Ambientalismo Grátis
Os direitos sociais e ambientais estão cada vez mais em vigor nas mídias e na boca do povo. São milhões de pessoas preocupadas com situações como catástrofes naturais, efeito estufa e desemprego. Expressões heroicas emergem da sociedade, preocupados com a atual situação mundial, engajando jovens e adultos para protestarem a favor do clima e de um futuro melhor. Da menina Greta Thunberg, sueca de 16 anos, famosa por sua forte opinião sobre o meio ambiente, apresentada ao mundo em um discurso nas Nações Unidas, à congressista americana de 30 anos, Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como o novo rosto da esquerda americana, o mundo se une em um grande manifesto pela natureza. Suas propostas são o ápice do ambientalismo como conhecemos hoje. Zero emissões, comida de qualidade e sem agrotóxicos, e até mesmo o conceito de justiça ambiental, que leva em consideração não apenas emissões de gases, e políticas de energia limpa, como afirmam o compromisso social com quem está desamparado por culpa do meio ambiente em deterioração.
No entanto, assim como no corpo humano, não é possível bombear o sangue do coração até outros órgãos sem um importante elemento: sangue. Na linguagem econômica, vemos através das correntes fisiocratas, as primeiras analogias do sangue com o dinheiro. Para que algo possa funcionar é necessário realocar o dinheiro dentro da economia. Mas por que não podemos simplesmente criar mais dinheiro para alcançar nossos objetivos? A resposta é simples. O dinheiro perde seu valor, e é corroído pela inflação. Um arranhão em seu único carro seria um incômodo. Um arranhão em um de seus cinco carros já não tem tanta importância. É exatamente o que ocorre com o dinheiro.
As propostas que muitos ambientalistas tentam nos passar, e me baseio aqui na “bíblia” do ambientalismo contemporâneo, o Green New Deal, título que faz um empréstimo do nome do plano econômico americano, New Deal, utilizado para fomentar a recuperação econômica dos Estados Unidos após a grande depressão de 1929, embora com fins maravilhosos, não conseguem justificar seus próprios meios. Infelizmente, o impacto econômico e social para alcançar tais propostas através dos meios sugeridos é totalmente irreal, e ilusório. Um verdadeiro conto de fadas. Como diria o ex-presidente Fernando Collor: “Um sonho de uma noite de verão” ¹.
Da redução quase completa dos gases do efeito estufa entre 2010 e 2030, a extinção global das emissões de gases poluentes até 2050, até uma malha ferroviária de alta velocidade, para que se possa evitar a poluição dos aviões, o Green New Deal promove uma grande visão do futuro, porém não enxerga muita coisa. Entre suas muitas propostas está a criação de milhões de empregos de alta renda nos Estados Unidos, com níveis de prosperidade e seguridade social jamais vistos. A correção de opressões históricas (sim, você não leu errado), causadas aos indígenas, comunidades de cor, imigrantes, pessoas de baixa renda, comunidades desindustrializadas e por aí em frente. Revitalização de todos os prédios existentes nos EUA, além da criação de novos prédios que sejam capazes de atingir eficiência ambiental, e sejam financeiramente acessíveis a todos. A extinção da poluição da agricultura, sustentando financeiramente agricultores, enquanto o governo garantidor investe no ramo. E a melhor proposta de todas: garantir um salário digno a todas as famílias, bancado pelo estado, bem como licenças especiais, treinamento, oportunidades, e paridade de salários.
Como os ambientalistas pretendem realizar tamanha mudança? Afinal, estimo que apenas para a manutenção de todos os ramos industriais dos EUA, seja necessário mais de 130 bilhões de dólares por ano. Através de um meio muito cômodo: a utilização do estado como indutor do crescimento. Investimentos (se é que eles existiriam) seriam remanejados pelo governo para áreas de interesses sociais e ambientais. De acordo com a nova teoria monetária moderna, a mais esquizofrênica das teorias monetárias, como o governo detém o monopólio da emissão de moeda, ele poderia causar uma grande enxurrada de dinheiro na economia (a Venezuela sentiria inveja dessa inflação), bem como criar impostos para saciar os fundos de bem estar social, necessários para a realização dessa grande empreitada.
Além da inflação gigantesca que corroeria o poder de compra das pessoas, e os altos níveis de impostos, o que o estado poderia fazer para conter os trabalhadores que, de acordo com o Green New Deal, tem o direito de se organizar, formarem sindicatos, e “coletivamente barganhar livremente pelo fim da coerção, intimidação e do assédio” ²? Utilizar forças violentas de repressão? Mas com que dinheiro já que a economia não mais produz nada? A receita simplesmente não cobre o investimento. O Green New Deal assim como outros textos e manifestos ambientais e de justiça ambiental, deixam margens atrás de margens de dúvidas sobre sua eficiência, eficácia, e a moralidade da execução de seus objetivos.
O conto de fadas de uma sociedade coletiva, sem ônus para ninguém, o vulgar “mito do governo grátis”, não leva em consideração nenhum instrumento plausível, capaz de colocar em prática suas propostas. É importante que a sociedade caminhe para um horizonte de energias renováveis, e prosperidade econômica para todos. Mas isso não é tão fácil quanto parece. A sociedade deposita certo grau de confiança em sua estrutura econômica e governamental para que as atividades fluam de forma organizada, e tenta ao máximo evitar o ônus de suas escolhas. No entanto não é através de canetas, e paraísos imaginários que os ônus são resolvidos.
¹Expressão retirada da entrevista do ex-presidente Fernando Collor ao programa Jornal Nacional, exibido pela Rede Globo de Televisão no dia 18 de março de 1997.
²Retirado do texto original submetido a câmara dos deputados americana ,sobre a criação do Green New Deal, no dia 7 de fevereiro de 2019.
Arnon Rodak, 29/10/2019.
Analista de operações imobiliárias | Registros - Formalização | Bari
5 aEconomágica não funciona! Parabéns pelo texto.