ALCANCES TEÓRICOS*
ALCANCES TEÓRICOS*
A limitação da compreensão humana está frequentemente relacionada ao alcance da leitura e da capacidade crítica de cada indivíduo. Aqueles com menor exposição à leitura e reflexão crítica tendem a tomar os limites de sua experiência direta, alcance de sua visão ou de sua sobra, como os limites do entendimento humano do mundo. Como lembrava Albert Einstein “Tudo aquilo que homem ignora, não existe para ele. Por isso o universo de cada um se resume ao tamanho de seu saber.” E nessa situação que se resume a ignorância no sentido de não conhecer, ignorar.
No entanto, podemos expandir essa compreensão à medida que lemos, estudamos, pesquisamos e refletimos. Esse processo possibilita uma ampliação das capacidades cognitivas para entender, questionar e explicar os fenômenos que aparentam serem familiares, cognoscíveis, de fácil leitura e entendimento. Embora seja improvável alcançar uma compreensão plena de qualquer fenômeno, dada a natureza dinâmica, sempre em movimento com deslocamentos imprevisíveis e em constante transformação do mundo, essa busca pelo conhecimento é incessante.
O conhecimento humano é caracterizado por sua incompletude e sua natureza qualitativa e renovável, não se limitando apenas a um aumento quantitativo. Assim como escavar um buraco em areia movediça, sempre haverá mais a ser descoberto, e provavelmente nunca alcançaremos o fim dessa escavação. Esse contínuo processo de descoberta será sempre uma tarefa para novos pesquisadores, que se apoiarão nas conquistas anteriores para avançar ainda mais. A jornada do conhecimento é interminável, estendendo-se além dos limites de nosso planeta em direção à expansão infinita do espaço.
Karl Popper expressou essa ideia ao afirmar que "a ciência sempre será uma busca, jamais uma descoberta. É uma viagem, nunca uma chegada". Os avanços científicos ocorrem continuamente, mas sua aceitação e consolidação são temporárias, baseadas na consistência observada até o momento, até a chegada de uma refutação que a colocará em cheque o entendimento anterior. A busca pelo conhecimento é infinita, e gerações de pesquisadores continuarão a se deparar com esse desafio.
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Boa Ventura de Sousa Santos estabelece reflexões acerca das mudanças que estão ocorrendo nas ciências em geral e particularmente nas ciências humanas afirma “Esta nova visão do mundo e da vida reconduz-se a duas distinções fundamentais, entre conhecimento científico e conhecimento de senso comum, por um lado, e entre natureza e pessoa humana, por outro.” Ao tratar das explicações paradigmáticas que emergiram da modernidade reitera o autor “O paradigma a emergir dela não pode ser apenas um paradigma científico o paradigma de um conhecimento prudente, tem de ser também um paradigma social o paradigma de uma vida decente.” Afinal esta é uma concordância de um senso humano critico e consequente, ou seja, a ciência, mesmo em sua fragilidade temporária ela necessita agregar, construir caminhos para uma vida melhor.
Muitos, ao longo da história cientifica, tentaram estabelecer explicações únicas, absolutas e definitivas para tudo, mas o tempo revelou a fragilidade dessas tentativas, mostrando a alternância e renovação constantes do conhecimento científico. Esta parece ser uma sina de quem pesquisa: não apenas aceitar o movimento, mas as incertezas que carregam e comumente nos proporcionam entendimentos incompletos, parciais. Mas essa parece ser a singularidade fenomenológica de tudo que se analisa. Carregam uma angustia da incerteza, rodeados pelas convicções e tentativas explicadas construídas até aquele momento.
Há sempre algo para conhecer, não detemos todo o conhecimento que se encontra escondido logo adiante. A jornada em busca do saber é, portanto uma jornada marcada pela consciência de que no dia seguinte teremos que recomeçar.
*Paulo Bassani é cientista social
** Gabriel Barbosa Bassani é geógrafo
Diretor GEAMA
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