Ainda não é setembro amarelo, mas precisamos falar de saúde mental.
Todo ano em setembro vemos um número massante de empresas se manifestarem em favor a campanha do combate ao suicídio, e a favor de ações de prevenção de saúde mental. É óbvio que essas ações são extremamente importantes para validar a importância de entender, acolher e cuidar de doenças e desordens mentais. Entretanto, da mesma forma que essas publicações e ações vem em um grande número, ao fim de setembro elas também se vão, mas a saúde mental, essa… permanece, e nos abraça diariamente.
Infelizmente nós mesmos, por vezes, levantamos bandeiras pelas causas, pelas ações sociais, e esquecemos de levantar bandeiras por nós mesmos, esquecemos de olhar intrinsecamente para dentro de nós, e fazermos perguntas simples como "está tudo bem com você?", "tem algo te chateando?", "você precisa de ajuda?", "tem algo te fragilizando?". Olhamos para todos a nossa volta, nos preocupamos com os outros e esquecemos do auto cuidado.
E falando do mundo corporativo, tenho visto muitas empresas que se engajam com a causa, mas não tem se preocupado em realmente fornecer suporte psicológico para seus colaboradores, mesmo sabendo de todos os benefícios, mesmo sabendo ser um investimento que faz em si própria.
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Adiciono ainda mais, doenças mentais são realmente colocadas como doenças? Por que ainda existem locais que se aceita facilmente qualquer CID físico, mas um CID mental não é bem-visto? Por que quebrar o braço, torcer o pé é visto com pesar e entendimento, mas uma mente quebrada e distorcida ainda é vista com profundo tabu? Logo ela, a nossa mente, responsável por todo raciocínio, por todo nosso funcionamento, logo ela… ela que se não vai bem, todo resto vai mal. A um tempo atrás vi uma pessoa dizer que não falava sobre sua condição no trabalho porque tinha medo do julgamento dos colegas e dos líderes, tinha medo de ser vista como uma pessoa incapaz, de duvidarem do seu potencial, e ela seguia escondendo suas dores.
Eu realmente espero ver todo suporte que vejo na minha atual empresa em outras, e que ela continue investindo e entendendo a importância da saúde mental na vida dos seus colaboradores. Eu espero ver líderes engajados e que compreendem e abraçam seus funcionários em momentos criticos. De verdade, eu espero que pessoas fragilizadas mentalmente possam se sentir acolhidas em seu ambiente de trabalho, porque muitas vezes aquele é o único ambiente em que ela pode falar sobre.
Apesar de eu ser apenas uma estagiária, eu já tive um número razoável de experiências profissionais, vi pessoas ótimas serem consumidas por suas inseguranças, por suas ansiedades, por suas depressões e principalmente pela falta de apoio de outros. Saúde mental é questão pública. Saúde mental é questão de grandes e pequenas empresas. Saúde mental é algo a ser discutido e debatido. Precisamos melhorar nossa rede de apoio psicológico dentro das organizações, precisamos criar meios para as pessoas se sentirem seguras, confortáveis e entendidas. E sobre tudo: Precisamos parar de discutir saúde mental só em setembro.