A quantas anda a sua verdade?

A quantas anda a sua verdade?

Tenho um olhar curioso, explorador, que me faz andar pela vida em eterno estado de contemplação.

Nada me fascina mais do que observar. Observar o objetivo, o subjetivo e o maravilhoso resultado desse encontro, que na incrível maioria das vezes diz muito mais do que tencionamos dizer. Observar culturas, gestos, posturas, palavras, formas. Coerências. Incongruências. Diferenças. Encontros. Desencontros.

Essa curiosidade natural, aliada à experiência profissional e pessoal que os anos trazem, quando acompanhada de muita flexibilidade – para que não caiamos no egóico e sedutor risco de acreditarmos que detemos alguma “verdade”, nos gera muitas perguntas, mais observação e muito crescimento.

Mas afinal, se não chegamos a uma “Verdade”, qual o papel da verdade no mundo? O que é verdade para você? A quantas anda a sua? Minha verdade é pra alguns? Pra que e para quem? “Verdade” pode ser flexibilizada? Conheço e compartilho a minha? Qual o espaço da verdade nas empresas? Na gestão? No ambiente competitivo?

A espiritualidade é um importante pilar da minha vida. Há alguns anos aprendi o lindo conceito das virtudes, do Mestre Choa Kok Sui. Segundo ele, devemos colocar essas virtudes, que são cinco, como direção a seguir, na bússola da nossa existência.

Das cinco quero falar de duas: “Percepção exata, expressão correta e não falsidade” e “Bondade amorosa e não-ferir”.

“Percepção exata, expressão correta e não falsidade”, fala que devo prezar a verdade, sinceridade, não apenas nas palavras mas também nas ações e forma como me mostro ao mundo. “Bondade amorosa e não ferir”, fala da forma. Do cuidado que devo ter com tudo – comigo, pessoas, animais, natureza, mundo.

A questão é: E quando essas duas virtudes são contraditórias e uma impede a outra? E quando minha verdade for magoar o outro? De acordo com Mestre Choa, a bondade amorosa se sobrepõe a verdade. E é ai que eu vejo, que nós – seres humanos, misturamos as coisas e criamos muita confusão.

Na minha exploração observatória constato que a verdade têm sido muito “flexibilizada” nas empresas, relações profissionais e pessoais. Algo que deveria ser base já se torna raro e até visto com estranheza. Não é fácil viver de forma transparente. Na grande maioria das vezes, quem não expressa sua verdade não o faz por duas razões: Egocentrismo ou Insegurança.

Não expresso a verdade por insegurança quando acredito que vou magoar o outro com minha verdade. Não sei fazer isso direito, é difícil, prefiro acreditar que a omissão ou “mentirinha branca”, são a melhor opção. E assim superficializo minhas interações. Um gestor que não dá um feedback preciso e corretivo sobre a performance insatisfatória do seu colaborador está agindo assim. Superficializa a relação a um ponto que, o não atingimento das expectativas e fracasso do colaborador passa a ser inevitável. O colaborador que só fala o que o gestor quer ouvir também. A superficialidade da não verdade coloca a todos num pantanoso terreno que gera estagnação e de onde dificilmente se sai.

Não expresso a verdade por egocentrismo quando me vejo maior, melhor e mais importante que o outro. E se sou mais posso colocar o outro na posição de objeto. E objeto não precisa escolher. Objeto deve apenas estar disponível para se encaixar onde como e quando eu quiser. Com a finalidade que eu quiser. Uma empresa que não deixa claros sua missão, visão, valores, suas politicas e plano de carreira está agindo assim. Eu pago o seu salario para que cumpra o seu papel de fazer x, y, z. E isso basta, assim deve ser. Se você não fizer x,y,z de forma satisfatória, eu o substituo.

Como empresários, gestores, colaboradores membros de um time. Nas nossas interações sociais, familiares, afetivas. Todos temos um papel, importância e responsabilidade para com o outro na construção de um mundo melhor.

Entramos agora na era da inteligência social. Da economia colaborativa. Como podemos pensar esse novo momento e modelo sem abraçar verdadeiramente o desafio de mudar o nosso olhar para o outro – qualquer que seja esse outro, e com muita coragem pautar todas as nossas interações no fertilíssimo terreno da verdade?

Não de qualquer verdade, mas da “verdade amorosa”, que é aquela verdade que deixa implícita a mensagem “Você é importante para mim, pelo simples motivo de dividir o espaço-tempo comigo. Se não posso e/ou não quero te dar na nossa interação o que você gostaria, te dou o que tenho de mais valioso, minha verdade, para que você seja autônomo e faça as suas escolhas de acordo com a sua verdade.”

Uma empresa em momento de profissionalização e mudança cultural, por exemplo, age assim quando mostra aos seus colaboradores antigos que não estão preparados para os novos desafios. Mas não apenas mostra. Isso deixaria de lado a parte amorosa e criativa da verdade. Deixa claro também o que falta. Com isso cria um ambiente temporariamente desconfortável. E fértil. Que permite escolhas. Que dá tempo e espaço ao outro para se desenvolver. Buscar caminhos. Ou não. Não fazer nada e ficar com os ganhos momentâneos que tem, até que os perca. E mesmo ai, saberá que os perdeu por escolha. Por sua responsabilidade.

Seu tempo na terra é curto, limitado. Reflita a respeito. Com muita coragem, faça a sua parte. Paute suas atitudes e interações essa semana em muita verdade amorosa. E observe os resultados.

Christina Canto

Head of Sales/ Conselheira no Conselho de Inovação e Tecnologia da ACRJ/ Especialista em Gestão Comercial, MKT, Novos Negócios e Parcerias -Soluções de Tecnologia para Segurança, Inovação,Transformação Digital e Loyalty.

7 m

Maravilhoso Stella Dapuzzo !!!👏❤️

Soraia Maranhão

Locação e Venda de Imóveis.

8 a

lindo!!! maravilhoso!!!

Andre Schlobach

Sócio na Buurt | Liderança de equipe, Planejamento

8 a

Belo texto Stellinha...

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