Advocacia preventiva: uma abordagem estratégica para mitigação de passivos ocultos nas empresas

Advocacia preventiva: uma abordagem estratégica para mitigação de passivos ocultos nas empresas

Voltei ao início: a preocupação em evitar ou reduzir passivos ocultos.

As vezes para se compreender algumas questões e preciso se conhecer a história por trás delas.

Vou detalhar como eu cheguei a questões como passivo oculto e advocacia preventiva.

No exercício da advocacia não foram poucas as vezes em que recebi na minha sala clientes que chegaram liquidados já, sem possibilidade de defesa, tendo isto ocorrido apenas e tão-somente por falta de informação e conhecimento.

Traduzindo: não precisavam estar naquela situação.

Traduzindo: não precisavam ter gerado passivo oculto algum.

E o pior ainda, não sabiam que estavam se colocando naquela situação.

 

A advocacia preventiva surge como uma resposta à insatisfação de advogados como eu com os riscos financeiros e reputacionais gerados pelos chamados passivos ocultos em empresas.

Estes passivos são ignorados pelos gestores mas representam ameaças reais, incluindo ações judiciais futuras e a perda de oportunidades comerciais.

 

Para enfrentar essa realidade advogados têm transformado suas práticas, mudando o foco da defesa reativa para a prevenção ativa, com o objetivo de proteger as empresas contra problemas futuros.

Essa mudança demanda estudo, planejamento e o uso de ferramentas modernas para identificar e eliminar riscos antes que se tornem problemas reais.

 

1. Compreendendo os passivos ocultos

 

Os passivos ocultos podem ser definidos como riscos invisíveis ou ignorados no dia a dia da empresa. Podem estar escondidos em:

 

    Contratos com cláusulas desatualizadas ou inadequadas

    Práticas de RH que não cumprem todas as leis trabalhistas

    Registros financeiros que não estão em conformidade com as normas contábeis

    Operações e rotinas diárias que se desviam de padrões regulatórios

 

Esses passivos ocultos frequentemente resultam em consequências negativas para as empresas, incluindo custos legais inesperados, ações trabalhistas e problemas com órgãos regulatórios.

 

2. A transição para a advocacia preventiva

 

Percebendo o impacto dos passivos ocultos muitos advogados optam por estudar e implementar a advocacia preventiva.

Este campo de atuação visa identificar, analisar e mitigar riscos antes de se tornarem problemas legais. Assim, o advogado deixa de ser visto apenas como um solucionador de crises e assume o papel de consultor estratégico para a empresa.

 

Esse trabalho proativo exige uma abordagem focada em:

 

    Auditorias regulares dos documentos e contratos da empresa

    Consultoria de compliance, garantindo que a empresa siga todas as leis e normas aplicáveis

    Orientação contínua para os gestores sobre temas de governança corporativa e boas práticas de gestão

    Análises de risco frequentes para antecipar e remediar potenciais problemas jurídicos

 

3. Ferramentas e ações de apoio à advocacia preventiva

 

Para viabilizar uma atuação preventiva o advogado precisa contar com ferramentas e metodologias robustas. Algumas das principais práticas incluem:

 

3.1. Auditoria jurídica

 

A auditoria jurídica é uma análise detalhada de contratos, políticas internas e práticas operacionais. Seu objetivo é identificar e quantificar os riscos existentes, recomendando medidas para eliminá-los ou mitigá-los. Esse processo permite que o advogado identifique possíveis falhas antes que elas se convertam em passivos financeiros.

 

3.2. Consultoria em compliance

 

O compliance garante que a empresa esteja em conformidade com as leis e regulamentos, protegendo-a contra sanções. Além disso práticas de compliance também melhoram a imagem e reputação da empresa perante o mercado e a sociedade, fortalecendo a confiança de clientes, parceiros e colaboradores.

 

3.3. Governança corporativa

 

Estabelecer uma governança eficiente envolve criar políticas e procedimentos internos para guiar a empresa em sua operação diária. A governança corporativa inclui desde o alinhamento de responsabilidades e direitos dos acionistas até a criação de comitês de auditoria e análise de riscos. Essas práticas fortalecem a transparência e a responsabilidade dentro da organização, reduzindo os riscos de litígios.

 

4. Exemplo de implementação: imagine um serviço dedicado de advocacia preventiva

 

Neste modelo o advogado atua de forma contínua ao lado do cliente, desenvolvendo uma relação próxima e de confiança. O serviço pode incluir:

 

    Revisões contratuais periódicas para garantir que todos os contratos estejam atualizados e sejam favoráveis à empresa

    Treinamentos e workshops com gestores e colaboradores para que todos entendam a importância da conformidade legal

    Monitoramento e atualização contínua sobre mudanças na legislação, com recomendações práticas para adaptações necessárias

    Consultoria de suporte em decisões estratégicas, levando em consideração os possíveis riscos jurídicos envolvidos

 

Esse tipo de abordagem transforma o advogado em um parceiro estratégico, agregando valor para a empresa e contribuindo para seu crescimento sustentável.

 

5. Benefícios da advocacia preventiva para as empresas

 

Os ganhos de implementar uma advocacia preventiva são significativos:

 

    Redução de custos: diminui os gastos com processos judiciais e multas.

    Proteção da reputação: a empresa que se preocupa com compliance e riscos é mais bem vista pelo mercado.

    Eficiência operacional: processos internos organizados e compliance facilitam a tomada de decisões.

    Maior previsibilidade: reduz a imprevisibilidade dos passivos ocultos, o que melhora a gestão financeira.

 

A advocacia preventiva é uma estratégia eficaz para a gestão de riscos jurídicos e representa uma mudança necessária no perfil dos advogados empresariais.

Ao transformar-se em consultores proativos os advogados ajudam as empresas a mitigar passivos ocultos, otimizar operações e crescer com segurança jurídica. Em última análise, essa abordagem fortalece a sustentabilidade e a competitividade da empresa no mercado, protegendo-a de surpresas desagradáveis e prejuízos inesperados.

Danielle Ghisleni de Oliveira

Advogada| Consultoria e Assessoria Jurídica| Direito Empresarial| Governança Corporativa| Compliance| LGPD| Código de Ética| Setor Elétrico

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Muito bom para o sucesso dos negócios!

Edgar Alonso Guerra

Gerente no Banco Brasil | Pós-graduação em: Segurança da Informação; Auditoria e Compliance e Psicologia Organizacional e do Trabalho. Representante Eleito em Gerações no Fórum DE&I e EX do BB

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Perfeito meu amigo andré roberto mallmann! Acredito que a advocacia e a contabilidade (onde atuo), devem estar de mão dadas com as organizações, para através de compliance e de uma consultoria tributária, fiscal e contábil, mitigar todos os riscos ocultos das empresas. Parabéns por mais um artigo de excelência!

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