Afinal, o que é reconhecimento profissional?
* Daniella Forster
Quando se fala em reconhecimento profissional, automaticamente o lado financeiro vem como a contrapartida mais comum. Não necessariamente aumento da remuneração, mas bônus e premiações são estratégias amplamente utilizadas. Entretanto, muitas pesquisas demonstram que o reconhecimento financeiro está longe de ser o mais importante. Até porque, quando utilizado, seu efeito passa rápido e não gera valor agregado suficiente para que o profissional se sinta efetivamente valorizado.
Atualmente, as organizações oferecem múltiplos desafios aos seus colaboradores. Diante de um cenário turbulento e complexo que vivemos atualmente, as demandas são cada vez mais exigentes e transformam o ambiente profissional, tornando-o estressante e, muitas vezes, fonte de desprazer. Neste sentido, diariamente observa-se um movimento extraordinário de superação, de buscar motivação apesar das diversidades. Estamos falando de pessoas que abrem mão de suas vidas, famílias, filhos e de si mesmas para dedicarem-se a uma tarefa que está sendo considerada essencial, estratégica, de suma importância.
Inegavelmente, quando existe este nível de dedicação e o resultado almejado foi conquistado, o reconhecimento tem que vir de outra forma e ocupar um outro lugar. Os profissionais demonstram grande frustração quando na entrega do seu suado trabalho recebem como contrapartida um “poderia ser melhor” ou “alguns detalhes faltaram”. É como estar na escola, tirar uma nota 8,0 ou 9,0 e o feedback é, poderia ter sido um 10. Principalmente porque o resultado depende de várias partes envolvidas.
Mesmo as organizações prezando pela alta qualidade e alto desempenho, elas próprias muitas vezes apresentam as suas falhas, fraquezas e cometem erros estratégicos. As próprias organizações são imperfeitas e refletem o ambiente aonde estão inseridas. Portanto, não há como equipes e profissionais tirarem um 10, quando a empresa não apresenta condições para que este resultado seja alcançado.
Esta constatação traz a necessidade de associar o reconhecimento à reciprocidade. Se o profissional entende e atua em sua organização respeitando que ela própria tem as suas limitações, nada mais justo do que a empresa apreender seu resultado dentro desta realidade e, principalmente, reconhecer todo o esforço e empenho para tentar fazer o impossível diante do contexto e realidade organizacional aonde está inserido.
Factualmente, a organização pode e deve criar gestos, símbolos e momentos, onde as pessoas são vistas como vencedoras, como vitoriosas. Persistir, apoiar a equipe e buscar o inatingível deveriam ser, por si só, motivos para comemorar. Palavras não mudam o mundo, nem mesmo pessoas, mas elas podem ser o início do reconhecimento. Gratidão no verbo e na ação podem gerar um fôlego adicional para mais uma etapa, para aumentar o ritmo ou corrigir uma falha.
No mundo em que vivemos, muitas vezes parece que apenas o perfeito e o 100% justificam qualquer movimento para reconhecer o outro. É urgente que mudemos o foco. O meio no qual estamos traz consigo a clara e nítida certeza de que mudanças são impostas a todo o momento. Nem empresas e nem pessoas estão preparadas para responder tudo dentro do princípio da perfeição. Vamos então buscar maior senso de realidade e maior flexibilidade diante do reconhecimento. Do contrário, jamais estaremos satisfeitos ou realizados em nosso trabalho e isto reflete negativamente para o eu, para a equipe e toda a empresa.
* Daniella Forster é psicóloga, mestre em Administração e especialista em coaching de carreira. É coordenadora do PUC Talentos, núcleo de empregabilidade da PUCPR.
Especialista em Auditoria e Perícia
7 aParabéns pelo texto! Excelente!!!