A arte é uma necessidade para a liderança
A arte abre a nossa cabeça para pensamentos, ideias e formas não lineares, foge do comum e nos transporta para outras realidades. Enquanto líderes e gestores precisam ser mais objetivos nas decisões, considerando a cobrança por resultados, a arte ajuda muito a abstrair, pensar diferente e encontrar soluções.
O simples fato de termos contato com traços, curvas, padrões, sons, cores, histórias criativas e fora do padrão nos leva a aceitar melhor o diferente, a abrir mais as fronteiras de nosso pensar.
“A arte existe para que a realidade não nos destrua”
A frase acima, atribuída a Friedrich Nietzsche, é um pequeno resumo do que estou tentando dizer. Enquanto no dia a dia, precisamos do real e palpável, a arte é um respiro, uma forma de acalmar e transformar a mente.
Muitas vezes, como líderes, temos de ser cartesianos e objetivos com os números, rigorosos com os recursos, ao mesmo tempo em que somos sonhadores e visionários com os projetos. E, no centro de tudo isso, precisamos conduzir o desenvolvimento de pessoas que depositam em nós muitas expectativas.
Na liderança, estamos sempre gerenciando mais de uma dimensão da administração. E acredito que, de certa maneira, essas habilidades necessárias para um líder passam por alguma relação com a arte.
Acho inspirador saber que um gênio como Leonardo da Vinci era pintor, escultor, arquiteto, anatomista, engenheiro, músico, matemático e várias outras profissões que integram uma lista de alguém certamente inquieto e curioso. Ele soube transitar por várias dimensões da ciência e da arte, ao mesmo tempo.
E isso acabou me lembrando o poema “Verbo Ser”, de Carlos Drummond de Andrade:
Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
Arte nos transporta
A verdade é que cada pessoa se identifica de alguma forma com a arte, até quem diz que não se interessa. A arte tem várias formas e expressões. Eu adoro a capacidade que escritores e poetas têm de nos emocionar ou de nos prender em um enredo que pode parecer tão real ou irreal ao mesmo tempo.
Adoro como os pintores, escultores e designers retratam a vida, como ela é ou como eles imaginam. E viajar nesse imaginário de cores, formas e luzes nos abre outras visões que normalmente não vemos com nossos olhos.
Já a música pode nos tranquilizar ou energizar, limpar nossos pensamentos e nos levar a outro lugar. Principalmente quando faço isso em família.
Arte e liderança
Existem vários artigos, como esse da HBR, que falam que liderar é uma arte e que líderes são artistas.
Apesar de pensar que, por vezes, podemos fazer uma comparação entre a inspiração de grandes executivos e as obras de um artista, eu prefiro acreditar que, mesmo tendo um pouco de arte, a liderança é uma ciência que podemos aprender, desenvolver, aperfeiçoar. Apesar de algum caráter subjetivo presente, a objetividade ainda é a maior parte da liderança.
Com isso, a arte é uma parte complementar, mas essencial, do que somos e exercemos como executivos, líderes e profissionais.
Cada indivíduo tem suas fontes de inspiração, de descarrego, de paz. Para mim, arte se traduz nessa paz e em inspiração. Gosto de escrever, de brincar com as palavras e como elas nos afetam, gosto de tocar música, de como isso nos traz união.
Não vejo a arte ligada diretamente à vida corporativa, mas vejo que as corporações são feitas de pessoas, e essas pessoas ganham mais perspectivas e possibilidades se têm o costume de transitar pelas artes, de alguma forma.
Gestão e Planejamento Estratégico, Marketing e Comunicação Corporativa
4 aPerfeito, sou inovadora em minha área de atuação graças à paixão que sempre tive pela Arte!
Cofundador
4 aMuito legal o texto.. parabéns!
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4 aProvocação genial e muito importante, Marcelo. Cada vez mais se espera dos profissionais a mente cartesiana que você menciona, mas muitas vezes se esquece que, para o lado criativo do ser humano florescer, é indispensável o contato com as várias formas de arte desde as mais tenras idades. É especialmente curioso pensar que muitas das competências mais valorizadas segundo muitos headhunters - como criatividade, inventividade, habilidade de se "pensar fora da caixa" - não estão diretamente relacionadas à racionalidade cartesiana e puramente matemática, e sim dependem muito de um grau de exposição e contato com as artes com alguma frequencia. Pensando por esse lado, as empresas não deveriam estar buscando incentivar mais, por meio de treinamentos e outras políticas, esse tipo de desenvolvimento para seus profissionais? Vejo isso como um importante caminho para o desenvolvimento de organizações mais dinâmicas e capazes de se reinventar!