Ainda dá tempo!

Ainda dá tempo!

No começo do ano dei uma entrevista para uma matéria sobre propósitos e metas de ano novo, baseado em minhas recomendações no trabalho de Conversadoria que faço com executivos. Dando uma limpada agora no computador, encontrei o texto que enviei para a jornalista e me pareceu interessante compartilhar a reflexão, afinal acabamos de completar metade desta trajetória de 2017. Ou seja, dá tempo de ainda propor e cumprir algumas metas, quiçá realizar alguns sonhos.

"Acho que a primeira coisa a destacar é que a vida se renova constantemente em prazos que podem ser mais ou menos percebidos pelas pessoas. Jornadas e ciclos que se concluem também são uma demonstração de que nada é pra sempre e isso exige de nós fazer escolhas.

Então, se não percebemos que a cada dia um novo amanhecer nos oferece um dia novinho pra escrever uma nova história, vem uma semana para nos lembrar disso, e depois vem um mês inteiro e assim sucessivamente até que o Reveillon nos mostre que nos é dado um novo ano inteiro para recomeçar.

Sim, acredito que recomeçamos a cada nova tomada de consciência. E a conversadoria segue este propósito de renovação pois é ao expressar um pensamento, uma angústia, uma vontade, um sonho, que se abrem as possibilidades de encontrar saídas, soluções e alternativas.

Eu gosto muito de arrumar gavetas e limpar arquivos no computador e também a caixa postal do celular. Quando a gente organiza o exterior é como se o inconsciente também fizesse uma limpeza interna, organizando pensamentos e emoções. Colocando cada coisa no seu lugar e estabelecendo um critério para guardar ou deletar coisas.

Então esta é uma recomendação que eu sempre faço: arrume e organize gavetas, arquivos ou papeis.  Pode até ser arrumar uma prateleira de livros, uma caixa de recordações, limpar a coleção de miniaturas, organizar a mesa do escritório. Dar a cada coisa um lugar vai organizando também nossas ideias e aperfeiçoando nossa capacidade de fazer escolhas mais rapidamente.

Fazer uma lista de coisas e tarefas ou pensamentos é uma segunda recomendação. Tirar da cabeça uma ideia e escreve-la é começar a dar forma concreta a ela, olhar para aquilo, reconhece-la como algo fora de você para então se apropriar dela.

Claro que nem todas as pessoas respondem bem a fórmulas e é na atitude de escutar o que os executivos costumam dizer além de suas palavras, que está o segredo deste serviço que eu presto, de conversadoria. Muitos chegam com muitas certezas e posturas fechadas de quem tem resposta pra tudo e, de repente, uma pergunta desestrutura toda a armadura criada por ele pra se proteger.

Lembro de um experiente executivo que se achava o próprio bambambam da carreira corporativa, atribuía sua ascensão aos seus diferenciais, independentizou-se de filhos e da família para construir um patrimônio sólido e perene. Daí, no meio da conversa eu perguntei se ele costumava rezar. Menina, o cara ficou calado uns trinta segundos olhando pra mim como se eu o tivesse xingado e de repente, ele ficou com os olhos cheios d´água. Que significado teve isso? Pra ele foi um insight, uma tomada de consciência!

Não sei bem como estas coisas acontecem mas como acredito em bruxas, penso que o nível de uma conversa onde não há julgamentos tende a criar uma espiral ascendente e mágica de consciência que possibilita os insights, tanto pra mim que posso fazer uma intervenção como para o cliente que é surpreendido.

Quando a gente fala que teve uma idéia ela não nasceu sozinha. Ela foi gerada a partir da experiência, do conhecimento e da disposição de deixar emergir da consciência uma “idéia” nova.

E não importa se a conversadoria é com o presidente da empresa, com um diretor, com um banqueiro ou arquiteto, no final das contas isso tudo é um rótulo que envolve as pessoas. E como seres humanos todos somos sensíveis a decepções e realização, buscamos reconhecimento, queremos ser ouvidos e acolhidos em todos os níveis.

Por isso uma dica para começar bem o ano é também se desapegar de pensamentos negativos em relação às outras pessoas e um bom exercício é se colocar no lugar delas procurando encontrar pelo menos uma coisa boa pra qualificar o outro. Todos temos alguma qualidade evidente e que pode ser destacada.

Assim, em 2017, minha recomendação profissional é que as pessoas também tenham uma atitude compreensiva em relação a si mesmas. Vale fazer uma listinha de virtudes, habilidades ou agradecimentos por coisas simples que conseguimos realizar todos os dias ou que nos fazem ser queridos por nossos amigos ou colegas de trabalho.

Creio que a frase correta não é “falta amor no mundo”.

O que falta é amar, inclusive a si próprio."


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