Aonde quero chegar?
E o que estou disposto a fazer para garantir isso?
Tudo o que fazemos, nós fazemos a partir de um porquê. Seja esta razão consciente ou não. Este conceito serve também para o que deixamos de fazer. E o nosso grau de consciência sobre os muitos porquês que se escondem por trás das nossas decisões e ações cotidianas estão diretamente ligadas às nossas chances de sucesso.
Apesar da absoluta liberdade de escolha que vivemos hoje, poucos de nós aprenderam a lidar com esta liberdade. Ao contrário, passamos a alimentar a angústia por trás do decidir. E consequentemente, buscamos razões para justificar abrirmos mão da decisão.
“Deixei de fazer o curso do meu sonho porque meu pai não deixou; não assumi a posição oferecida, pois meu marido não concordava; abri mão de uma grande promoção, pois não poderia obrigar minha esposa se mudar comigo; nunca tive o meu próprio negócio porque preciso sustentar minha família”. Recorrentemente escuto frases como estas e diversas variações em meus atendimentos. Pessoas, com grandes formações e experiências profissionais, que justificam seus resultados até então com base em motivos nada pessoais.
O que são estas justificativas? Qual o sentido destas percepções?
Todos nós carregamos um conjunto de crenças. Verdades que nos foram passadas na infância e outras que foram se construindo a partir das nossas próprias experiências, e permanecem em nossa mente servindo de lente na percepção do mundo onde nos inserimos. Estas verdades, que são inúmeras, se somam umas às outras, e nossos resultados finais estão diretamente ligados à intensidade das crenças a este resultado relacionadas.
Falando de forma mais simples, quando me inclino a realizar um objetivo, meu resultado estará diretamente relacionado ao quanto eu acredito que este objetivo possa se tornar realidade. Todas as verdades que carrego favoráveis a este feito potencializarão minhas chances, da mesma forma que as crenças contrárias servirão de entraves, criando chances de abandono e sabotagem.
Aqui se explicam os nossos “porquês” equivocados. Se, consciente ou inconscientemente, eu carrego crenças desfavoráveis ao meu objetivo, é muito provável que eu construa uma série de “porquês” que servirão de justificativa para eu não realizar aquilo que me propus. Quanto mais eu repetir estas explicações, mais eu cristalizarei estas verdades afastando minhas chances de realização.
Infelizmente, poucas são as pessoas abertas a questionar suas crenças e seus “porquês”. Seja pelo rompimento com sua zona de conforto, seja pelo impacto em suas relações.
Esta reflexão me remete à lenda da tartaruga surda...
Havia um grupo de tartarugas que toparam escalar a mais alta montanha de cidade. Todos os animais se reuniram para ver. A corrida começou, as tartarugas subiam cada vez mais, eram quase cinquenta competidoras e a montanha era muito alta.
Não demorou muito para os bichos começarem a gritar: “Não vão conseguir, a montanha é muito alta”; logo algumas tartarugas caíram de cansaço. Os gritos continuavam, e as tartarugas foram caindo uma a uma. Restavam menos participantes a cada momento, até que ficaram apenas três.
Os gritos continuavam, e algum animal disse: “A montanha é muito alta se caírem agora, morrerão, é melhor desistirem”; uma das três finalistas, que já estava quase no final da montanha imediatamente desistiu. Uma outra olhou para baixo e sentiu medo, mas decidiu continuar. A terceira simplesmente seguiu adiante. As vozes continuavam: “Não vão conseguir”; aquela que olhou para baixo e não quis desistir acabou caindo; por sorte, seu casco duro salvou-lhe a vida. Então restou apenas uma tartaruga.
As vozes não se cansavam. E ainda assim a tartaruga seguiu firme. Ela escalou a montanha, e ao chegar ao topo. As malditas vozes imediatamente se calaram dando espaço a intensos aplausos. A tartaruga desceu expressando toda a glória da conquista em sua face. Todos a olharam com grande admiração. E naquele momento, a vencedora fez um gesto, tocando seu ouvido, permitindo que os animais entendessem que ela era surda. E muitos ainda assim não se deram conta de que só por causa de sua surdez ela chegou ao cume da montanha.
Quem você tem sido durante a sua escalada? O quanto tem dado vida às vozes que escuta ao longo do caminho? Qual a consciência que tem dos seus “porquês”?
Suas respostas para estas reflexões determinam a distância que existe entre você e os seus objetivos.
Como diria Mario Sergio Cortella: “O impossível não é um fato, ele é só uma opinião!”.