Algoritmos, Dados e Eleições
Em diferentes níveis e intensidade, podemos dizer que os algoritmos estão presentes nas nossas vidas do momento em que acordamos ao momento em que vamos dormir. Associado a isso temos o processo de digitalização das informações e das relações sociais e o uso cada vez mais amplo da inteligência artificial, juntos, essas novas formas de receber e produzir informações vêm transformando o mundo do marketing e na política não é diferente.
Podemos dizer que o uso de algoritmos e de mecanismos de inteligência artificial (IA) chegaram oficialmente ao mundo do marketing político nas eleições de 2008, com a campanha do democrata Barack Obama, que conseguiu unir tecnologia, informações sobre os eleitores e um trabalho de muita inteligência e segmentação para direcionar propagandas customizadas para cada tipo de público.
As informações coletadas por meio dos dados disponíveis em sites e em plataformas de redes sociais podem apontar, por exemplo, qual grupo de eleitores pode definir as eleições e qual tipo de publicidade seria mais eficaz para atingi-los.
Hoje, o rankeamento de palavras-chave e a produção de material publicitário direcionado a nichos já é uma realidade no Brasil. Além disso, nossa última eleição para presidente mostrou bem como um candidato pode utilizar os dados gerados a partir das redes sociais para construir uma campanha vitoriosa.
Outra estratégia importante é o marketing pessoal. Perceber que o período entre campanhas é essencial para fortalecer e ampliar a rede de apoiadores é essencial para o sucesso da campanha durante o período estabelecido por Lei, vide os exemplos de Obama, Biden e Bolsonaro.
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Mas ao falarmos em fortalecimento e ampliação da rede de apoiadores não podemos esquecer que para que isto ocorra é preciso burlar o “efeito bolha”. Isso acontece porque muitas vezes os usuários das redes sociais acabam lendo exclusivamente os assuntos que mais os interessam ou que são capazes de refletir sua opinião.
Desta forma, eu, você e os demais eleitores acabamos sempre nos cercando de pessoas que compartilham do mesmo pensamento ou que pensam de forma muito parecida. Esse efeito bolha é, digamos, um efeito colateral dos algoritmos e da leitura que eles fazem dos nossos hábitos de consumo de informação ou relações interpessoais.
Por isso, é imprescindível que a equipe de campanha esteja atenta aos temas que são tendências entre cada público alvo e que também esteja disposta a apostar em temas polêmicos ou que não fazem parte da linha editorial principal do candidato, mas que também a tangenciam.
Por exemplo: um candidato que levanta a bandeira do esporte como alternativa para a educação de crianças e jovens também pode falar sobre o novo projeto de ensino de música que veio para somar às iniciativas focadas nos jovens e crianças.
@AlekMaracaja