De quem é o poder de escolha nas operações de crédito?

De quem é o poder de escolha nas operações de crédito?

A transformação digital trouxe grandes desafios para as instituições financeiras, que estão passando por um momento de reinvenção estrutural e de modelo de negócios. Enquanto as empresas investem cada vez mais no sistema open banking, para desverticalizar o processo bancário e democratizar o acesso ao crédito, os clientes ainda encontram resistência nesse novo formato. 

Como o poder sempre esteve nas mãos dos bancos, os usuários estranham o empoderamento conquistado, que acontece por meio da tecnologia e de um processo de inversão de fluxo: em vez de as instituições financeiras determinarem as variáveis que envolvem as operações de crédito, agora é o cliente que está no centro da tomada de decisão.   

Mesmo com essa virada de chave que vem acontecendo no mercado financeiro, ainda existe bastante preconceito por parte dos empresários brasileiros, em especial a visão de o tomador de crédito é uma empresa ou pessoa  que está endividada. 

Na verdade, é muito comum, em uma economia forte, as empresas necessitarem de capital de giro , uma vez que o crédito, em sua essência, significa fomento ao crescimento. Então, toda empresa que está em desenvolvimento deveria usá-lo, sem qualquer tipo de constrangimento ou medo de ser estigmatizada.

O principal obstáculo para a evolução do mercado

Atualmente, um dos nossos maiores desafios aqui na Finplace, que é um marketplace de crédito para micro, pequenas e médias empresas e seus colaboradores, é a mudança de mindset do empresário… fazer com que ele entenda as novas regras do jogo. Ou seja, o obstáculo principal é o modelo antigo versus o modelo novo. 

O empresário brasileiro está tão acostumado à relação baseada no medo com o banco que ele tem um vínculo quase pessoal, que beira a dependência emocional, com o seu gerente de conta. Prova disso é o hábito de enviar presentes em diferentes ocasiões apenas para agradar o profissional que supostamente detém todo o poder sobre as operações de crédito. Na verdade, quem deveria enviar mimos era o gerente, não o cliente.

Portanto, o nosso maior desafio está na cultura antiga, que o usuário insiste em carregar, não na tecnologia, que atualmente está muito mais desenvolvida e oferece inúmeros recursos para atender diferentes objetivos e necessidades. O usuário está tão acostumado a permitir que o banco mande, que apesar de oferecermos mais de R$ 4 bilhões na plataforma da Finplace para ele operar, a preferência ainda é por continuar falando com o gerente. Empoderamos tanto o empresário que agora ele está em dúvida se tudo isso é de fato real. 

A transformação do processo cultural é extremamente necessária, tanto que aqui na Finplace nós estamos investindo massivamente em conteúdos explicativos em diversos formatos e canais de comunicação, para mostrar que quem manda no ecossistema financeiro é o cliente. No total, são 350 financiadores  dispostos  a atendê-lo e mais de 2.700 no mercado. É um universo de possibilidades. 

O empresário precisa entender de uma vez por todas que o open banking, tão disseminado pelo Banco Central do Brasil, busca trazer novos entrantes e novas formas de fazer negócios, com base em tecnologia. Agora, a ordem de poder inverteu: o cliente sinaliza qual é a sua demanda, e o financiador avalia, de acordo com as suas regras de política de crédito, se vai conseguir atendê-las ou não. A solicitação é feita por meio de uma plataforma, que faz uma busca completa, a custo zero, em todo o ecossistema financeiro. 

Por incrível que pareça, gastamos mais dinheiro com o processo de engajamento do tomador de crédito do que com o processo de criação de tecnologia. Ainda estamos distantes das nossas metas por conta da dificuldade de conseguir engajar o usuário. Enquanto o empresário não entender que o poder está nas mãos do tomador de crédito, que não deve ser visto como endividado, mas como alguém que está buscando desenvolvimento, continuaremos caminhando em círculos indefinidamente. 

A desmistificação do mercado financeiro

Como fundador de um marketplace de crédito, posso afirmar que viemos para facilitar o mundo financeiro, que é cheio de termos, siglas e regras, e desmistificar toda a dinâmica que envolve operações de crédito. Durante muitos anos , o mercado financeiro vendeu dificuldade para colher facilidade. Agora, nós invertemos o jogo: vendemos facilidade para vender mais barato, mais rápido e fazer mais volume. 

Existe um esforço do mundo inteiro para desverticalizar as relações e torná-las peer-to-peer, ou ponta a ponta, eliminando o intermediário e deixando a operação mais acessível. O foco principal é fazer um capitalismo cooperativo, que é quando as pessoas gastam menos energia e cooperam mais. 

Na Finplace somos interlocutores do mercado, facilitamos as relações por meio de uma plataforma minimalista, conectamos ponta a ponta de forma direta, sem os  intermediários tradicionais do mercado e simplificamos a linguagem. Tudo isso a custo zero para o tomador de crédito , porque o que queremos é democratizar o acesso ao crédito, desenvolver nossa economia com volume transacional de negócio e, por consequência nos tornarmos uma nação mais forte.

Aliás, nós  buscamos democratizar o acesso ao crédito por uma questão ligada ao nosso propósito, não apenas para fazer dinheiro. Afinal, queremos fazer algo para deixar um legado para as pessoas, para o país, para a próxima geração. Eu preciso transformar esse mercado para que o Brasil seja uma nação diferente amanhã. Caso contrário, vamos ficar falando de novo de política, de esquerda, de direita e de centro, e nada vai mudar. Sabe por quê? A mudança só acontece por meio de uma economia forte, porque ninguém faz nada sem dinheiro em um estado capitalista.

No final das contas, a democratização do acesso ao crédito é um processo muito mais abrangente, uma vez que garante uma estrutura econômica mais sólida e traz um maior volume de operações. A partir daí, podemos falar de uma transformação mais profunda da sociedade, que inclui diversidade, aceitação e empatia. 

Antes de qualquer coisa, o país precisa estabilizar sua economia para depois podermos discutir conceitos e definir os modelos de negócio mais apropriados. A mola mestra do mundo capitalista se chama recurso financeiro. Portanto, se você não tem capital de giro, considere-se fora do jogo. O mercado está repleto de oportunidades, basta abrir a mente, abandonar os velhos hábitos e aproveitar as ferramentas disponíveis para alcançar melhores resultados. 










Deise Marise Abel

Gestão Adm Financeira na Max Mohr - Tecnologia em Argamassa e Concreto | W-CFO | FP&A| Contabil e Fiscal|Depto Pessoal | Tesouraria | OPEX | CAPEX | Projetos Financiameto de Inovação | Jurídico | Controles e Processos

2 a

Muito atual o artigo. Infelizmente ainda falta capacitação, conhecimento e o empresário muitas vezes são sabe valorizar seu próprio negócio e exercer seu poder no mercado e assim ter ofertas mais atrativas de capital.

Leonardo Calixto

Conselheiro Consultivo na YKP e Brasil Minas

3 a

O poder mudou de mãos!!! Muito bom

Felipe Avelar

Diretor de Investimentos | CVC | Banking as a Service

3 a

De quem é o poder de escolha nas operações de crédito?

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