental 1 é uma criança que precisa ser observada de maneira integral, garante que haja uma compreensão de que se ele não está evoluindo na leitura, por exemplo, mas está se sociabilizando mais com os colegas, isso é levado em consideração. Em um grande número de escolas já vemos que isso faz parte do discurso e muitas vezes da prática cotidiana. A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) para a Educação Infantil e Fundamental 1, vai ajudar para que todas as escolas que ainda não pensavam sobre o aluno como ser integrado, de maneira holística, passem a conversar sobre este ponto de vista.
Aos pais sugiro que estejam atentos e presentes ao processo que o filho de vocês está vivenciando e façam parceria com a escola. Na maioria delas há alguns encontros oferecidos gratuitamente para que ele seja acompanhado mais de perto, como as tutorias e os reforços no contra-turno. À escola sugiro que utilizem a força de sua equipe de professores para fortalecer essa rede de apoio. São os professores, que conhecem como seu aluno aprende e que se interessam pelo seu desenvolvimento, que podem realizar estratégias na escola e orientar a família para que ele se torne potente e capaz de aprender.
E se por ventura o incentivo em casa, as tutorias na escola e o aumento do estudo individual não trouxerem melhorias nas questões descobertas pela escola ou pela família, procure um pedagogo, que assim como eu tenha um grande interesse em olhar de fora para toda essa gama de ações e possa sugerir novas práticas que garantam que a criança se desloque, avance na aprendizagem.
Muitas vezes o Acompanhamento Pedagógico que realizo dura uma série de 10 encontros. Em outros casos um semestre todo. Mas seja quanto tempo for necessário, dedicar um período de atenção ao processo de aprendizagem da criança nos anos iniciais do Fundamental (do 1º ao 5º ano), pode ser determinante para que ela se fortaleça e adquira estratégias para seguir de maneira autônoma durante os anos que seguirão. Fortalecer as bases de aprendizagem no segmento que tem como grande objetivo formar a postura de estudante é a chave para que os próximos segmentos, como Fundamental 2 e Ensino Médio, sejam vividos pelo aluno de maneira progressiva e realmente significativa.
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Em cada um dos encontros que realizo, costumo focar em quatro pontos essenciais de desenvolvimento:
Caso após a procura pelo Acompanhamento Pedagógico, realizada por um pedagogo, não surta o efeito desejado, é possível que haja alguma Dificuldade de Aprendizagem e é necessário que a criança passe por uma avaliação por profissionais da área de saúde. Atualmente há grupos multidisciplinares que trabalham de forma integrada e elaboram um único diagnóstico bastante detalhado. Esses grupos costumam ter o olhar de um neurologista, um psicólogo, um psicopedagogo e um fonoaudiólogo. Após alguns encontros, aproximadamente de 3 a 8 com cada profissional, o resultado é apresentado à família, juntamente com uma sugestão de atendimento ou tratamento. É importante ressaltar que diagnósticos equivocados podem levar a tratamentos medicamentosos indevidos. Siga as orientações da escola ou do médico pediatra de costume para a escolha desses profissionais.
Meu ponto principal com este texto é apresentar a importância do olhar dos pais e da escola frente aos sinais de pausa em qualquer tipo de aprendizagem de seu filho ou aluno.
Nossos meninos nessa faixa etária (6 aos 11 anos) não podem parar de aprender! Não podem "não querer" descobrir e se desafiar. Isso é sinal de que há algo a ser olhado.
Como a foto que ilustra esse artigo mostra, um aluno querido de 6 anos em seu primeiro dia de acompanhamento. Tínhamos as letras móveis para acompanhar a escrita das respostas de uma lição da escola e pedi a ele que escolhesse a que mais o chamava a atenção em cada uma delas (eram 3). E na ordem ele montou as palavras e não se deu por satisfeito enquanto não achou alguma letra que representasse o til da palavra estão. Esse interesse em dar o seu melhor estava nele, só tínhamos o tempo necessário para que aflorasse. Que venham os próximos encontros para eu me encantar mais uma vez com suas descobertas!