A arte das decisões colegiadas
Dentre os diversos papéis, deveres e responsabilidades do conselho consultivo ou administrativo, de líderes e executivos, está o processo de tomada de decisão, ocupando grande parte da agenda de trabalho.
Neste artigo, abordaremos a tomada de decisão que ocorre num grupo de três ou mais pessoas, as decisões colegiadas, com vistas ao B-Level (board = conselho).
Todavia, este conteúdo pode ser aplicado para outros grupos decisores da estrutura corporativa.
De maneira sintética, cabe ao conselheiro compartilhar sua experiência e conhecimento especializado, contribuir com visão externa, orientação estratégica, networking e conexões. Além do aconselhamento em momentos críticos.
Vale ressaltar que, o papel do conselheiro consultivo na tomada de decisão é de sugerir opções que podem ou não ser aceitas pelos administradores ou CEO.
A brilhante conselheira Sara Velloso , enquanto facilitadora do Programa de Formação e Certificação de Conselheiros da Board Academy Br trouxe uma reflexão sobre os obstáculos que mais interferem no bom desempenho do conselho, são eles:
Ao longo da última década, participando de comitês de auditoria e risco, das reuniões mensais de conselho na posição de executiva de finanças, me deparei com todos os obstáculos acima. Contudo, o pensamento excessivamente crítico, a oposição demasiada ao que a empresa trazia e até precisava, foi na minha percepção o que mais interferiu.
No outro extremo, tem o posicionamento do conselheiro que concorda com tudo.
“Para tomar decisões mais eficazes, desenvolva a discordância em vez do consenso. O desacordo fornece alternativas e faz você pensar mais profundamente sobre o assunto. Na verdade, se você não tem discordância, você não está pronto para decisão.” (Peter Drucker)
Num contexto de colegiado, se todo mundo concorda muito facilmente, é provável que esteja faltando informação.
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A frase do Drucker não poderia ser mais coerente, a questão é que, nem sempre há o nível de maturidade, confiança, transparência e respeito necessários para que discordar seja o processo diverso e rico que pode ser!
A beleza da diversidade de experiências, conhecimento e pontos de vista é a complementariedade.
Novos insights podem potencializar inovação e novas alternativas.
A capacidade de decisão qualitativa de um colegiado, é maior do que a soma de seus integrantes, por mais incríveis que eles sejam.
O alinhamento da missão e visão, a inteligência emocional, humildade intelectual, capacidade de argumentação, disposição para aprender e a flexibilidade, bem como o código de ética, avaliação de riscos e a observância ao compliance são facilitadores do processo decisório, contribuem para que ele ocorra com eficiência.
Conclusão
O conselheiro tem que ter sensibilidade, entendimento da empresa e de sua história, é essencial que ele esteja preparado para não se envolver em picos de emoção, que saiba filtrar urgências, agindo sempre como mediador para conciliar interesses.
O cuidado com o ambiente de decisões colegiadas é fundamental para que este não seja, demasiadamente, influenciado por um membro com maior poder de persuasão e nem para que outros decidam sob influência, sem avaliar autonomamente suas decisões.
Neste contexto, é necessário equilibrar o poder, promovendo o bem comum e possibilitando concessões recíprocas.
As decisões colegiadas contribuem para a maturidade e fortalecimento da governança e potencializam a perenidade das empresas.
Eneile Guimarães parabéns pelos apontamentos tão bem destacados sobr o tema.