Acordo, acordo, acordo. Poucas vezes desperto

Acordo, acordo, acordo. Poucas vezes desperto

Por Stella Dapuzzo

Acordo e olho o celular. Vejo as mensagens. As redes sociais. Passo os olhos nos e-mails. Quando ainda nem bem os abri.

Acordo atrasado e corro para tomar banho. Trocar de roupa. Atender aos meus compromissos profissionais e pessoais.

Acordo para fazer esportes. E começar o dia. Acordo para preparar lanches e levar filhos a escola.

Acordo, acordo, acordo. Acordamos. Todos os dias. Poucas vezes despertamos.

Qual a primeira coisa que você faz quando acorda? Naqueles segundos antes de abrir os olhos? O primeiro pensamento. O primeiro sentimento que lhe vêm. De que natureza é?

Nunca prestou atenção? É no automático? As vezes de angustia, preocupação, alegria, satisfação? Um reflexo do dia anterior ou do momento que está vivendo?

É assim que a maioria de nós tende a começar o dia. De forma reativa. Reagindo ao ambiente, cenário, momento. Sem planejamento algum. Planejamos muitas coisas: O futuro, a carreira, o lazer, a vida da família. E na grande maioria das vezes não damos atenção e não temos planejamento algum para a forma como vamos acordar. Começar nosso dia.

Poucas vezes acordamos despertos para a grandeza do presente que é o novo dia. Para a grandeza da vida a cada manhã. Para o dia novinho que temos pela frente, com infinitas possibilidades.

Quando acordamos despertos, cuidamos da natureza dos nossos pensamentos e sentimentos. Temos a consciência do grande poder que eles têm sobre a nossa vida e a do próximo.

Acordar desperto é acordar em estado de contemplação. Com gratidão. Responsabilidade. Com a certeza de que aproveitará cada segundo do novo dia que recebeu para fazer e ser o seu melhor. E dessa forma, com a sua atitude, inspirar e impactar a todos com quem interagir. Na direção de suas melhores versões.

Durante muito tempo as primeiras coisas que eu fazia ao acordar, eram, nessa ordem: orar, beijar e cobrir meus filhos, meditar, correr na areia, dar um mergulho no mar e, as 7h da manhã, cumprido o “ritual”, estava pronta para trabalhar e começar o dia. Um privilégio!

Super saudável, super bacana. Não necessariamente. Hoje consigo ver claramente que muitas vezes fiz esse lindo ritual no automático. Óbvio que, mesmo que no automático, começar o dia com uma seqüência de coisas bacanas colabora para um excelente dia. 

Só que, pessoas privilegiadas com um início de dia assim, têm uma responsabilidade muito maior de compreensão, empatia e retribuição ao próximo durante todo o dia. 

Quando temos a consciência do presente que é o novo dia e do privilégio que é poder iniciar o dia de uma forma tão especial, desenvolvemos um enorme senso de gratidão.  Queremos retribuir. Fazer a nossa parte. E o dia vira uma bênção. Pra gente e pra todos a nossa volta.

Que eu não faça nada. Mas acorde desperto. Consciente. Contemplando com gratidão o milagre do dia que começa. Enquanto começar. Todos os dias. 

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