Anatomia de uma fintech de empréstimo
Como funciona uma fintech de empréstimo?
Essa é de longe uma das perguntas que mais escuto. E, é bem difícil de responder, já que cada uma tem suas particularidades. Mas vou me atrever a dar um overview sobre as partes mais importantes e essenciais desse tipo de fintech. Seguem abaixo pontos básicos:
- Maquina de Marketing
Uma fintech não funciona como um banco e os clientes não atravessaram a porta giratória para pedir crédito. A fintech tem que realizar ações de marketing digital e ter canais consistentes de aquisição de clientes. Diversas estratégias podem ser utilizadas. Inbound marketing, utilizando-se de blogs, estratégias de SEO e publicações patrocinadas. Existem também os marketplaces de crédito que podem ajudar muito. Ex.: Bom pra Crédito, Ecred, Juros Baixos e o Melhor deles hehehe o EasyCrédito (puxando a brasa pra minha sardinha).
- Mecanismos Antifraude
Um dos grandes problemas das fintechs é garantir a identidade de quem está solicitando crédito on-line. Várias soluções são utilizadas para garantir a identidade dos proponentes como: KBA com informações captadas através de crawlers, validações biométricas, geolocalização, validação de contas de e-mail e etc. Existem várias empresas que podem apoiar essa fase como: BigData Corp, EmailAge, Clearsale e etc.
- Motor de decisão
É fundamental para essas empresas saber quem é seu público alvo e qual o perfil de crédito é o seu. Uma política de crédito mal pensada vai fadar a empresa ao fracasso, já que pode aumentar a inadimplência, assim como não permitir que empréstimos bons sejam realizados, aumentando o CAC do Marketing. A vantagem é que essas empresas dispõem de dados que as empresas tradicionais não tem acesso ou desprezam. Ex.: Marca e modelo do aparelho de celular, padrão de vida na geolocalização, profissão no Linkedin, conexões nas redes sociais e etc.
- Upload de documentos
As fintechs precisam ter acesso a documentos como: documento de inidentidade, comprovante de endereço, comprovante de renda e etc. Um dos grandes problemas é saber se esses documentos são verídicos. São várias tecnologias e estratégias que podem ajudar. Algumas empresas pedem uma foto com o documento em mãos e fazem o face match, outras pedem um vídeo piscando para fazer a prova de vida, outras investem em verificação biométrica, outras investem em OCR para leitura e validação dos documentos. A verdade é que esse ponto merece um artigo somente para ele.
- Assinatura do contrato digital
Existem vários métodos de realizar a assinatura de maneira digital. O certificado digital é o mais conhecido mas sabe-se do custo de adquirir um certificado e acaba se tornando inviável nesse momento. Pode-se usar assinatura por dados de contexto. Assinatura por envio de token e até mesmo assinatura em tela. A boa notícia é que a terceira turma do STJ recentemente reconheceu um contrato assinado digitalmente como um título executivo válido.
- Cobrança
Nesse ponto a operação de uma fintech não se difere muito de uma operação tradicional. A cobrança é feita tanto de forma pró-ativa como de forma reativa. A diferença é que os dados de contato (telefone e e-mail) que normalmente são validados no início do processo podem ser usados para se comunicar com o cliente em todas as partes do processo.
Existem muito mais pontos a serem tratados. Mas o objetivo aqui é realmente dar uma ideia inicial para quem quer entender um pouco mais desse novo movimento que está transformando a indústria de serviços financeiros.
Coordenador de Crédito - GEQ
5 aMuito bom Rodrigo, quero usar minha experiência em credito prs trabalhar em fintechs e pelo seu perfil descobrir onde iniciar os estudos de data science
Administradora e Entusiasta em Designer Instrucional,
6 aNossa, seu artigo só me entusiasmou mais a conhecer as FINTECHS, sou ex bancárias e me afastei a alguns anos do mercado financeiro, porém já fui picada pelo "bichinho". Poder ver a evolução da tecnologia no mercado financeiro me encanta demais. Outra questão é que hoje mais e mais pessoas estão aderindo a aquisição de certificados digitais, deveria ser mais divulgado as vantagens. Parabéns pelo artigo, vou buscar saber mais e mais... quem sabe é um novo caminho para eu voltar ao mercado finaceiro. Grata
Profissional de Operações
6 aContribuindo, em 26.04.2018 o Banco Central publicou a resolução n 4.656, tratando as Fintechs de duas formas : 1. Sociedade de crédito direto 2. Sociedade de empréstimo entre pessoas Segundo o Bacen as normas justificam pela necessidade de maior segurança Jurídica, Não defendo a normatização desmedida dos órgãos reguladores , já temos normas demais , porém no caso das FINTECHS era mesmo o momento da regulamentação acontecer. As Fintechs autorizadas a funcionar, vão possuir natureza Jurídica, devendo, portanto, obedecer ao regramento específico do ambiente bancário regulado. Obrigado
CEO na DPBN CAPITAL E PARTICIPAÇÕES S.A. Estururacoes Complexas, Construcao de Bancos, Derivação em Fundos de Investimentos Internacionais.
6 aMuito útil. Obrigado.
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6 aÓtimo texto Rodrigo Siqueira