Afinal de contas, o que é a independência financeira?
Receber um bom salário (o que é um bom salário?), ter um carro, casa própria, viajar, vestir-se bem, consumir boa gastronomia, cultura e entretenimento são conquistas de um estilo de vida proporcionados pela independência financeira.
É inegável de reconhecer o quanto o dinheiro é determinante para consolidar uma ótima qualidade de vida, não importa o contexto, a profissão, o ambiente ou a faixa etária da pessoa.
Entretanto, quem define o que é independência financeira? Como uma pessoa procede para se certificar que possui uma vida independente, economicamente falando? Qual a base fundamental a estabelecer uma certeza de plena autonomia financeira? Esse é o tema central desse artigo.
De acordo com a definição no dicionário, o significado de independência é: condição de pessoa livre, de quem não deve obediência a alguém; estado do que não depende de: independência financeira, emocional, espiritual. Libertação, prosperidade; bem-estar financeiro, autonomia.
Basicamente, há duas perspectivas de análises sobre a percepção de uma pessoa com independência financeira:
- Renda ativa mediante trabalho assalariado
- Renda passiva oriunda de aplicações financeiras e investimentos
Renda ativa mediante trabalho assalariado
Um profissional, funcionário de uma empresa que receba R$ 10 mil mensal será considerado independente financeiramente por grande parte da sociedade. Com esse valor é possível financiar a compra de um imóvel, um automóvel e levar uma vida confortável – se for solteiro e possuir educação financeira.
E se o salário mensal for maior – R$ 20, 30, 40, 50, 100 mil ou mais –, logicamente, maior controle sobre a própria vida e mais progresso estará apto a obter para si.
A grande questão é a seguinte: a renda como assalariado acaba se a pessoa for demitida ou obrigada a se retirar do emprego por N motivos conjunturais ou pessoais. E se a renda mensal deixa de existir e não se tem nenhuma aplicação financeira ou reserva econômica, essa pessoa deixará de ser independente e precisará de auxílio financeiro de terceiros para sobreviver.
Então, não seria absolutamente adequado considerar como independência financeira – na acepção ampla da palavra – possuir uma única fonte de renda ativa como base de subsistência, em que a pessoa não controla o próprio rendimento e não possui outros proventos; e também porque ela depende do emprego oferecido por uma empresa, isso é, depende de terceiros. E se depende, de quem quer que seja, não é totalmente independente.
Nos contextos em que a pessoa recebe um salário elevado – R$ 40 mil mensal, por exemplo –, se após muitos anos de trabalho ela perde o emprego, caso tenha sido equilibrada no uso do dinheiro, terá uma ótima aplicação financeira a lhe prover renda passiva; no entanto, essa é uma outra situação que tratarei a seguir.
Renda passiva oriunda de aplicações financeiras e investimentos
Aqui as coisas começam a ficar mais interessante porque nessa conjuntura o dinheiro trabalha para você, ou seja, você não precisa mais trabalhar para ganhar dinheiro.
Esse é o conceito de independência financeira absoluta, porque a pessoa possui múltiplas fontes de renda e não está subordinada a uma empresa, patrão, empregador, governo, Estado ou a quem quer que seja para gerar renda ativa e passiva.
Quanto maior for a independência financeira, maior será a capacidade de acumular a independência material (moradia e meio de transporte próprio) e de construir novos ativos (empresas, comércio, patentes, royalties, autoria de obras, marcas, locação imobiliária, etc.), o que poderá levar a riqueza ($$$ milhões ou bilhões).
Portanto, a independência financeira plena é para muito poucos e realmente assegura um controle muito estável sobre as finanças pessoais pelo fato de gerar fluxo de caixa ininterrupto, dia e noite, sem despender esforço do titular.
Somente quem possui alguma capacidade empreendedora, talento valorizado no mundo, ambição e/ou uma ótima educação financeira, está apto a alcançar um padrão de independência financeira total. Na maioria dos casos, o que se verifica é a independência financeira provisória e contextual, pois a pessoa é remunerada para prestar um serviço e depende de um pagamento regular para fazê-lo.
Para ficar bem clara as diferenças dos 2 tipos de independência financeira: parcial e total.
Independência parcial
Quando o profissional é assalariado em uma organização e/ou freelancer e está subordinado a um empregador/contratante, cuja lógica de trabalho é embasada na relação valor/hora de trabalho. Geralmente o profissional vende tempo, expertise, esforço e resultados em troca de uma remuneração no sistema CLT ou PJ – ou ainda, freelancer.
Para que essa pessoa consiga adquirir a independência financeira total, isso é, gerar variadas fontes de renda passiva, terá de investir na aquisição de ativos e/ou efetuar investimentos em diferentes aplicações financeiras com o capital acumulado no trabalho. Isso requer conhecimento, disciplina e tempo.
Independência total
Quando a pessoa cria plurais meios de geração de capital e seu recebimento, a partir da capacidade de gerar ativos ou do volume de capital investido em aplicações financeiras (investimento de capital). Nessa conjuntura, o titular não está subordinado a ninguém e não precisa vender tempo, expertise, mão de obra e resultados para ganhar dinheiro, porque ele já empreendeu todo esse conjunto de trabalhos previamente, e agora vive dos lucros das escolhas, estratégias e dedicação empreendida.
Curioso de observar que cada pessoa possui uma interpretação subjetiva do que considera a independência financeira. É natural associar o processo de ser independente financeiramente ao fato de ter uma renda mensal ativa que lhe garanta autonomia econômica, ainda que dependa de um emprego/empresa para ter renda. Acredito que muita gente pense dessa forma, principalmente em se tratando de um país pobre/subdesenvolvido como o Brasil, cuja maioria da população depende de uma única fonte de renda, geralmente baixa.
Contudo, fica evidente que a independência financeira pode ser tanto temporária/contextual quanto total, relativa ao processo de possuir variadas fontes de renda passiva e simultâneas.
Seja qual for a sua visão a respeito, essas são as 2 correntes a compor o conceito geral de independência financeira.