Anos Dourados: Verdade ou Nostalgia?

Nasci no final dos anos 60, tendo passado a totalidade da minha infância e juventude em Ipanema, Rio de Janeiro. Melhor lugar não há! Assim como eu, a maioria das pessoas da minha geração acredita piamente que tivemos a oportunidade ímpar de viver parte das nossas vidas na melhor fase da história da humanidade. Inúmeros são os Instagram que repetidamente publicam vídeos saudosistas das brincadeiras, aventuras e perigos que passamos naquela época distante. Sem dúvida nenhuma, tempos fantásticos, tempos inesquecíveis.

Outro dia, batendo papo com meu filho, nascido em outubro de 2000, perguntei se ele trocaria a infância e adolescência dele pela minha. De forma direta e reta ele respondeu:

• "Nem a pau! A minha época é muito melhor!"

Surpreso com a resposta, pois sempre tinha achado que era inquestionável, começamos a debater e, ao fim, depois de explorar alguns diferentes ângulos de visão, chegamos a 5 macro pontos

• Na minha infância - anos 70, a maioria esmagadora das mães dos meus amigos, quando muito tinha terminado a escola. Hoje, 100% das mães dos amigos do meu filho têm ensino superior.
• No meu tempo de criança, existia um velho ditado popular que “em briga de marido e mulher, ninguém põe a colher". Confesso que até eu usei esse idiota ditado quando dos primeiros namoricos. Hoje, graças a Deus, violência contra a mulher é crime e dá cadeia.
• Passando para minha adolescência, me lembro com extrema saudades das idas, uma vez por mês, às lojas de música para comprar uma raridade e, na sequência, trancar em um quarto com os amigos e  ouvir repetidamente os não mais de 20 discos de rock que tínhamos. Ouvíamos tantas e tantas vezes que parecia que a agulha ia perfurar as bolachas. Sem dúvidas, momentos super legais, mágicos, quase que transcendentais, mas hoje em dia meu filho com apenas 19,90 por mês - muito menos que um disco vinil, têm a disposição todas as músicas do mundo para se divertir e passar o tempo com os amigos.
• Ainda nos tempos de adolescente, mas já na época das festinhas e baladas lembro do sacrifício que era arrumar uma carona. Se nenhum amigo tivesse pego o carro do pai emprestado - diga-se de passagem cometendo um crime pois a maioria era menor de idade, o final de semana se limitaria a ficar em casa, falando no telefone ou, no máximo, ir algum lugar a poucos metros de casa. Hoje, graças a invenção do Uber, os adolescentes podem ir e vir para qualquer lugar, com muito mais segurança que nos dourados anos 80.
• Por último, e como não podia faltar, lembro da minha fase de estudante. Caso eu quisesse aprender algo, meu universo se limitava às enciclopédias Barsa ou Larousse, aos censurados jornais da época ou aos enlatados livros escolares. Hoje em dia, graças a invenção da internet, basta um clique para que todas as informações do planeta estejam à inteira disposição.

Continuo achando que tive o privilégio de ter tido uma sensacional infância e juventude, não trocaria ela por nenhuma outra, mas se ela foi a melhor de todas, confesso que não sei.

E vocês, o que acham, verdade ou nostalgia?

Ah, para turma dos videogames, não venha me falar que o Atari…..