AMPLO E PLURAL: MAS, POR QUE, TANTOS ENTRAVES AINDA NO SUS?

AMPLO E PLURAL: MAS, POR QUE, TANTOS ENTRAVES AINDA NO SUS?

O SUS é o maior sistema público de saúde do mundo. De acordo com o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil ultrapassou a marca dos 203 milhões de habitantes. Estima-se que aproximadamente 80% dessa população dependa exclusivamente do SUS para cuidar da saúde. Isso evidencia o tamanho, a importância, a complexidade e os desafios inerentes ao Sistema Único de Saúde.

Mas, se o SUS tem toda essa potência e presença na vida da população, por que ainda nos deparamos com tantos problemas de acesso e qualidade?

Antes de tudo, é necessário reconhecer que o Sistema Único de Saúde é uma das maiores conquistas da sociedade brasileira. Quando sancionada, a Lei 8080/1990 afirmou que todas as pessoas do país têm direito a políticas públicas que garantam o cuidado integral à saúde. A legislação, além de inovadora, mudou o paradigma de que a saúde só era direito de quem podia pagar por ela. 

Mas é preciso também ter em perspectiva que a própria magnitude desse sistema implica uma série de condições –  estruturas organizacionais, arcabouço normativo (nos níveis federal, estadual e municipal/distrital), especificidades locais, limitações orçamentárias, perfis de gestão e fluxos operacionais – para que o direito se materialize na ponta do atendimento.

Isso não significa que haja incompatibilidade entre as necessidades do território e o SUS em si, mas representa necessariamente admitir que o tempo da política nem sempre é o mesmo tempo da necessidade que as pessoas têm no cotidiano. E é nessa equação que, de forma equivocada, somos induzidos a pensar que o SUS não funciona (na totalidade) ou que é ineficiente em seu propósito.

Precisamos superar essa compreensão equivocada e focar no que podemos fazer para superar os entraves que, cotidianamente, o SUS nos apresenta.

Isso me faz lembrar da minha trajetória na saúde pública, especificamente nos mais de dez anos em que atuei no Ministério da Saúde. Eu tinha a visão de que a política que nascia no nível federal dava conta de tudo quando chegava nos municípios. Depois, quando atuei na gestão pública municipal, fui confrontado pela realidade de que, sem o diálogo e o adequado tempo de construção, as políticas públicas setoriais acabam limitadas. 

É necessário pensar o tempo todo, como gestor e estrategista, em como alinhar a expectativa (legislação nacional) com a realidade (regulamentações locais). 

Basicamente, essa é a espinha dorsal do nosso trabalho no Grupo Desenvolve. Quando ofertamos uma consultoria a um determinado município, iniciamos um longo diálogo sobre as necessidades da gestão e da população daquela cidade. Depois, fazemos um amplo diagnóstico do que está sendo executado e, tão importante quanto essas etapas iniciais, apontamos o que há disponível em termos de recursos para corrigir a rota naquele município.

Nos últimos 07 anos, conseguimos ajudar mais de 40 municípios a reprogramar mais de R$21 milhões, recursos que estavam parados e voltaram a ser usados para cuidar da saúde da população, impactando diretamente cerca de 2 millhões de pessoas que dependem do SUS. 

Digo isso não com presunção, mas com o sentimento de orgulho, de poder olhar para trás e perceber que os desafios existem, mas são transponíveis. E que reconhecer o problema para focar na solução ao invés de fazer a crítica vazia nos faz crescer e avançar. 

Levo para mim e para a equipe do Grupo Desenvolve o compromisso de olhar para esse histórico de forma sensível, como maniera de dar na continuidade a uma trajetória que pode, verdadeiramente, transformar a vida das pessoas.

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