Aprender, sempre.

O assunto não é montanhas ou medicina como imaginam. Não, lamento. Eu sei que todos adoram ouvir historias de montanhismo, bravura, perigos etc, mas o assunto de hoje é outro: APRENDIZADO.

Estamos aqui nesse mundo, de passagem, para isso: APRENDER. Nascemos burros e pelados e precisamos aprender rápido para sobreviver. A primeira coisa que precisamos aprender é a chorar de diversas maneiras diferentes. As mães entendem os vários tipos de choro. Tem um choro do cocô e tem um do mamá. As mães sabem diferencia-los enquanto nós pais só entendemos um o choro do chama a mamãe depressa.

Aprender demanda tempo, esforço, disciplina mas também necessita talento, sorte e um pouco de rebeldia.

Eu nasci em uma família de classe média, de imigrantes de italianos, trabalhadores incansáveis e mais corajosos que um guerreiro Viking. Nada me faltou durante a infância: estudei em boa escola, viajava para a praia nas férias, tinha boas roupas etc. A estrutura familiar de classe média dos anos setenta, num Brasil ainda sob a bandeira positivista do ORDEM E PROGRESSO dos militares, fazia todos pensarem que o Brasil seria uma potencia. Neste cenário tranquilo cresci.

Tenho que admitir que era péssimo aluno. Passava mais tempo olhando pela janela, procurando alguma coisa interessante na rua, ou olhando para o relógio da sala, vendo os ponteiros avançarem num ritmo agonizantemente lento, esperando o sinal para ir embora dali. Me surpreendo com a geração da minha filha, hoje com uns dez anos de idade, e como eles adooooooram ficar na escola. Ficam até deprimidos quando estão por entrar de férias. Inacreditável. Eu daria tudo para nao ter de ir à escola na minha época. Acho que isso acontece porque eles não tem mais como brincar na rua. Não é seguro em nosso país. O pátio da escola é a “nova rua”.

Trecho inicial do meu livro - O astronauta e as montanhas - Direitos reservados.