As armadilhas das carreiras tech – experiência de um químico

Isso aí, armadilhas. Deslumbres fantásticos e utópicos de uma carreira em alta. Se você sempre foi entusiasta da tecnologia, em algum momento pensou em fazer carreira nisso, seja em programação, desenvolvedor ou cientista de dados. Não vou negar que seja tentador, muito mais tentador, quando lemos ou ouvimos a progressão de carreira: DINHEIRO A RODO!

Recentemente comecei a participar de um evento chamado Imersão dev, da Alura. Pensei assim: “essa área tá em alta, eu gosto, estou aprendendo python para outras coisas, por que não tentar?”. Justo, não? Comecei. Ontem foi o segundo dia e já conclui o seguinte: não é a hora. Minha hora para uma possível transição de carreira não é agora e vou falar o porquê. E o mais incrível é que as próprias pessoas da Imersão dev que me ajudaram a deixar essa habilidade em dev ‘on hold’.

Acontece o seguinte: por mais que a situação atual do mestrando no Brasil esteja precária, eu escolhi essa etapa da minha vida. Estou ganhando bolsa CAPES para me dedicar à pesquisa e desistir disso envolveria a possibilidade grande de devolver todo o valor que recebi até agora. Como a carreira dev não começa ganhando rios de dinheiro logo de cara (não é o normal), não compensa eu desistir por essa oportunidade. Apenas esse fato para mim já categoriza a armadilha da carreira em tecnologia: não vai cair do céu seu salário de 9 mil dólares nos primeiros 6 meses. Claro que eu não imaginei exatamente U$ 9.000, mas uns 2,5 a 5 mil reais, certeza.

Dentro da armadilha: quando você se deslumbra pelo salário, mesmo que você goste da área, ainda tem a questão da transição de carreira. Eu estou numa área que eu gosto, só estou frustrado com a remuneração baixa e a falta de reconhecimento que os químicos e técnicos em química estão enfrentando no país. Isso seria suficiente para mudar de carreira? Com certeza. Mas é aí que entra o conselho que o Paulo Silveira, CEO da Alura, deu no começo da Imersão dev. O resumo é mais ou menos assim: no seu caminho na área dev (tech), se você já está engajado no aprendizado de uma linguagem, está legal e faz sentido para você, não atrapalhe isso para entrar aqui na imersão. É melhor para você aprender bem uma linguagem inicial e depois ir caminhando no seu ritmo do que ficar trocando toda hora de linguagem e abordagem, o que pode ser receita para se dar mal nesse ramo.

Vi um vídeo do Marco Bruno, que está fazendo lives para tirar dúvida dos desafios da imersão, onde ele falou que se você ficar pulando de galho em galho nas diversas linguagens de programação só porque aquela linguagem está em alta, você vai acabar não aprendendo nenhuma e isso destrói sua carreira. E é essa a armadilha da carreira em tech.

O resumo: se você pode, têm condições e QUER, mergulha em uma linguagem e vai construindo seu caminho a partir daí. Não caia na armadilha de seguir só o que tá em alta e seja coerente no seu objetivo. Assim, eu vou ser mais coerente no meu caminho e ir aprendendo tudo que eu puder sobre python e linguagens que façam sentido para minha profissão, sem ‘atirar para todo lado’ e não acertando nada. É isso.

Até o próximo artigo!