Alfabetização: o que se passa na mente de nossos filhos?

Durante a primeira infância, presenciamos diversas fases de nossos filhos: o primeiro sorriso, balbucios e palavrinhas embaralhadas, os primeiros passos, novas experiências e conquistas. Como pedagoga, professora e coordenadora escolar, tenho percebido nos últimos anos que tudo isso traz alegria e também regozijo aos pais, mas nada os deixa mais orgulhosos do que perceber os primeiros sinais e tentativas de escrita de seus pequenos.

Apesar de muitos sentirem vontade e necessidade de ajudá-los neste processo, é comum que a ansiedade e pressa das famílias atrapalhem a evolução natural de seus filhos, criando, muitas vezes, traumas ou frustrações. 

Antes de saber como ajudar, é preciso entender o que se passa na mente dos pequenos enquanto estão no processo de alfabetização e letramento. A alfabetização não começa apenas na pré-escola ou no primeiro ano do ensino fundamental. Mais do que juntar sílabas, o processo de letramento se inicia muito antes, por meio da introdução a livros de literatura infantil. Os pais são parceiros da escola neste processo pois normalmente são os primeiros a apresentar estes livrinhos aos pequenos, os quais se criarem um hábito saudável de leitura diária, terão maior facilidade de compreender a funcionalidade da escrita e terão acesso a um repertório riquíssimo de palavras e de vocabulário literário.

"A alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é anterior a escola e que não termina ao finalizar a escola.” Emília Ferreiro

É importante também saber que, quando o letramento é introduzido no dia-a-dia escolar, será possível notar diferença entre as crianças e seus colegas de sala. Cada um tem um ritmo diferente e não deve ser acelerado ou comparado com os demais. A criança elabora uma série de ideias e hipóteses temporárias antes de compreender a complexidade do sistema de escrita. Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1986), existem fases diferentes em que a mente da criança passa a compreender cada etapa da alfabetização, e é essencial que a família entenda que cada um tem seu ritmo e não deve ser pressionado.

Mas o que mais podemos fazer para ajudar, ou ao menos ‘não atrapalhar’ a alfabetização de nossos filhos? Trago aqui algumas dicas para os pais que desejam ser peça essencial neste processo e que querem ajudar seus pequenos a conquistarem tudo com muita naturalidade.

1. Não tenha pressa!
2. Não o compare com os demais.
3. Nunca corrija a sua escrita. As hipóteses de escrita que cada criança está são temporárias e as crianças devem mudar de fase por conta de sua própria reflexão, e não porque alguém disse que estava errado, causando um trauma e um atraso no processo.
4. Permitir que o processo evolutivo do aprendizado flua de forma natural.
5. Estimule a leitura!
6. Envolva seus filhos em situações orais, de comunicação e troca de informações em casa.
7. Ajude-os a entender para que servem as letras: Peça que te ajude a cozinhar usando uma receita; faça lista de compras junto com seu filho e deixe-o responsável em segurá-la no mercado; explore os rótulos e embalagens; monte uma agenda telefônica com seu filho, isso o ajudará a diferenciar as letras (nomes dos amigos e familiares) dos números (telefones); deixe recados colados na geladeira.

E não se esqueça do principal: Seja um modelo e uma referência para seu filho. Crianças costumam seguir exemplos e não conselhos. Aprendem mais observando do que escutando.